Capítulo XLIV

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                      (Danilo)

   — Pegou? —. Indago para um colega meu especializado em tecnologia, estávamos na frente de um computador, com todo o mapa da cidade.

   — Peguei! —. A ligação chamou por um instante, até que foi rejeitada. Senti um alívio, e ele aproximou o mapa, mostrando que Figueredo estava certo. Silva estava naquele lugar remoto com o meu Lucas.

   — Não resta dúvida, o que vocês acham? —. Figueredo pergunta. O sargento olha aquilo pensativo.

   — Se já sabemos o local não vejo nada que nos impeça de realizar a operação —.

   — Concordo —.

   — Você sabe que ele quer te matar, não sabe? —. Acho que Figueredo conhecia bem o Silva.

   — É o que ele mais quer, pode até me matar, mas o Lucas vou salvar —.

   — Você vai sobreviver soldado, vamos trabalhar para isso —. Sargento aperta meu ombro, tentando acalmar meus nervos.

   — Queria pedir uma coisa ao senhor —.

   — É sobre o Blanco? Se for nosso trato ainda está valendo —.

   — Eu quero mudar esse trato —  Agora eu tinha outro plano — Quero que o Blanco seja doado ao Lucas, ele deve decidir o que será feito com o meu amigo —.

   — Acho justo, isso é se você morrer, e se você sobreviver? O que quer? —.

   — Primeiro eu quero salvar o Lucas, depois decido —.

  Era óbvio que eu tinha uma prioridade, salvar o meu amor, mesmo sabendo que talvez ele nunca mais olhasse para minha cara. Acho que eu nasci apenas para sofrer, sem nunca ter um momento de paz, nem sequer poder amar.

   Meu celular toca, o pego apressado para ver se era o Lucas, ou o Silva. Era um número desconhecido, atendo muito ansioso e nervoso.

   — Lucas? —. Falo.

   — Não, aqui é o Rodolfo! —.

   — Rodolfo?! — Lembrei do que fiz, senti uma grande vergonha, aconteceu tanta coisa hoje.

   — Sim, olha só Danilo, o Lucas disse que viria para nossa casa, e até agora não apareceu, se você não me disser onde ele está, vou ligar para polícia! —. Ele devia estar achando que eu tinha feito algo com o Lucas. Não me ofendi, pois o que foi hoje foi vergonhoso.

  — Rodolfo, o Lucas foi sequestrado, estou agora traçando um plano para salvá-lo —.

  — Meu deus! Sério isso?! —.

  — Infelizmente é! Olha Rodolfo desculpa pelo o que fiz hoje, sei que a culpa foi toda minha... —. Ele me interrompe preocupado com Lucas.

  — Deixa disso! Quem sequestrou o Lucas? —.

  — Um inimigo meu —.

  — Meu deus, e eu não posso falar para Joana, ele acabou de dar a luz, e agora está descansando —. Rodolfo parecia desesperado, e eu estava ainda mais.

  — Meus parabéns, queria muito que tudo estivesse certo para a parabenizar pessoalmente —.

  — Danilo por favor salva o Lucas! Ele é uma pessoa tão especial, a Joana ama ele, eu também gosto dele. Salva ele Danilo! —. Ele me suplica.

  — Eu vou salvá-lo, pode deixar —.

   — Vou deixar vocês trabalhar, e vou tentar esconder isso da Joana —.

   — Tudo bem então, tenha uma boa noite —.

   Caminhei para fora do quartel, até onde Blanco estava, fiquei pensando no nascimento da Elisa, e em como Lucas queria presenciar esse momento. Pensei também na sua família que nem deveria saber, no meu coração havia a dúvida de contar ou não contar.

  — O que eu faço Blanco? Eu não consigo viver sem ele —. Falei fazendo carinho no meu amigo. Ele estava quietinho, não se mexia, ele sabia do meu estado emocional. Eu tentei, mas não consegui conter o choro, e as lágrimas caíram do meu rosto.

  — Isso é tudo culpa minha, eu o envolvi nesse mundo, eu o coloquei na mira daqueles marginais —. Eu o abracei, e ele permaneceu quietinho.

  Abri a seu estábulo, e o levei para um passeio pela noite, acho que era uma despedida de dois velhos amigos.

   — Acho que essa pode ser uma despedida amigão, mas você vai ficar bem, vai para um lugar melhor, com mais espaço, e vai ter filhos —. Blanco me olha profundamente, em seguida bate o casco no chão.

   — Eu queria que você soubesse falar —.

   Era tarde quando coloquei Blanco de volta em seu lugar, dei um último abraço nele. Em seguida me despedi, e fui para dentro do quartel. Entrei em um dos quartos que lá havia. E me pus a chorar, com medo que fizessem alguma coisa com o meu Lucas. Olhei as milhões de fotos que ele deixou no meu celular, era incrível como ele conseguia me fazer rir.

   — Eu te amo tanto meu príncipe —.

    Decidi não contar nada a mãe do Lucas, afinal iria preocupá-la demais, e ela aparentava já ter idade. Eu o salvaria e ele poderia abraçá-la pessoalmente.

   Eu não conseguia dormir, sempre lembrando dos nossos planos qu fazíamos depois de muitos atos de amor.

  “— Só mais dois anos e tudo estará certo, nós dois em uma casinha no campo, longe de todo mundo na serra —”. Nenhum de nós dois previu que tudo se transformaria em uma tormenta.

  — Será que algum dia ele vai me perdoar? —. Perguntei antes de cair em um rápido sono, que não durou muito, pois logo fui despertado pelo sargento avisando que estava tudo pronto.

  Fui preparar meu equipamento, peguei meu fuzil, meu colete a prova de balas, meu rádio. Hoje minhas leis não importavam mais, eu mataria qualquer um se fosse preciso, aqueles dois vão me pagar caro.

   — Vocês vão se arrepender de terem nascido —. Falei por alto.

   — Foi mal Danilo, mas você vai ter que deixar o Silva para mim —. Figueredo disse sorridente, e me dá um tapinha no ombro.

  — Obrigado por tudo Figueredo, nunca dei ouvidos a acusação sobre você —.

  — Me agradeça depois de enfiar aqueles desgraçados no inferno —.

  Olhei para trás, vi Blanco no estábulo, foi como se o tempo congelasse, apenas consegui sorrir. E pensar:

   — Adeus velho amigo —.

   Entrei no meu carro, eram vários, muitos homens armados até os dentes, até o sargento veio ajudar. O dia mal começava, e muito sangue seria derramado. Olhei para o carro ao lado, Figueredo estava lá, e colocou o punho fechado no peito, como sinal de respeito. O sargento ao ver aquilo fez a mesma coisa.

   — Eu vou te salvar meu amor, vou te salvar —.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.

NA SUA OPINIÃO, DANILO DEVERIA OU NÃO AVISAR A FAMÍLIA DE LUCAS?
 

  

 

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Fardado [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora