Capítulo XV

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(Lucas)

O barulho de Danilo me acorda, era manhã, eu ainda estava muito grogue de sono. Olhei para ele e vi que estava vestido com sua farda.

- Vai trabalhar? -. Pergunto me sentando, e tentando me manter acordado.

- Vou. Volta a dormir -. Ele falou vindo até mim me dando um beijo. Foi aí que reparei que estava pelado.

- Me dá uma carona para casa?!-. Sua casa era confortável, mas ainda eu preferia a minha. E não conseguiria ficar ali sozinho.

- Tudo bem, mas se veste antes -.

•••

(Danilo)

- É amanhã, espero que esteja pronto -. Meu chefe diz, me entregando o mapa, com a localização da casa do tal traficante.

Havia se passado alguns dias desde a minha ida a balada junto de Lucas. Durante esse tempo eu fiquei pensando sozinho, em como eu tinha conseguido uma pessoa legal, e em como eu poderia perdê-la.

- Estou -. Falei. Acho que eu estava gostando de Lucas de verdade. Blanco estava mesmo certo, nós deveríamos ficar juntos.

- Ótimo, ninguém vai saber o local da operação até que cheguemos nela. Então essa conversa não deve sair daqui novamente, me entendeu? -. Explicou.

- Sim senhor -. Me levantei, pronto para ir embora, mas ele me interrompe.

- Danilo, pensando no seu pedido, eu procurei alguns lugares onde Blanco poderia ficar, e achei um ótimo, queria que você desse uma olhada -.

Ele vira a tela de seu computador, e me mostra uma fazenda enorme, cheia de animais, parecia ser em uma região de serra, fria e com água em abundância.

- Ele vai adorar -. Falo sorrindo.

- Você fala como se soubesse que vai morrer -.

- É melhor estar preparado para tudo, não é? Assim não se tem decepções -. Eu sabia muito bem dos riscos de uma operação naquela cidade, geralmente muitas pessoas morriam, outras missões fracassavam. Então eu não estava sendo pessimista, e sim realista.

Fui na cocheira, para levar Blanco para uma cavalgada, mas não consegui pois ele estava agitado demais. Dava coices nas paredes e relinchava alto.

- Ei amigão calma -. Falei tentando tocá-lo, mas não consigo também.

- Tudo bem eu vou embora, só não reclame se eu não voltar -. Falei indo apressado para o chuveiro. Aquele lugar estava me dando nos nervos, tudo ali me estressava. Eu queria saber onde ficou minha coragem, pois depois que conheci Lucas ela parece ter sumido.

Eu havia ganhado uma folga até amanhã, então fui para casa, era de tarde, eu não estava sem vontade de ver Lucas. Talvez isso fosse me deixar mais inquieto do que eu já estava.

Deitei na minha cama, e fiquei olhando o teto. Aquela cama ainda tinha seu cheiro, doce e marcante. Que me deixava louco.

(Lucas)

Depois daquela festa Danilo estava tão estranho. Ele ficou mais calado do que já era, sua expressão remetia a preocupação com algo. Até seu beijo mudou, era mais vazio, parecia não possuir emoções.

Nós já estávamos juntos a mais de uma semana. Eu ainda esperava seu pedido de namoro, não queria pressioná-lo nem também cometer os mesmo erros que cometi com Jonas. Fui eu quem pediu aquele otário em namoro, só isso já me dá embrulho no estômago.

Depois da humilhação que Danilo o fez passar, ele nem me dirige mais o olhar. Finalmente na sala de aula estou em paz. Joana até estranhou aquilo. E quando eu expliquei ela quase teve um surto.

- Tá, antes disso eu até defendia ele, mas agora eu quero que ele se dane. Danilo tinha que ter dado era uma surra nele -. Essas foram suas palavras.

Eu me aproximei do Rodolfo, ele era um cara legal, e apaixonado, eu nunca tinha visto alguém gostar tanto da Joana, ele era atencioso demais até.

Felicidade era o sentimento que me resumia naquele momento. Não para menos, afinal eu tinha encontrado o homem dos meus sonhos. Eu queria tanto ele, ficar todos os dias ao seu lado. Essas coisas de otários apaixonados. Esse sentimento era enorme, nem quando Jonas me enganava eu senti nada assim.

Muitos dizem que os opostos se atraem, talvez essa fosse a explicação para a forte atração entre nós dois. Éramos diferentes demais, mas de uma forma boa. Nossas diferenças eram interessantes um para o outro.

- Danilo?! -. Falei ao telefone quando ele atende.

- Oi -. Respondeu seco como sempre era, sua voz grave me deixava excitado até pelo telefone.

- Está no trabalho?! -. No outro lado da linha eu ouvia um silêncio, com certeza ele estava em casa.

- Não, estou de folga -. Falou me deixando muito alegre.

- Eu estou sozinho como sempre, então não quer vir me fazer companhia? -. Pergunto com saudades dele.

- Estou um pouco cansado do trabalho -. Era a primeira vez que Danilo negava vir até mim. Mesmo sendo a primeira que eu implorava.

- Ah eu entendo -. Falo tristonho.

- Até -. Ele desliga o telefone, não estava muito para conversas.

Na minha cabeça uma confusão enorme surgiu. Minha cabeça imaginava coisas bizarras.

"- Ele só pode ter encontrado outro, como eu sou trouxa, acreditar em um enrustido de 32 anos -". Pensei. Eu sentia raiva, desespero, tristeza, e acima de tudo decepção com o Danilo.

(Danilo)

Ver Lucas era tudo o que eu mais queria, mas naquela situação eu não conseguiria. Eu senti que Blanco quis me alertar sobre algo, ele tinha sempre esse costume. Era como se possuísse o dom de prever coisas ruins.

Lucas não era burro, e com certeza compreenderia. Então eu não queria o envolver nisso.

- Calma meu bebê, se eu votar disso tudo, prometo que vamos ficar juntos -. Falei passando o dedo em uma fotografia sua, que eu tinha bem guardada no meu celular.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.

Fardado [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora