Capítulo XIII

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                      (Lucas)

   Era manhã de sábado, eu estava em casa me organizando do turbilhão que era minha vida. Danilo havia ido embora cedo, mas dessa vez aceitou tomar café comigo.

   No fim combinamos de nos encontrarmos mais tarde. Eu iria levá-lo a balada que Joana e eu costumamos ir. Tomara que o nojento do Jonas não vá. Ele também ia de vez em quando, acho que para me atazanar.

   Danilo era mais um imprevisto em minha vida. Nunca fui desses de esperar o amor verdadeiro. Com Jonas também foi um imprevisto, que deu bastante errado. Mas Danilo era diferente, foi o primeiro imprevisto que valeu a pena.

   Quando ainda estava na escola. Eu tinha uma lista de objetivos simples. Fazer o vestibular; Entrar na universidade; Me sustentar com o dinheiro das vendas dos meus livro; E ser rico e independente.

  E foi incrível como cada coisa dessa listas deu errado de alguma forma. Pelo menos os dois últimos itens.

   Minha esperança era alguma editora me descobri, e me oferecer milhões. Mas isso bem improvável.

                    (Danilo)

   Minha casa passava tanto tempo fechada que tinha cheiro de velhice. Quando cheguei observei bem a bagunça.

  Eu me preocupava tanto com trabalho, que nem lembrava que eu tinha uma vida. Meu apartamento era confortável, nem grande, nem pequeno. Eu tinha tudo o que precisava dentro de casa. Todos os meses eu guardava o restante do meu salário, criando uma poupança. Na verdade nem era intencional, mas como o salário era bem maior que as contas, no final do mês sobrava. E já era uma grande quantia.

   Lembrei de Lucas. Nossa segunda noite ontem foi mágica. Lembrei também da minha operação contra o traficante, havia uma grande possibilidade de eu morrer. Foi então que pela primeira vez na minha vida, senti medo da morte. Talvez pela boa fase da minha vida naquele momento.

   E se eu morresse? Ele quem sentirá falta além de Blanco? Lucas talvez? Não, Lucas me conheceu a pouco tempo. Talvez eu fosse apenas mais um que o levou para cama.

                         •••

    Eu havia acabado de sair do banho, fui até meu quarto pegar a toalha. Essa era uma das vantagens de se morar sozinho, poder andar pelado quando eu quisesse.

   Abri meu armário, e procurei alguma roupa para a tal balada. Já estava quase na hora de buscá-lo. Eu estava bem animado por isso, era meio uma ruptura com meu modo monótono de vida.

   — Eu tenho de comprar mais roupas —. Falei ao ver aquelas coisas velhas a minha frente. Todas elas pareciam iguais, exceto por uma camisa polo azul, lembro bem dela, nunca a usei pois não tive oportunidade.

   Me vesti, fiquei em frente ao espelho terminando de me arruma.

                   (Lucas)

   Escolhi uma de minhas roupas cotidianas, coloridas e o mais “gay” possível. Eu me preocupava se ele viria ou não. Talvez pensasse em desistir na última hora.

   Eu me achei bonitinho, não no nível do Danilo, mas arrumadinho.

   De repente alguém bate a porta. Como um raio eu vou atender, e quando abro me deparo com Danilo com as mãos nos bolsos.

   — Você está incrível —. Me falou. Sua voz grave e sedutora era irresistível. Tinha o poder de me enganar até sobre eu mesmo.

  — Obrigado. Você é que está —. Falei me apoiando em vão na porta, e eu quase caio.

  — Vamos?! —. Ele simplesmente estava perfeito, usando uma camisa polo azul, que deixavam seus lindos músculos aparentes.
Vestido daquele jeito eu teria de o vigiar toda noite. Naquela balada o que não faltam são biscates. Sejam elas do sexo feminino ou masculino.

  — Vamos —. Fechei a porta, a tranquei e fui caminhando na frente.

   Do nada ele me dá uma palmada na bunda, que me assusta.

   — Qual foi? —.

   — Nada —. Falou com um sorriso maquiavélico.

    Chegando ao térreo cumprimentamos o porteiro. Desta vez ele estava acordado, ainda. Danilo pegou dois capacetes e me deu um.

   Ele subiu na sua moto, ela era enorme, alta, e bonita. Logo em seguida eu subi também, me segurei no seu abdômen. Danilo exalava um perfume tão forte e bom, lembrava aqueles aromas do oriente.

   — Se segura —. Ele disse ao ligar a moto e disparar pela cidade.

                        •••

   Chegamos na balada, Danilo foi estacionar, e enquanto isso fui tentar entrar. Graças a Joana, éramos Vips, sei lá o quê aquela ordinária fez, mas valeu muito a pena.

   Danilo chega ao meu lado, e então entramos. Já havia muita gente. O som estava bastante alto, as luzes eram fortes.

  O pessoal da festa de repente começou a olhar para o Danilo, a maioria deles ficaram de queixo caído. Mas também, quem manda eles serem feios.

   — Impressão minha oi esse povo tá me encarando —. Danilo fala ao meu ouvido.

   — Impressão sua —. Não quis dar corda, vai que ele encontra alguém mais interessante que eu.

   — Tá com sede? —. Ele pergunta, parado na pista de dança, eu já mexia meu esqueleto, tentando fazê-lo dançar.

   — Um pouco —.

   — Vou comprar alguma coisa, quer ir comigo? —.

   — Não, não, ali tem um cara que eu prefiro evitar —. Falei ao lembrar do barman otário daquela noite.

   — Tudo bem então, vai querer o quê? —. Danilo estava sendo muito fofo, preocupado, e acima de tudo dedicado.

   — Uma margarita —. Falei parando minha dança, e ficando de braços cruzados.

  Danilo se foi, o bar ao que parecia estava bastante movimentado. Acho que ele iria demorar.

   Quando olho para trás, quase vômito com o que eu vejo, era Jonas chegando. Virei meu rosto rapidamente na esperança que ele não me visse.

   Por que aquele idiota tinha de vir, justamente na mesma noite que nós. Era muito azar que eu tinha. Pode parecer que eu exagero às vezes com ele, mas com certeza se vocês o ouvissem falar concordariam comigo.

   — Lucas — Ele fingindo surpresa ao me ver, aquele sorriso horrível me olhava — Está sozinho? —.

   Olhei para trás, e vi que Danilo ainda estava na fila. Voltei para Jonas, ele ainda estava ali, infelizmente.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.

  

 

  

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