Capítulo IV

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(Danilo)

Meu alarme toca, sinalizando que era hora de acordar. Me levanto repentinamente, mas quando abro os olhos estranho o que vejo. Eu não estava em casa, e sim em um apartamento, na casa do garoto de cabelos coloridos que, que também despertou ao som do alarme.

— Desculpa por te acordar tão cedo. — Desculpei-me, vendo ele coçando os olhos, e bocejando.

— Relaxa, eu sempre quis acordar cedo mesmo. — Ele diz, colocando a mão debaixo do queixo.

— Você dormiu no chão?! — Indaguei, percebendo que havia feito ele sair da sua dormida.

— Dormi, é que você apagou no meu sofá, e eu não quis te acordar, mas não se preocupe eu dormi bem. — Ele falou, e eu me senti culpado por aquilo.

— Ah, você deveria ter me acordado, não é justo você dormir no chão por minha causa —. Digo bocejando.

Me levanto, pego meu cinto e meu equipamento, e coloco tudo no lugar.

— Espera aí vou preparar alguma coisa para tomar café. — Ele diz se levantando. Ele trajava uma camisa branca bem grande, e um short azul.

— Não precisa, eu tomo café em casa, aliás eu preciso ir, me desculpa pelo incomodo. — Digo, e saio pela porta, ele fica parado me olhando.

Desço aquelas escadas em alta velocidade, eu tinha que devolver o carro no batalhão. E tinha de ir para casa, aproveitar minha manhã de folga. Aquilo lá em cima foi tudo tão embaraçoso. Eu dormi tão tranquilamente, e vê-lo ao acordar me trouxe uma sensação estranha.

— Algum problema senhor policial? — O porteiro fala espantado ao me ver.

   — Não, exceto o seu cochilo noturno. — Respondo rispidamente, ele abre o portão para mim e eu entro no carro, e como foguete vou ao batalhão.

Eu fui muito irresponsável ao aceitar seu pedido. Eu deveria ter feito logo o que eu deveria fazer.

— Major, aconteceu alguma coisa? — Perguntou meu chefe.

— Um pequeno imprevisto —.

— Que não se repita. —

Eu fui até o banheiro, tirei minha farda, tomei meu banho. Depois vesti minha roupas normais, peguei minha mochila, e fui embora para casa na minha moto.

Chegando lá, cai em cima da minha cama, e pensei em tudo que tinha acontecido. No fundo eu ainda estava um pouco cansado. Esse é o preço em ser policial, correr risco de vida, e não ter uma vida saudável.

Meu apartamento era espaçoso só para mim, tinha dois quartos, mas eu obviamente usava apenas um. Me lembrei do apartamento do Lucas, e em como ele era apertado e precário.

— É melhor dormir que a tarde tem serviço. — Me virei para o lado, e apaguei.


(Lucas)


Meu sofá ainda exalava seu perfume forte, daqueles que os machões usam para atrair fêmeas. E eu acho que me capturou. Eu era uma vergonha pra mim mesmo, ultrapassei minha própria regra, de não se envolver com caras que aparentemente são héteros.

Foi aquela farda, naquela montanha de músculos, que me deixou sem razão. Eu era mesmo uma vagabunda, que não conseguia ver um par de braços grandes que já ficava todo feliz.

Aquilo sim é um homem, o Jonas perto dele parecia um frango magrelo.

Sentei um pouco, fiquei pensando nele, e rindo ao lembrar daquela sua barba magnífica, e daqueles seus olhos azuis. E sem falar na sua voz grave, que me deixava arrepiado.

— Vai comer alguma coisa, e para de pensar em besteira. — Conversei comigo mesmo, caindo na real.

Depois do meu café, fui colocar os trabalhos da faculdade em dia, era muita coisa, e como eu era preguiçoso deixava acumular.

Quando terminei, fui dar uma revisada no andamento do meu livro. Era sobre os efeitos nocivos de apaixonar-se.

Durante todo meu dia pensei nele, era inevitável. Eu sabia que como a cidade era gigantesca, era muito improvável que nós nos víssemos novamente. Mesmo assim fiquei relembrando cada detalhe de seu rosto bem desenhado.

•••

Oi Lu! Nem sabe o que aconteceu ontem. —Joana atende ao telefone, com uma voz aparentemente feliz.

— Lá vem você fazer mistério, tenho certeza que o cara era broxa, ou então tinha um espeto, se é que você me entende. —

— Larga de ser venenoso sua cobra. Eu te conto tudo naquela lanchonete na frente da universidade. — Ela diz e desliga o telefone. Pelo menos ela parece ter tido mais sorte que eu.

Fui para o chuveiro, que a propósito não funcionava direito, jorrando água fria.

Depois do banho, fui me vestir, peguei uma camisa azul, e uma calça preta. Passei perfume, um pouco acima da quantidade, pensando na remota possibilidade de ver o policial bonitão mais uma vez.

Depois disso desci as escadas, e fui abordado pelo porteiro.

— Seu Lucas, foi o senhor que chamou o policial ao prédio? —

— Na verdade eu convidei ele, você estava dormindo e não viu —

Sigo meu caminho, pego um ônibus, e vou até a universidade. Olho ao redor, e vejo Joana sentada em uma mesa, bebendo alguma coisa.

— Está bem, o que aconteceu de tão incrível?! — Perguntei ao me sentar.

— Você não vai acreditar. — Ela como sempre fazendo suspense.

— Estou esperando. — Digo impaciente.

— Ele me chamou para o apartamento dele depois da festa. E Lu, era enorme, quase umas dez vezes maior que o seu. —

— Espera um pouco, você está afim dele ou do apartamento? Me fala sobre ele sua vagabunda — Digo, olhando o cardápio

— Ah, sabe aquele mito de que caras musculosos não são tão grandes lá em baixo? —

— Ô se sei, falei de maneira sacana. —

— Ele... — Ela com as mão mostrou o tamanho do membro do rapaz.

— Tudo isso? — Falei surpreso, quase sangrando pelo nariz. Ela concorda com a cabeça, e vejo um sorriso sem vergonha no rosto dela.

— Por isso você está tão feliz não é? Sua sem vergonha. —

— Não só por isso, ele foi um fofo comigo, sem falar que beija bem. —

— Ele não tem nome? —

— Rodolfo, mas tira o olho dele sua vagabunda —. Ela responde.

— Perdeu. Qual é o defeito dele? — Pergunto, pois eu conhecia homem como ninguém.

— Ele é burro, bem burrinho. — Ela fala.

— Pelo menos deve ser fiel, ao contrário de alguns. — Ironizei ao lembrar dos galhos que o Jonas colocou em minha cabeça.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.



Fardado [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora