(Danilo)
Era dia de mudança, várias caixas guardavam as poucas coisas do Lucas, ele ficava olhando para cada parede como se quisesse se despedir.
— Lucas é só um apartamento —. Falei um pouco irritado, sei que ele é um pouco apegado às pequenas coisas, mas às vezes isso irrita.
— Eu sei Danilo —. Ele falou colocando alguma coisa na caixa.
Acho que fui um pouco rude, então caminho até onde ele está, e lhe dou um abraço.— Desculpa —. Beijo sua cabeça, e ficamos assim por alguns segundos.
— Tudo bem —. Ele falou. Estávamos apenas guardando as coisas pequenas. Segundo Lucas eles quebrariam tudo, e não teriam o mínimo de atenção e cuidado.
Depois de uma longa conversa com os pais de Lucas, consegui os convencer que morar comigo era a melhor opção. Falei da minha situação financeira, da minha casa, e de segurança também. Mas eles disseram que continuariam a mandar a quantia que mandavam a Lucas, para ele não ficar 100% dependente a mim. Falei mil vezes que não precisava, mas eles eram tão teimosos quanto eu.
— São muitos livros —. Falei passando a fita em uma caixa.
Eu achava legal o seu prazer por livros, além da sua habilidade em escrever. Algumas vezes ele leu alguns poemas para mim. Eram confusos, mas belos na mesma proporção.— São —. Quando acabamos, descemos e fomos para casa, Lucas devolveu a chave ao porteiro. No trajeto de volta, observei sua expressão pelo retrovisor, e vi que estava um pouco abatido. Era um sábado, ambos estávamos de folga, então achei legal sair com ele.
— Amor o que acha de irmos a aquela festa?! —.
— Pode ser —.
(Lucas)
Hoje aprendi mais uma coisa, se quisesse mandar no Danilo, só bastava fazer uma carinha triste, e ele ficaria totalmente submisso.
Mas eu estava um pouquinho triste mesmo. Era difícil mudar para mim, mesmo para melhor. Eu amava muito o meu policial, mas amava a mim mesmo também.
•••
— Comprei algumas coisas, está com fome? —. Danilo pergunta entrando em casa, ele tinha saído enquanto eu arrumava meus livros na sua estante. Eu já estava quase terminando.
— Quando acabar eu vou —. Digo. Ei tinha uma mania de ser um pouco perfeccionista. Gostava de tudo organizado, em ordem.
Quando cheguei na cozinha Danilo me esperava sentado a mesa. Lavei minhas mãos, e né sentei a sua frente.
— O quê você trouxe? —.
— Bolo de chocolate, quer? —. Eu amava todo tipo de bolo, na verdade não sei qual era o milagre de eu ainda ser magro.
— Uhum —.
— Só se disser que me ama, e que sentiu saudades —. Acho que isso foi uma vingança do dia em que ele estava acamado.— Eu te amo, e senti saudades —. Falei. Eu não tinha problema em demonstrar meus sentimentos. Ainda mais se valesse um bolo de chocolate.
Danilo abre o pote de bolo, e com uma colher de sobremesa tira um pedaço.
— Olha o aviãozinho —. Ele falou, e eu abri minha boca. Aquele simplesmente foi o melhor bolo que eu já comi na minha vida inteira. Minha bochecha ficou suja com chocolate, Danilo com sua mão limpa, e depois lambe, de uma maneira bem sensual.
— Você é tão perfeito —. Ele falou e se inclinou para frente para me beijar. Fiz o mesmo e tocamos os lábios. O chocolate deixava tudo ainda melhor.
— Nem parece aquele policial bruto, que quase me bateu para entrar no carro —.
— Deixa de exagero, que eu fui até paciente com você —.
— Paciente? Falando daquele jeito meu amor? —. Rio bem alto debochando dele.
— Eu falei normal —.
— Você parecia um urso de grande, sem falar que foi muito grosso —.— Talvez eu tenha sido —.
— Que pergunta foi aquela, de meu cabelo era de verdade? —. Eu amava relembrar o passado, claro que quando era aprazível relembrar.
— E você que perguntou se eu era policial —. Ele gargalhou também alto.
— É eu confesso, eu estava um pouquinho nervoso ao seu lado —.
— E eu confesso, que agradeço todo dia ter pego aquele caminho, e ter te visto naquela rua —. Danilo fala segurando minha mão, e fazendo carinho.
— Sabe que minha noite não deu nada certo naquela noite, e eu senti uma vontade enorme de voltar para casa —. Expliquei apenas exemplificando as milhares coincidências que nos cercavam.
•••
Na garupa do meu amor, era mesma coisa de estar voando. Eu me sentia livre e feliz. Estávamos rumo a festa, dessa vez só voltaríamos tarde, e sem briga seja lá com quem fosse.Na entrada percebo um trocar de olhares entre Danilo e outro homem.
— Quem é? —. Meu lado ciumento acorda.
— É um colega do meu trabalho, O Silva, parece que ele gosta de uma outra coisa da qual finge —.
No salão, dessa vez dançamos feito loucos, primeiro eu tive de fazer uma dança para ver se Danilo me acompanhava, até que enfim ele começou a dançar também. De uma maneira mais lenta, e até um pouco deselegante.
Teve um momento na festa, durante as melhores músicas, que Danilo e eu não paramos de nós beijar. Até que começa a tocar uma das músicas que mais mexe comigo.
Mystery of love
Oh, to see without my eyes
The first time that you kissed me
Boundless by the time I cried
I built your walls around me
White noise, what an awful sound
Fumbling by Rogue River
Feel my feet above the ground
Hand of God, deliver me
Oh, oh woe-oh-woah is me
The first time that you touched me
Oh, will wonders ever cease?
Blessed be the mystery of love
Lord, I no longer believe
Drowned in living waters
Cursed by the love that I received
From my brother's daughter
Like Hephaestion, who died
Alexander's lover
Now my riverbed has dried
Shall I find no other?
Oh, oh woe-oh-woah is me
I'm running like a plover
Now I'm prone to misery
The birthmark on your shoulder reminds me
How much sorrow can I take?…Do nada eu comecei a chorar, só eu sabia o quanto aquela canção mexia com minha alma. Passei tantas noites sozinhos esperando meu príncipe, enquanto a ouvia. E agora eu tinha meu príncipe, perfeito, que inclusive tinha seu cavalo encantado.
— Estou aqui —. Danilo fala percebendo a situação.
CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.
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Fardado [+18]
RomanceA história de amor entre um policial bruto e um fofo estudante de literatura