Capitulo 25

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Samuel narrando.

Depois que fui morar com meus tios, e comecei a presenciar várias brigas entre eles, acabei perdendo a percepção do que é ter um lar de verdade, quando meu tio chegava bêbado e minha Tia o acusava de traição, ele simplesmente se trancava no escritório e ficava por horas  trancafiado, quando algo o chateava ou ele descontava sua raiva em mim e no Dylan, ou simplesmente dava o famoso tratamento do silêncio, como Daiana não era a filha dele, ele apenas negava sua existência, mas descontava suas frustações em nós dois. Por isso, tudo que sou hoje, eu aprendi com ele, posso sim ter pegado seus costumes, exatamente os costumes dos quais não me orgulhava nem um pouco. Pelo bem ou pelo mal, meu pai sempre esteve do lado da minha mãe, mesmo não concordando,  respeitava suas decisões, mas eu não tive esse privilegio, ao contrário do Alex, que foi criado em um lar cheio de carinho e amor.

E foi por esse motivo que me tornei fotográfo, eu queria registrar esses belos momentos, mesmo que fosse como um mero expectador da felicidade alheia, queria ter um pouquinho dessa sensação incrivél que é ter uma família. Com o tempo e as decepçoês aumentando, decidi fazer da minha família a natureza, e acabei fazendo dela um lugar para morar. É onde eu sempre me refúgio, como se fizesse parte de mim, e quando estou em contato com ela, me sinto mais vivo e próximo de Deus, como se minha mente limitada reconhecesse seu criador. E é nesses momentos que percebo que não sou nada, embora Deus parece distante de mim ultimamente, ou talvez seja eu que não tenha mais dado ouvidos á sua voz. Eu sei que era errado, mas eu sempre procurava fazer o que era certo. Então, porquê tudo de errado acontecia comigo?

Mas, de alguma forma essa mesma sensação familiar que a natureza me causava, acontecia também quando estou com a Marina, e quando fico longe é como se faltasse uma parte de mim. Eu nunca acreditei que eu pertencesse há um lugar, mas eu pertenço a ela, e isso ninguém poderá mudar. Não importa quão longe eu vá, eu sei para onde quero voltar. Para onde devo retornar, para meu Docê Lar.

Enquanto eu tentava recupera-la, também me dedicava em resolver as questões aqui, combinei com a Fernanda para irmos para casa dos meus falsos país, não sei porque sempre tive a sensação que eles sabiam bem mais do que aparentava, e minhas suspeitas foram confirmadas ao chegar no local.

__Te certeza senhor? – passei a mão sobre o cabelo pela terceira vez. __Eles não deixaram absolutamente nada em nome de Gregório? Nenhum recado ou número de telefone? – questionei intrigado.

__Não senhor, eles só deixaram a propriedade e se mandaram. – Afirmou com veemência e olhei para a Fernanda.

__Você está vendo isso? Me diga agora se estou ficando louco, ou o próprio mandante do crime os obrigou a saírem daqui, antes que eu pudesse arrancar algo desses dois.

__Pode ser que tenha razão Samuel, o que você pretende fazer agora? -apoiou a mão sobre meu ombro.

__Não pode ser Fernanda! Eu tenho razão, a pessoa responsável pelo acidente, sabe que eu vim aqui para isso. E se sabe é porque está muito perto de mim. Talvez bem debaixo do meu nariz. – Se afastou.

__ De qualquer forma, não á nada que possa fazer agora, é melhor sairmos daqui, pode ser perigoso. – Olhou para os lados aflita e acenei concordando.

Entramos no carro para retornarmos ao hotel, enquanto dirigia-me alguns instantes rumo ao nosso destino, começei a perceber a mudança brusca no comportamento da Fernanda, ela parecia estar constatemente inquieta, tensa e com seus pensamentos longe, e algumas ideias começaram a perfurar minha mente.

A noite finalmente chegou, e fui com a Fernanda para o tal evento, como ela era nutricionista não ficou difícil me colocar lá dentro como seu acompanhante, contudo, permanecer naquele local vendo a Marina com aquele cara, foi praticamente uma tortura.

Amor Além Dos SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora