capitulo 31

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Samuel.

Acordei logo cedo, me sentei no sofá, com os joelhos dobrados e o caderno da Marina no meu colo, fazia mais de meia hora que segurava o objeto entre as mãos. Aqui estava basicamente tudo sobre ela, seus pensamentos, sentimentos, a forma como se sentiu quando pensou que eu estava morto. E por mais que tivesse pensado um bilhão de vezes em ceder a tentação, e bisbilhota-lo, eu sabia que não precisava de nada daquilo. Por que tudo que precisava saber sobre a Marina, ou tudo que era necessário para considerar que ela era a mulher da minha vida, estava escancarado na minha frente, sem filtros, sem mascaras, como também eu já sabia que a havia conquistado, que ela me amava, embora cheguei a duvidar desse amor, mas não por ela, o negócio era que ainda era difícil acreditar que uma mulher tão única e especial, teria se apaixonado por um cara tão bruto e sem modos como eu. Deixei o caderno de lado e me levantei com a intenção de esquecer que fui rejeitado mais uma vez, eu não sabia seus reais motivos, porém, eu iria descobri-los.

Enquanto coava o café em cima da pia de mármore, me recordava dos pequenos resquícios de memória sobre o dia daquele acidente, apenas do piloto muito atormentado, tentado salvar a minha vida a todo custo, me entregando o colete e dizendo que pularia atrás de mim, o que de fato não aconteceu, foi ai que deduzi que talvez o piloto automático tenha mudado de rota, e o piloto não teve tempo o suficiente de se salvar.

__Bom dia! tenho novidades! - Erica entrou sorridente me obrigando a virar em sua direção.

__Espero que boas, já sei! me conte enquanto tomamos um café fresquinho. Pode pegar duas xicaras no armário para mim. - Gesticulei, retomando meu trabalho.

__Claro, vamos aproveitar que Dylan está brincando com as crianças. - comentou dando uma rápida olhada na minha direção, e me obrigando a espia-la. Erica estava segurando nas suas mãos algumas caixinhas de remédios que Marina havia deixado no armário, eu não sabia se ela tinha parado de toma-los. Eu desejava fortemente que sim, eu sabia que esses remédios poderiam torna-la dependente.

__Algum problema? - me aproximei dela com cuidado, ao notar que estava demorando tempo demais encarando os comprimidos, o que me deixou preocupado. - Ela se sobressaltou com minha aproximação repentina.

__Eu sinto muito pela Marina ter entrado em depressão __ Ela é sempre cheia de vida, carismática, sorridente, Dylan a ajudou muito, eu vi o estado que ela estava - soltei um suspiro pesado, e meu peito apertou angustiado. Era difícil falar sobre a depressão da Marina, porque não consigo imaginar a dor imensa que causei nela, eu nem se quer estaria perto dela, se tivesse visto o que ela passou. E isso me atormenta todos os dias.

__ Sabe de uma coisa Erica? eu não me canso de me culpar um só dia por ter entrado naquele avião e a deixado. - Ela estava pressentindo o que ia acontecer, e eu deveria tê-la escutado. Se eu tivesse feito isso, talvez seu Marido ainda estaria vivo.

__É.. talvez. - Desviou os olhos relutante. __ Eu queria ter sua coragem Samuel, mesmo sabendo que corre risco de se machucar, prefere encarar a verdade, eu não sou assim, eu não sei se estou pronta para saber o que aconteceu naquele dia, eu não posso, me desculpa. - Negou a cabeça apavorada e as lagrimas começaram a escorrer pela sua face.

__ Ei, não fica assim. - a envolvi nos braços.

__ Podemos estar mais perto da verdade do que imagina. - Ela fungou contra meu peito e a encarei surpreso.

Erica trouxe consigo a notícia que poderia finalmente acabar com todos meus tormentos, o mecânico responsável pela sabotagem, havia aparecido, e o melhor queria falar conosco a sós, Erica o informou que estávamos na fazenda entre a fronteira de brasil e Portugal e ele ficou de nos encontrar. Passou o endereço, que se chamava bairro da Jamaica, eu conhecia bem porque era, um lugar pobre, onde abrigava pessoas que não tinha condições de comprarem uma casa. Ele levaria algumas horas para chegar aqui, então usei esse meio tempo para me preparar, o que não deu muito certo devido as circunstancias.

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