A frieza que te cerca - Parte I e II

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1974:

Roxanne observou o colega encarar a lápide atordoadamente. Sabia o que passava na cabeça dele, e sabia bem como seus sentimentos e pensamentos estavam colidindo confusamente e o derrubando por dentro.

Greengrass se encontrava cada vez mais atrás dos demais bruxos de preto, e Roxanne percebeu que não só eles estavam se aproximando, o garoto estava recuando lentamente, e logo que ele olhou em volta, arrumou um refúgio e correu, afundando as botas nas poças e continuando a correr.

A pequena bruxa olhou em volta, para todos os bruxos com as cabeças curvadas diante do túmulo de Astoria Greengrass e os outros com olhares frios.

Ah, Roxanne sabia bem o que tinha acontecido com a mulher, e sentia o ódio fervendo em seu sangue.

Odiava aquela falsidade, toda hipocrisia e o veneno que era muito das lágrimas. Toda discrição e toda a frieza para aquela mentira.

Aquilo simplesmente a enojava, e Roxanne odiava aquela insensibilidade, mesmo que ela mesma não sentisse dor pela perda de uma mulher que não conhecia.

— Uma grande perda, não é? – Um homem velho de feições duras perguntou ao lado da garota, e ela o olhou. – Principalmente para o marido e os dois filhos.

Ah, ele não conseguia nem fingir.

Roxanne torceu o nariz.

— E ela não era uma traidora de sangue, por acaso?

O homem riu.

— Precisa de mais sutileza, criança. – Ele respondeu, dando um tapinha no ombro dela e avançando para o grupo em volta do túmulo.

— Como se o senhor tivesse – Roxanne resmungou, seguindo o caminho que Dylan tomara.

Aquela morte era ridícula, mesmo que Roxanne soubesse que a burrice tinha partido de Astoria.

Seu colega estava aos pés de uma estátua, encostado contra o pedestal com os joelhos unidos ao peito, abraçando a si mesmo.

Roxanne o olhou com a expressão vazia de sempre, e ao erguer o rosto para ela Dylan não a esperava. Ele franziu um pouco as sobrancelhas e piscou, Roxanne não sabia se pela fina garoa ou pelas lágrimas, mas não teve tempo de interpretar, pois logo ele voltou a colocar o queixo sobre os joelho e encarar o chão gramado há poucos centímetros.

— Quando acabar, eles disseram que vão fazer um jantar entre amigos em sua casa – Ela avisou, e o viu conter um soluço violento e assentir. – Você pode dormir na minha, se quiser. Só estaremos Eva e eu, além dos criados.

Greengrass arregalou um pouco os olhos para ela, balbuciando um pouco.

— Q-quero – Respondeu então, e ela assentiu seriamente, depois se virou para ir embora. – Espera...

Roxanne o fez e se voltou para ele novamente, cruzando os braços e arqueando as sobrancelhas inquisidora.

— Fale.

— Fica aqui comigo? – Pediu, e ela fez uma leve careta. Ele sentiu o nó se formar na garganta outra vez. – Eu...

Ela comprimiu os lábios. Ele estava com cara de quem ia chorar, e por mais que Roxanne soubesse que às vezes as pessoas precisavam de apoio, por ela nunca a veriam desabar.

Mas sentou ao lado dele mesmo assim, com um peso enorme no peito. Resistiu à tentação de se encolher como ele e imergir no próprio amargor; apenas ficou estática ali, e Dylan voltou ao seu silêncio.

E logo depois externou sua dor, com uma Roxanne desconfortável virando o rosto para o lado e abraçando a si mesma enquanto forçava a oclumência.

Ouviu-o chorar por longos minutos, e só o chamou quando estava mais calmo e viu que os adultos os procuravam para ir embora.

Sirius Black e Roxanne MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora