Capítulo 1

2.2K 231 7
                                    

Jack Rizzo

19 de agosto

– Quero seguranças em todas as portas – Aviso para meus homens. – Essa é uma situação arriscada senhores, precisamos antecipar todos os passos que o maldito possa dar.

– Mas senhor Rizzo... – Alguém me chama interrompendo minha fala. – Pensei que vocês tinham firmado um acordo de paz.

– Renato – Digo para ele depois de ler seu nome gravado na roupa. – Sabe por que eu ainda estou vivo? – Pergunto e ele nega rapidamente. – Não acredito em ninguém, não confio em uma palavra do que me dizem e jamais subestimo meus inimigos, principalmente Elliot.

– Sim senhor, me perdoe – Murmura abaixando a cabeça e dando um passo a trás.

– Vamos providenciar tudo que pediu senhor – Outro diz e com um acenar de mão todos saem me deixando sozinho.

– –

Faltando cerca de meia hora do horário marcado entro no carro seguindo para o teatro. As ruas estavam movimentadas indicando que toda a cidade estaria se dirigindo para lá. Ótimo. Precisarei de distrações caso algo dê errado.

Passo por Cal, um dos homens da minha segurança pessoal e aceno levemente com a cabeça. Vejo vários dos meus contratados espalhados pelo local, alguns no meio das outras pessoas e alguns disfarçados de seguranças da cidade.

Logo as apresentações começam com crianças rodando pelo palco fazendo movimentos inesperados para a idade deles. Uma garota negra e pequena entra quando a música acaba e outra se inicia.

As luzes se tornam mais escuras e ela se abaixa no meio do palco fazendo movimentos suaves e delicados, quando a música atinge o ápice ela se levanta rodando diversas vezes com uma das pernas erguida para cima. Seus passos são confiante e precisos, a pequena garota exala talento em cada movimento. Nunca gostei de apresentações de dança, mas não consigo parar de seguir cada passo dela.

Me sento nas cadeiras mais próximas do palco para ter uma visão melhor dela, assim que vejo seu rosto com mais clareza e vejo nitidamente a inocência estampada em seu rosto delicado e coberto por uma camada de glitter colorido, tenho só uma certeza.

Eu a terei para mim.

E destruirei qualquer um que ficar no meu caminho.

***

Atena Milani

– Atena! – Minha professora chama. – Você vai entrar em cinco minutos, ok?

Olho através das cortinas vendo dois lugares vazios. Apolo e Taís ainda não chegaram.

– Meu irmão ainda não chegou – Murmuro. – Margot, você viu meu celular?

– Acho que está na sua mesa – Minha amiga diz. – Ei, não fica nervosa. Você vai arrasar.

– Eles ainda não chegaram, será que aconteceu alguma coisa? – Pergunto preocupada. Atrasos me deixam assustada, sempre tenho fragmentos de lembranças daquele dia.

– Não, eles só estão atrasado – Ela me puxa de perto das cortinas apertando levemente meus braços.

Olho para o grande espelho e sorri tocando o glitter azul e roxo que cobre parte do meu rosto.

– Está maravilhosa – Margot diz me abraçando. – Tenho certeza de que você será chamada para o grupo principal.

Ah o grupo principal... O sonho de qualquer bailarina napolitana.

– Precisa entrar agora Atena! – A professora avisa e percebo que a música está quase no fim.

Respiro fundo e assinto. Pego minha garrafa de água e bebo um gole antes de entrar. Vejo Apolo e Taís sentados em seus lugares e sorri quando eles acenas para mim. Suas mãos estão entrelaçadas e eles parecem bem confortáveis um com o outro. O medo toma conta de mim ao notar que todos os assentos estão ocupados e ainda tem pessoas em pé. Não imaginei que estaria tão cheio.

Me posiciono no lugar onde ensaiei tantas vezes ao longo dos meses e do dia de hoje. Minha música se inicia e reproduzo os mesmos passos que estão gravados em meus músculos e em todo o meu corpo. A leveza da música relaxa meu corpo e não danço como obrigação e sim para o meu prazer. Para dar orgulho aos meus pais.

Uma eletricidade toma conta de mim quando a música chega no ponto mais alto, giro, giro por todas a músicas que minha mãe não pôde dançar, giro por todas as apresentações que eles nunca poderão presenciar, giro por mim, giro, pois ballet é o meu maior sonho e giro por todos que estão aqui e por todos os meus sonhos que ainda se realizarão.

Quando a música está quase no fim encaro a plateia sorridente e meus olhos se fixam em um homem que me encara quase fixamente. Seus olhos não se desviam de mim por nenhum mísero segundo. Quase perco a concentração dos passos quando ele sorri para mim, meu rosto está em chamas e não sei mais se é pelo calor dos movimentos ou por outro motivo. Um segurança se aproxima e diz algo em seu ouvido, mesmo com isso ele não deixa de me encarar.

Finalizo minha apresentação com um salto de perna abertas e um pouso leve cruzando as pernas em uma reverência. Pausas e gritos ecoam pelo teatro, flores são arremessadas no palco e me sinto profundamente alegre. Já fiz pequenas apresentações para crianças em orfanatos e coisas do tipo, mas nada se compara com isso. A atmosfera mudou, consigo sentir o amor e a esperança fluindo pelo local. A mesma coisa que senti quando dancei pela primeira vez.

❤️❤️❤️

Ti Avrò Per MeOnde histórias criam vida. Descubra agora