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Sarah

O sentimento de que estava fazendo o certo me invadiu assim que Juliette foi embora com o seu rebolado gracioso. Não que eu tivesse reparado muito nisso, mas... Bem, ela tinha um jeito interessante de andar.
 
Eu ainda estava meio que dopada com a sua visita. Ela tinha esse efeito meio que devastador dentro de mim. Uma explosão doce. Apoiei os meus cotovelos na mesa e apoiei o meu rosto com as mãos, pensando sobre a nossa conversa. Tinha sido uma surpresa do início ao fim: Término com o Adam, gravidez e proposta do casamento aceita. Não achei que ela fosse aceitar e enquanto ela estava em silêncio, pensando sobre o meu pedido, fiquei com medo de que me dissesse não. Uma vozinha dentro do meu interior gritava para que ela aceitasse, e ela disse sim.

Um momento tão simplório, uma simples palavra, me deixou tão feliz. Sei que o casamento é apenas de fachada, mas não consegui me controlar em saber que daqui á umas semanas irei me casar com Juliette Freire.

Ah, Juliette... Ela tinha me desconcertado com o seu pequeno ataque. Por um momento, pareceu que estava com ciúmes da Viviane. Sei que não era, mas a ideia me agradou e muito, deu-me uma mexida no fundo do meu interior. Quero pôr a nossa amizade acima de tudo, mas não posso me enganar e muito menos mentir, me senti atraída pela minha melhor amiga. Pela segunda vez em uma semana.

Era torturante ao mesmo tempo que bom. Muito bom para falar a verdade. A parte ruim era saber que não iria acontecer nada. Mas eu queria que acontecesse? Por que bem, Juliette fora a única mulher que permiti em minha vida e se por um momento de loucura, cedesse ao desejo e tudo mudasse? Não. Prefiro tê-la como amiga pelo resto da vida do que perde-la.

Essa confusão de sentimentos iria passar. Para ser sincera, quem é que nunca se imaginou com o seu melhor amigo (a)? Hipocrisia é dizer que não quando no fundo, bem no fundo, escondidinho e bem enterrado a ideia já pairou no pensamento e foi rapidamente reprimida.

Busquei o controle remoto do pequeno som portátil que tinha. Liguei o meu CD e Van Gogh soou. Apertei o interfone e uns segundos depois, fui atendida por Viviane.

— Viviane, por favor, mande a limpeza vir em minha sala. Ah, também ligue para o restaurante Beef e faça uma reserva em meu nome. Obrigada. — Desliguei antes que ela falasse.

Levantei-me e fui até um quadro. Era uma obra de Picasso. O retirei da parede e tinha um cofre na parede. Digitei a senha e abri o mesmo, uma boa parte das joias que lapidei se encontra nele. Uma fortuna inestimável. Pego uma caixinha de veludo vermelha e o fecho. Reponho o quadro no lugar.

Volto a me sentar. Eu tinha lapidado essa jóia há cinco anos. E ironicamente, foi pensando na Juliette, achei que algum dia, encontraria um noivo que lhe desse um anel digno. Não que ele pudesse pagar por ele, a não ser que fosse muito rico.

Abri a caixinha, o diamante vermelho cintilou. Perfeito e extremamente raro. Lembrava o brilho dos olhos de Juliette. O anel possui o diamante vermelho de 24k como pedra central, todo cravado com diamantes laterais em ouro branco de 18k. Uma verdadeira obra de arte no valor de 44 milhões de dólares. Era pouco comparado a Juliette.

Fechei a caixinha e guardei no meu bolso, retirei o outro anel que iria dar a Viviane, era bem mais humilde para não dizer simplório. O peguei na joalheria, nem fui eu que tinha lapidado. Iria devolvê-lo.

Á porta da minha sala se abriu, e minha irmã entrou sem se anunciar.

— Soube que recebeu uma visitinha bem ilustre essa tarde. — Disse intrometida, debruçou-se na poltrona e olhou com carranca para a caixinha. — Que isso? O anel que vai dar para a piranha de sua secretária?

— Carla. Adoro quando você entra em minha sala com toda sua falta de senso. — Retruquei com ironia, soltei a caixinha em cima da mesa. — Não é da sua conta, poderia me deixar em paz? Tenho trabalho a fazer. — Bati com as unhas na pilha de documentos.

True Love || Sariette • ADAPTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora