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:-(-: Sarah :-)-:

“Sarah, você sofre de uma doença incurável chamada Síndrome de Turner”. Dra. Linda havia dito.

“Síndrome de Turner?”. Juliette perguntou confusa. Já que eu me mantive calada, o nome da doença em si, parecia ser ruim por demais. “Mas o que é isso?”.

“É quando o par de cromossomos X não é normal, podendo apresentar um cromossomo X ausente ou parcialmente ausente. O que se torna quase impossível uma gestação”. Dra. Linda explicou com paciência. “Para uma gravidez é necessário que os números de cromossomos sejam de 45, porém, a Sarah reproduz um número bem menor, quase trinta, o que a impede de procriar, mesmo com a presença do esperma no óvulo, os cromossomos são insuficientes para realizar a fecundação”.

Não esperei para escutar o final. Simplesmente me levantei e saí do consultório por não ter mais condição psicológica para ouvir mais nada. Estava tudo explicito. Sou estéril e minha doença não dava espaço para nenhum tratamento. A notícia foi uma bomba chiando em minhas mãos. Eu nunca poderia ter um filho, nunca poderia sentir a sensação de sentir um ser crescendo dentro de mim, ganhando forças e vitalidade. Eu nunca poderia gerar uma vida, e esse pensamento me fez me sentir inútil.

Sentei-me na frente da clínica, no parapeito. As lágrimas rolavam dos meus olhos. Eu nunca pensei em ter um filho, mas a ideia de não tê-lo, nunca, me fazia desejar muito um. O sofrimento me atingiu como uma tijolada firme e potente em meu rosto. Um filho...

Isso eu não podia fazer porque sou uma inútil que não tinha a capacidade de gerar um filho. Apertei a minha mão contra o meu rosto e deixei que a dor me consumisse, amaldiçoando-me por ser incapacitada biologicamente. Estava me corroendo quando escutei as rodinhas dos carrinhos se aproximarem, logo o perfume de Juliette atingiu as minhas narinas. Ela parou o carrinho e sentou-se ao meu lado.

— Uma notícia muito difícil. — Juliette começou. — Eu não sei o que está se passando em sua mente, mas tenho uma pequena noção dos conflitos e também da culpa que está carregando dentro de si. — Ela segurou a minha mão. — A dor precisa ser sentida, não ficarei com discurso altruísta, mas quero que você se lembre de que não está sozinha, que sua dor também é minha, assim como também a felicidade e outros sentimentos que possa invadi-la, saiba que eu compartilho do mesmo. Por que sua felicidade é a minha. Sua tristeza também é a minha. Tudo que possa fazer parte de você também faz parte de mim. E que se por um momento se achar incapaz, recorde-se de que você tem uma família que a ama incondicional e que sem você seriámos pequenas partículas perdidas no mundo... Você a base de nós, Sarah e sempre será. — Ela me olhou nos olhos, assim como os trigêmeos que nos olhavam com seriedade. — Você é essencial para a nossa felicidade. Você é tudo, Sarah... Simplesmente tudo. — A voz dela saiu embargada.

Olhei para eles... quatro pares de olhos castanhos me encaravam, incluindo da minha esposa e eu pude sentir... A expectativa, o amor, e a ansiedade deles. Eles esperavam qualquer movimento de mim para que seguíssemos em frente.

Funguei fortemente e olhei para a Juliette. Os seus olhos estavam tão amáveis e acolhedores que fez com que a minha reclusão se tornasse uma inclusão. Porém, a insegurança, aquele sentimento de impotência me acompanhava.

— Você não vai achar que sou uma inútil? — Abaixei a minha cabeça. — Sou tão imprestável que não consigo conceber.

Juliette acariciou o meu rosto com os dedos, fazendo-me suspirar, as lágrimas ainda caíam, silenciosamente. Seus dedos se firmaram no meu queixo e ergueu o meu rosto, nossos olhos se encontraram... Os olhos castanhos transbordavam tanto amor, tanto respeito e consideração que me fez resfolegar.

True Love || Sariette • ADAPTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora