Cain&Lilith

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Sete de setembro de 1888, sexta-feira(tarde), Whitechapel, Inglaterra.

"Cuidado com o misterioso assassino!". Diziam as pessoas na rua... Era por volta das 17h, à escuridão começava a cair sobre a miserável Whitechapel, todos estavam apavorados. "Quem é o brutal assassino de Mary Ann Nichols?" Todos se escondem como baratas... Quem será o assassino? Essa é à hora de desconfiar de tudo e todos...

- Miseráveis!! Um bando de vermes!!!

- Não diga isso, pequena Lady!! – Disse sorrindo o jovem Jaken Maurêveilles, ele tinha 28 anos, cabelos castanhos que batiam em seus ombros, olhos de um tom igualmente castanhos, era bonito, de certa forma, mas seu sorriso era tão falso... – A senhorita tem apenas 12 anos, não deve dizer tais palavras.

- Hu, não tente me educar, seu falso!

- Não me chame de falso, pequena Lady, seja comportada, como seu irmão.

Cain estava sentado ao nosso lado, era um garoto centrado e educado, havia passado, praticamente, toda sua vida em uma public school, por esse motivo não se comunicava muito, e era extremamente pálido. Desde o velório de nosso pai estava calado.

- Cain é um idiota, como você, eu sou diferente dos dois. Eu odeio você! Quero voltar para Londres! Whitechapel é uma cidade para pobres, por que você mora aqui?

- Ora pequena Lady, eu não sou um conde como seu nobre pai era, sou apenas um primo distante de vocês, logicamente não sou tão rico assim.

- Mas Whitechapel? Você podia morar em um lugar melhor!

- Eu gosto daqui – Ele riu e fitou a rua pela janela da carruagem.

Nas ruas não havia praticamente ninguém, apenas poucas prostitutas receosas nos cantos, afinal a mulher morta há uma semana trabalhava no mesmo ofício que essas na rua.

- Quanto ao assassinato daquela prostituta? Como pretende nos proteger se algo pior acontecer?

- "Prostituta"? Acho uma palavra muito vulgar para ser dita por uma futura Lady, como a senhorita. Não acha mesmo futuro Conde?

- Sim. – Era a primeira vez desde o velório que Cain falara.

- Mas quanto a isso não se preocupe, creio eu que a polícia logo prenderá esse cruel assassino que fez isso, e espero que esse ato não se repita. E eu protegerei vocês.

- E como posso saber se você não é o assassino? Afinal, você é de uma família rica, por que moraria aqui se não para matar escondido? Ninguém nos queria naquela droga de reunião para escolher nosso tutor, só você se pronunciou! Deve estar planejando algo! Não vou deixar você me matar.

- A senhorita tem mesmo doze anos? Como pode dizer isso? Pequena Lady! Eu apenas me identifiquei com vocês, quando meus pais morreram, eu passei pela mesma reunião, e ninguém me queria também... Eu apenas fui jogado de casa em casa, até me tornar adulto, não queria que o mesmo acontecesse aos dois.

- Obrigada. – Digo com um sorriso meio forçado.

Ele me retribui com outro sorriso, e voltou a fitar a rua, agora mais escura, seus olhos castanhos estavam cansados, ele parecia triste.  Ele então olhou para frente e disse:

- Chegamos.

Estávamos na frente de um casarão, não muito antigo nem muito novo, bem grande e que se destacava da paisagem pobre e imunda das casas ao redor. Como ele dissera não era rico, como nosso pai, mas tinha no mínimo uma vida melhor do que as das pessoas ao seu redor. Ele então nos ajudou a descer da carruagem e pagou o cocheiro, que partiu o mais rápido possível, afinal era noite, e Whitechapel não era o melhor lugar para ficar andando a noite, não depois daquele assassinato.

The Ripper - Saga Maurêveilles - Livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora