The hidden letter

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Se eu continuo um monstro

Então você também deve ser um

(...) Tudo que você quer de mim, é que sua sanidade volte

Isso é tão fácil

Nós já demos facadas um no outro o suficiente

A dor não pode ser desfeita

Ela pega apenas um de nós para terminar

Mas nenhum de nós quer perder

Você está fazendo isso para meu próprio bem

Apesar de seu amor me deixar machucado

Se você realmente não conseguir me esquecer

Então eu lutarei também

Oliver

Dezoito de outubro de 1888, quinta-feira. (madrugada). Londres (Trafalgar Square). Inglaterra.

Ergo minha cabeça, está pesada. Tento focar minha vista em algo, tudo é um borrão confuso. Minha boca está seca, dói...

- Olá Cain. – Pisco pesadamente, minha visão se acostuma com a escuridão do ambiente, quem está aqui?

Meus braços estão doloridos, puxo minhas mãos, mas então percebo que estou amarrado em uma cadeira, encaro tudo a minha volta, estou dentro de um camarim onde tudo é colorido e empoeirado, como um circo perdido, plumas, fitas e luzes coloridas, mas apenas a vermelha acende mostrando uma estranha figura sentada, que temo ser meu maldito anfitrião.

Abel sorri largamente, os olhos de duas cores me fitam curioso, o sorriso brincando em seus lábios.

- Olá Cain... – Ele começa. – Dormiu bem?

- O que você quer dizer com isso, maldito? – Sinto minha nuca pegajosa, devo ter sangrado. – Você jogou baixo. – Ele sorri inclinando sua cabeça para o lado. – O que quer? Entregar-me a Wonderland?

- Won-der-land? – Ele arregala os olhos.

- Cadê a Lilith? Se eu estou aqui, onde ela está?! – Abel empalidece e se levanta, encaro-o. E sou pego de surpresa quando ele me estapeia no rosto.

- Eu nunca encostaria em um fio de cabelo sequer dela. Agora cale a boca. Estou falando. – Ele se afasta e senta, dessa vez sem o sorriso. – Quero lhe dar um aviso, se o trouxe até aqui não foi para discutir sua paranoia, não é porque somos Cain e Abel que você tem que me matar. Entenda.

- Quem disse que não? – Sussurro semicerrando as pálpebras.

- Cain. – Ele fecha a cara. – Eu disse que não estou aqui para...

- Se tiveres coragem solte-me e...

- JAGUADARTE!!! – Ele se levanta, calo-me, seus olhos faíscam. – Jaguadarte maldito por que sempre tão imprudente?!

- Eu não sou esse. – Inclino-me para frente. – Meu nome é Cain.

- Jaguadarte... – Ele rosna erguendo o punho.

- VORPAL!

Engulo em seco. Abel se vira, e consigo ver quem está parado atrás dele. Jared o encara com os olhos arregalados, o rosto mais pálido que o normal, parece estar apavorado.

The Ripper - Saga Maurêveilles - Livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora