Facing Ghosts.

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"'Todos os fantasmas de que algum dia você vai precisar, Alviekins', e ele formou um revólver com o indicador e o polegar, pressionando firmemente contra a têmpora direita. 'Estão comprimidos aí dentro. '"

Catlin R. Kiernam.

Dezessete de janeiro de 1886, domingo (manhã/tarde). Ilha de Wallasea, Essex, Inglaterra.

Sinto o ar me faltar juntamente com o chão, vou morrer, é certo que vou morrer. No último instante, sinto Christopher puxar minha mão, mas já é tarde, e rolamos juntos pela escada.

Sinto os degraus sob meu corpo, mas não da forma que imaginei, pelo contrário, parece mais pesado, chego ao chão e percebo que não morri, bem, acredito que não. Sinto o peso pressionando meu corpo contra o chão. E lentamente abro os olhos.

- Christopher...? – Sussurro encarando-o sobre meu corpo. – Christopher não faça gracinhas. – Sento-me derrubando-o estrondosamente no chão. – Christopher, por favor, pare!!!

Viro o de barriga para cima e encaro seu rosto adormecido, preciso me acalmar, o que eu faço agora...?

Aproximo-me e seguro seu pulso... Tem pulso.

Respiro mais aliviado. E agora, qual segundo passo...? Antes que me lembre ele geme abrindo os olhos pesadamente.

- Você me assustou! – Guincho contendo as lágrimas.

- Eu caí...? – Ele sussurra tentando erguer a cabeça e gemendo mais alto. – Você caiu! Idiota! Nunca mais faça isso, eu quase morri!

- Desculpe! Desculpe! – Sinto as porcarias de lágrimas escorrerem.

- Você ficou preocupado... – Ele sorri. – É você não é tão ruim assim.

- Precisamos voltar... – Tento disfarçar, mas ele já está rindo. – Vamos, pare! Eu só tomei um susto!

- Você também se machucou... – Encaro meu joelho aberto. – Precisamos esconder isso, senão vão nos punir!

- Fazemos isso depois, agora que você já nos condenou mesmo!

- Ei!!! Não fui eu que estava usando saltos altos demais e cai da escada!

- Pare com isso!!! – Sinto meu rosto queimar e irritado retiro os saltos. – Pronto! Não vou mais usar se te incomoda tanto!

- Bom mesmo! – Ele se senta com esforço.

- Você está bem, está estranho e...

- Não foi nada. – Ele acena despreocupado. – Só um tombo, não vai matar... Eu... Aí! – Ele se contrai. – Acho que bati a cabeça...

- Seu idiota! Eu... Vem logo, vamos sair rápido daqui!

- Me ajuda Cain? – Encaro-o intrigado. – Só preciso me apoiar...

- Tudo bem... – Digo me abaixando enquanto ele se apoia em mim.

Ele pesa, mas foi por causa dele que não morri, devo minha vida a ele... Corremos de volta para o internato, agradeço por ninguém ter notado nossa ausência, pois somos os primeiros a voltar, Christopher fingindo caminhar tranquilamente e dizendo como as águas estavam bonitas hoje, sem despertar a desconfiança de ninguém. Assim que chego ao quarto desabo e levanto o short revelando o corte com sangue seco.

- Precisar tratar... – Ele diz pegando a pequena caixa de primeiros-socorros. – Primeiro... Uhn.

- Posso me cuidar sozinho. – Com um salto retiro a caixa de suas mãos. – Vá se deitar você precisa mais.

The Ripper - Saga Maurêveilles - Livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora