The mark of Cain

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Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada.

Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei; e serei fugitivo e vagabundo na terra, e será que todo aquele que me achar, me matará.

O Senhor, porém, disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse.

Gênesis (4: 13-15)

Quatorze de outubro de 1888, domingo. (manhã). Londres (Earls Court). Inglaterra.

- Hoje é dia de missa...

- O que? Cain não fique resmungando o caminho todo!

Desvio o olhar, já foi difícil convencer a todos nos deixar vir sozinhos, ainda mais, sem escolta, não posso me dar ao luxo de discutir com ela no meio do caminho.

Bem, disse "sem escolta", mas é sem escolta visível. Pois sei que, no mínimo, Chess está nos seguindo. Encaro as ruas parcialmente familiares pela janela da carruagem. Queria que Jared tivesse vindo ele ia gostar de nossa mansão, tem vários lustres lá.

- Cain...? – Encaro-a. – Você está bem? Desculpe-me...

- Estou. – Sussurro. – Só me sinto nostálgico voltando para cá.

- Também. – Ela ri. – Embora faça apenas um mês que saí daqui.

Sacudo meus pés e aninho o embrulho negro em meus braços, isso parece com quando eu fui para o St. Francis, uma carruagem e um livro velho aninhado nos braços. Lilith ergue as sobrancelhas em uma expressão de pena, depois coloca a mão no bolso do casaco e retira um objeto.

- Afinal, o que é isso? – Ela chacoalha o boneco esfarrapado em frente aos meus olhos. – Você deixou em cima do meu travesseiro.

- Cheshire me deu, disse que era para entregá-lo a você.

- Ah... – Ela aninha o boneco nas mãos. – Qual será o nome dele?

- Stitches. Porque é todo costurado. – Digo.

- Hn... Prefiro Stitch.

- Você é idiota... – Ela me empurra.

Penso que é por causa do insulto, mas depois que a olho percebo que ela está com o rosto grudado na janela, me levanto e encaro o que ela está vendo também.

O enorme casarão se ergue imponente, apesar de estar abandonado há apenas um mês permanece como antes, assustador.

- Chegamos... – Sussurro.

XXX

Descemos da carruagem, mas não pagamos o cocheiro, ele não vai ir embora tão cedo. Caminho até o portão de ferro negro retorcido e encaro-o sem reação.

- O que foi? – Lilith retira um molho de chave e abre o portão. – Vamos entrar logo, idiota.

Caminho hesitante. A última vez em que pisei nessa trilha eu tinha onze anos. No dia do velório não tive tempo de vir aqui, e logo em seguida fui para a mansão de Jaken. Subo os degraus e tropeço, irônico, sorrio e espero Lilith abrir a porta.

A casa permanece exatamente do mesmo jeito. Tudo. Sinto uma sensação estranha, quase como, aconchego. Caminho deslizando minha mão enluvada pelos móveis empoeirados. Encaro os retratos. Os mesmos rostos congelados no tempo. As mesmas tapeçarias, tudo...

- Se sentindo nostálgico ainda?

- Demais... – Deposito o embrulho na mesa de centro. – Isso é tão estranho. Lilith... Com licença.

The Ripper - Saga Maurêveilles - Livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora