15 • uma tremenda hipocrita idiota

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Pietro me seguiu em silêncio, mantendo uma distância aceitável, até que nos aproximamos da porta do banheiro e ele de repente me pegou bruscamente pelo braço, me arrastando para dentro do banheiro com ele e fechando a porta.

Meu primeiro impulso foi gritar, mas ele logo deu um jeito de tampar a minha boca com a sua mão enquanto me encarava com olhos furiosos. Sinceramente, eu não fazia a menor ideia do que estava acontecendo, mas eu tinha a mais absoluta certeza de que esse garoto era totalmente maluco.

- Você tem algumas explicações para dar, meu amor — a sua voz era baixa, mas nada suave. Suas palavras mais soavam como um rosnado.

Ele continuou me encarando por longos segundos e, por mais que eu quisesse, não consegui desviar o meu olhar do dele. Eu tinha a estranha sensação de que algo terrível aconteceria se eu interrompesse o contato visual com ele.

- Se você gritar, vai ser pior para você — ele me alertou enquanto lentamente deslizava a mão pelo meu rosto, liberando a minha boca e afagando a minha bochecha no processo.

Reprimi uma careta e tentei me focar em respirar fundo e em me concentrar no que eu faria a seguir, apesar de não ter a mínima ideia do que seria. Minha mente era com uma tela com estática.

- Pode começar com as explicações.

- Explicar o que? Eu fiz tudo o que você queria.

- Fez mesmo? Porque eu não me lembro de querer você morando com o imbecil do Gael.

Pietro então se aproximou ainda mais de mim, invadindo de vez o meu espaço pessoal, e me segurou pelas mangas do meu vestido sem nenhum pingo de sutileza. Tudo o que eu consegui fazer em retribuição foi encará-lo em silêncio.

- E o que você me diz sobre o quatro-olhos que você arrastou para o seu quarto? Você também está dando para ele.

- Max?

- Não me importa o nome dele — ele me puxou bruscamente para mais perto de si e eu pude sentir o seu hálito batendo no meu rosto.

- Você não falou nada sobre eu me relacionar com outras pessoas — foi o que eu acabei falando, ao invés de negar o que ele havia sugerido.

- Eu pensei que tivesse deixado bem claro que você é minha — Pietro falou entre os dentes, obviamente se segurando para não gritar.

- A única coisa que ficou clara é o quão pertubado você é — falei, surpreendendo a ele e a mim também.

Eu não sabia de onde tinha conseguido a coragem para falar com ele daquele jeito, mas seja lá o que tivesse acontecido comigo não tinha parado por aí. Eu me sentia cheia de algo que interpretei como sendo raiva, ou talvez fosse indignação. Mas isso não interessava, o importante era que agora havia algo dentro de mim que fervia e borbulhava e eu me sentia prestes a explodir.

Enquanto o Pietro ainda me observava com os olhos levemente arregalados, o empurrei para longe de mim, me soltando dele. Bufei. Sim, eu bufei feito um animal. Eu não fazia ideia do quão farta eu estava disso tudo até esse momento.

Desde o primeiro instante em que o Pietro surgiu na minha frente ele não fez nada além de atrapalhar a minha vida. Desde me beijar sem o meu consentimento até ameaçar expor os meus segredos, passando por tudo o que ele fez entre uma coisa e outra.

Eu não tinha culpa pela obsessão que ele parecia ter desenvolvido, mas eu nunca nem ao menos tentei acabar com isso logo que eu me dei conta do que estava acontecendo. A minha falta de ação permitiu que essa situação se estendesse por tanto tempo e chegasse ao ponto em que chegou.

Não Posso Te Amar [livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora