37 • imprudente e desnecessário

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Assim como tinha me prometido, depois que saímos da praia, Gael me levou em uma sorveteria. A sorveteria perto da minha antiga escola onde eu e a Vanessa costumávamos frequentar.

Fiquei animada ao ver que eles tinham agora novos sabores de sorvete e um deles era pinã colada. Não pude deixar de mandar uma mensagem para a Vanessa na mesma hora, a informando desse importante fato.

Já estava praticamente na hora do almoço, mas não deixei isso me afetar na hora de escolher a minha casquinha com três enormes bolas de sorvete. Afinal, todo esse sorvete derreteria ainda na minha boca e todo mundo sabe que líquidos não ocupam espaço — não no estômago pelo menos.

- Olha... — me virei para o Gael enquanto ele ainda decidia que sabor iria escolher — Não estou dizendo que isso vai acontecer, mas existe uma chance da Vanessa aparecer por aqui em um futuro próximo.

- O que? Por que? — Gael se virou para mim tão rápido que mal registrei os seus movimentos.

- Ela acabou de responder a minha mensagem e parece que ficou bem empolgada com o sorvete de pinã colada.

- Vocês e essa obsessão com pinã colada — ele murmurou enquanto se voltava mais uma vez para a infinidade de diferentes sabores de sorvete à sua frente.

- Esse é simplesmente o melhor sabor que existe — falei enquanto provava do meu sorvete — E isso aqui está maravilhoso. Você deveria experimentar.

Isso sim era sorvete de verdade. Refrescante, cremoso e o equilíbrio perfeito entre o sabor de abacaxi e de coco, sem nenhum se sobrepor ao outro. Ainda assim, eu lembrava com carinho a minha tentativa de fazer sorvete de piña junto com a Vanessa no ano passado.

- Não, obrigado — ele respondeu sem tirar os olhos dos sorvetes — Acho que vou escolher algo um pouco mais tradicional.

Alguns minutos mais tarde e nós dois estávamos sentados em uma mesa no fundo da sorveteria. Nós poderíamos ter sentado em uma mesa do lado de fora, onde era o meu lugar favorito na verdade, mas não estava um dia particularmente quente e o interior da sorveteria parecia estar muito mais aconchegante do que o vento que soprava lá fora.

Pensei por um momento em nós dois sentados aqui e cheguei a conclusão que nós formávamos uma visão engraçada. Eu com a minha baixa estatura equilibrando uma pequena torre de três bolas de sorvete em uma casquinha, enquanto que o Gael com toda a sua altura e porte atlético devorava uma única e triste bola de sorvete.

Se bem que ele não manteria o seu porte atlético por muito tempo se comesse tanto sorvete quanto eu.

- Você poderia tentar fazer alguma coisa com sabor de piña colada — sugeri assim que tive a ideia.

- Tipo o que?

- Eu não sei... Algum doce talvez. Já sei! Uma torta de pinã colada. Seria tipo uma torta de limão, só que de piña colada.

- Sabe... — ele sorriu e eu me desmanchei completamente — Até que essa não é uma má ideia. Isso pode dar certo.

De repente, o sorriso do Gael se desmanchou e em seu lugar estava uma das expressões mais sérias que eu já tinha visto em seu rosto. Seu olhar estava em algum lugar para além de mim. Me virei, tentando acompanhar a sua linha de visão e imediatamente também fiquei tensa.

- O que esse desgraçado está fazendo aqui? — Gael perguntou entre os dentes enquanto eu me fazia a mesma pergunta na minha cabeça.

O que o Pietro está fazendo aqui?

Fazia tanto tempo desde a última vez em que eu o vi e desde então ele não tinha cumprido nenhuma das suas ameaças, que eu tinha quase me esquecido da sua existência. As vezes eu pensava nele — era inevitável, principalmente antes de dormir — pensava em todo o potencial que ele tinha para estragar não só a minha vida, mas a vida de quase todos na minha família. Mas com o passar do tempo, eu me lembrava dele e do perigo que ele representava para mim com cada vez menos frequência.

Não Posso Te Amar [livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora