38 • testada pelo universo

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Acabei ligando para Vanessa e pedindo que ela viesse até a minha casa com certa urgência. Eu precisava conversar com alguém. Eu me sentia estranha. Mais estranha do que o normal.

Meu pai e a Liz me chamaram para almoçar com eles, porém, esse estava sendo um daqueles raros dias esquisitos em que eu não sentia fome. Talvez fosse por causa da enorme quantidade de sorvete que eu tinha consumido não muito tempo atrás, mas algo me dizia que era por causa do tornado de sentimentos dentro de mim.

Pela primeira vez na vida eu me peguei querendo ser totalmente honesta e transparente. Eu queria resolver logo esse problema. Eu mesma tinha criado essa confusão toda e então eu iria por um fim a isso tudo. Eu estava decidida, mas eu não podia fazer isso sozinha. Eu nem mesmo acreditava que eu era capaz de fazer isso sozinha.

A campainha tocou e eu desci as escadas correndo, tropeçando e quase caindo de cabeça no chão, mas consegui chegar à porta antes de qualquer outra pessoa. Não dei tempo para a Vanessa nem mesmo me cumprimentar, apenas a agarrei pelos braços e a arrastei escada acima em direção ao meu quarto.

Gastei os minutos seguintes contando e explicando tudo o que tinha acontecido. Quando finalmente me calei, a deixando falar pela primeira vez desde que ela tinha chegado, Vanessa me surpreendeu dizendo algo que eu não esperava.

- Ele está na minha casa.

- Quem? O Pietro?

- Não! Por que ele estaria na minha casa? Estou falando do Gael. Ele chegou na minha casa um pouco antes de você me ligar.

- Por que você não disse nada?

- Porque você não deixou. A impressão que eu tenho é que a última vez que você tomou fôlego foi antes da minha chegada.

- Mas você não me disse nada quando conversamos no telefone.

- Aquilo não foi exatamente uma conversa, Gia — ela riu — Você me pediu para vir o mais rápido possível e então praticamente desligou na minha cara.

- Eu me lembro claramente de me despedir antes de encerrar a ligação — cruzei os braços e a encarei. Eu sabia muito bem que essa não era a questão aqui, mas eu precisava me defender.

- Sim, mas você não me deu tempo de dizer nada de volta. Enfim... — Vanessa se jogou sobre a minha cama — Não foi para isso que você me chamou aqui, foi? Para a gente discutir sobre quem disse o que no telefone?

- Não — descruzei os braços e coloquei as mãos na cintura enquanto começava a andar de um lado para o outro no meu quarto — Eu não sei o que fazer.

- Que novidade! — ela riu mais uma vez.

Eu pensei em dizer que era ótimo que pelo menos uma de nós duas estava se divertindo com essa situação, mas preferi ficar quieta. Eu não estava com esse tipo de humor no momento. Eu precisava de respostas.

- Amanhã nós vamos embora — comecei a falar em voz alta, tentando organizar os meus pensamentos — Se o Gael não voltar logo e com uma atitude completamente diferente da que ele tinha uma hora atrás, nós não vamos ter conversa alguma com os nossos pais hoje.

- Vocês podem conversar amanhã — Vanessa sugeriu como se fosse simples assim.

- Não. Por que amanhã pode não ter tempo para tudo.

- Tudo o que?

Boa pergunta. Tudo o que? Nem eu mesma sabia do que eu estava falando. Aparentemente eu tinha perdido a cabeça de vez. De novo.

Tudo ao meu redor girava.

- Acho que eu estou meio tonta.

Vanessa rapidamente se levantou e veio até mim, me fazendo sentar na beirada da cama. Ela então saiu do quarto e voltou um minuto depois com um copo de água em mãos. Eu aceitei a água e então quase me engasguei.

Não Posso Te Amar [livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora