Demorou muito mais tempo do que eu imaginava para acalmar o meu pai. Eu estava certa, afinal. Jason era definitivamente alguém que ele não aprovava para ser o meu namorado. Eu queria muito dizer que eu também não aprovava ele como namorado — nem meu nem de ninguém. Mas eu não podia, eu tinha uma mentira para manter.
Mentiras. Me lembrei. Eu estava enrolada em tantas mentiras que temia em breve perder completamente a noção do que de fato era real e do que não era.
Por fim o meu pai se levantou da mesa antes de terminar o seu pedaço de torta, foi embora para algum lugar e não voltou mais. Eu não sabia se deveria me sentir incomodada ou aliviada com isso.
Por um breve momento minha mente começou a imaginar qual teria sido a reação dele se eu tivesse dito o nome do Gael e não o do Jason. Teria sido pior? Melhor? A mesma?
E a Liz? Qual teria sido a reação dela? Ela com certeza desaprovaria, mas será que teria sido ela a sair bufando da sala de jantar e não mais voltar?
Eu também pensava sobre a minha mãe. Ela tinha estado estranhamente quieta nos últimos minutos enquanto o meu pai gritava comigo e me enchia de perguntas sem me dar tempo de responder nenhuma delas. Eu não podia deixar de me perguntar qual seria a reação dela caso eu contasse que estava romanticamente envolvida com o meu irmão postiço.
Eca.
Irmão postiço. Eu não gostava desse termo, simplesmente por conter a palavra 'irmão'. Ela não servia e nunca serviu para descrever o que o Gael e eu éramos ou como nos enxergávamos. Eu não tinha nem certeza se algum dia eu o vi como meu amigo. Às vezes parecia que ele passou direto de um incômodo para... algo mais.
Tudo aconteceu tão rápido e de forma tão confusa entre nós que eu mal me dei conta do que estava acontecendo.
- Como isso aconteceu? — a voz da Liz me tirou dos meus pensamentos.
- O que?
- Você e... o Jason? Vocês nunca pareceram ser muito próximos.
- Nunca fomos. Hum... Você acreditaria se eu dissesse que nem eu mesma sei como isso aconteceu exatamente? — forcei uma risada.
- Quem é esse Jason exatamente? — minha mãe resolveu finalmente fazer parte da conversa — Pelo o que eu entendi até agora ele é amigo do Gabriel, não é mesmo?
- Gael! — a corrigi mais uma vez — O nome dele é Gael, mãe. Não Gabriel.
- Me desculpe, eu me confundi — ela deu um sorriso apologético, mas eu não estava convencida. Algo me dizia que ela tinha se confundido de propósito dessa vez.
Quando voltei minha atenção novamente para a Liz, ela me olhava de um jeito meio estranho — não um estranho ruim, apenas um estranho enigmático. Se eu não tivesse uma situação mais urgente para lidar, talvez eu tivesse gastado alguns neurônios tentando decifrar o que o olhar dela significava.
- As coisas aconteceram de forma natural, porém muito rápido. Tão rápido que nós mesmo nem nos damos conta do que estava acontecendo até que já tinha acontecido e não dava mais para voltar atrás.
- Ah, sim.
Liz deu um gole em seu copo de água e desviou o olhar por um instante. Algo me dizia que ela não estava acreditando em mim, apesar de eu estar sendo totalmente honesta. Foi exatamente assim que as coisas aconteceram entre o Gael e eu. Talvez eu devesse oferecer a ela um pouco mais de detalhes...
- Acho que nos aproximamos justamente por passarmos tanto tempo juntos, morando na mesma casa e... digo, morando na mesma cidade e frequentando a mesma universidade.
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Não Posso Te Amar [livro 2]
RomanceEsse livro é uma continuação de "Não Posso Te Beijar". Leia o primeiro livro antes de ler esse para poder apreciar toda a história. Depois de alguns meses sem se ver, Gia está pronta para deixar o passado para trás, esquecer Gael de uma vez por toda...