CAP 16

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Any Gabrielly

Após todos tomarem seus cafés foram embora tirando Josh, ele ficou pensativo sentado movendo seu dedo sobre a borda arredondada da xícara de café. Pela sua cara ele parece longe, se fundindo em pensamentos. Como o movimento acalmou me sento ao seu lado e o mesmo parece sair de um transe quando me aproximo.

-O que está pensando?

Pergunto ao apoiar meus cotovelos sobre o balcão.

-Em minha mãe.

Sua voz é baixa, ele não desvia seu olhar da xícara ao falar.

-Pensando que a abandonei.

Completa.

-Não pense nisso, você não a abandonou, seu pai expulsou você de casa. Não se culpe por algo que não fez.

Sugiro e ele me olha.

-Eu deveria ter enfrentado ele, ter ficado do lado da minha mãe mas fui fraco, como diz meu pai: Um merda.

Ele afasta a xícara com o polegar.

-Você não foi um merda, você era novo e não estava preparado para isso, foi pego de surpresa, não se culpe por isso.

Levo minha mão ao seu ombro e um micro sorriso surge em seus lábios.

-Você foi a primeira pessoa de fora que me disse isso.

Ele me olha e sorrio.

-Eu sei que você não teve culpa.

Digo e ele desvia o olhar.

-Eu me sinto tão culpado.

Diz levando as mãos ao rosto e respirando fundo.

-Não deveria. Sua mãe está bem?

Pergunto, o mesmo retira as mãos do rosto antes de me olhar.

-Na medida do possível.

Responde e vejo aflição em seu olhar.

-Pode desabafar comigo.

Digo ao me apoiar no balcão.

-Não vou encher seus ouvidos com meus problemas.

Diz me fazendo rir.

-Uma pessoa repleta de problemas conversando e trocando seus problemas é terapêutico sabia?

Pergunto o fazendo sorrir.

-Por isso mesmo, você já tem problemas o suficiente para se preocupar, não quer ouvir problemas de um desconhecido.

Diz ao me olhar.

-Eu já sei seu nome, onde trabalha, onde mora, fui em seu apartamento. Acho que não somos mais desconhecidos.

Afirmo e ele sorri.

-Realmente.

Diz e seu sorriso retorna.

-Meu pai tem a mania de me procurar para jogar na minha cara o estado decadente de minha mãe, seu esporte favorito é me culpar por nossa família ter desmoronado. Segundo ele eramos mais felizes quando eu seguia suas ordens e tudo fluía como o teatro que ele construiu em nossa família.

Ele faz uma breve pausa antes de continuar.

-Quando meu pai me expulsou de casa fiz coisas imprudentes, as multas em minha escrivaninha não me deixam mentir. Por isso tenho essa fama.

Diz ao brincar com as chaves do seu carro sobre o balcão.

-Todos temos uma fase de rebeldia, já coloquei fogo em uma boneca de uma menina que morava no mesmo condomínio que o meu pois quis mostrar que a sua boneca era melhor que a minha.

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