Capítulo 15

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JIN

Estou funcionando com quatro horas de sono. Por favor, alguém me mate. O lado bom é que ninguém viu Namjoon me deixar na porta do alojamento hoje cedo, então pelo menos minha honra ainda está intacta.

As aulas da manhã não acabam nunca. Tenho uma de teoria seguida de um seminário sobre história da música — e ambas exigem minha atenção, o que é difícil, quando mal consigo manter os olhos abertos. Já bebi três cafés, mas, em vez de me dar energia, a cafeína só está drenando os resquícios da que eu tinha.

Vou almoçar tarde, num dos refeitórios do campus, escolho uma mesa bem no fundo e fico enviando vibrações de “Me deixem em paz”, porque estou cansado demais para jogar conversa fora. A comida me acorda um pouco, e passo pelas portas de carvalho do edifício de filosofia com tempo sobrando para a aula seguinte.

Aproximo-me do auditório de ética e paro, num sobressalto. Ninguém menos que Junmyeon está caminhando pelo corredor largo, as sobrancelhas escuras franzidas, enquanto digita no celular.

Mesmo tendo tomado banho e trocado de roupa no alojamento, me sinto um completa idiota. Estou de calças jeans, um moletom verde e botas de borracha vermelhas. A previsão do tempo tinha dito que ia chover, o que não aconteceu, então agora me sinto ridículo por ter escolhido esse sapato.

Junmyeon, por outro lado, é pura perfeição. A calça jeans escura abraça suas pernas compridas e musculosas, e o suéter preto se estica sobre os ombros largos de um jeito que me faz tremer nas bases.

Meu coração bate mais rápido à medida que me aproximo. Estou tentando decidir se deveria dizer “oi” ou só cumprimentar com um aceno, mas ele resolve o dilema, falando primeiro.

“Oi.” Seus lábios se curvam num meio-sorriso. 

“Belas galochas.”

Suspiro. “Ia chover.”

“Não foi sarcasmo. Gosto de galochas. Me fazem lembrar de casa.” Ele percebe meu olhar interrogativo e explica depressa: “Sou de Daegu”.

“Ah. Foi de lá que você pediu transferência?”

“Foi. E, vai por mim, se não estiver chovendo em Daegu, é porque tem alguma coisa errada. Botas de chuva são um item de sobrevivência quando se vive em Daegu.” 

Ele enfia o smartphone no bolso, adotando um tom casual. 

“Então, o que aconteceu com você na quarta-feira?”

Franzo o cenho. “Como assim?”

“A festa. Procurei por você depois da sinuca, mas já tinha ido.”

Ai, meu Deus. Ele me procurou?

“É, saí cedo”, respondo, torcendo para parecer casual também. “Tinha aula às nove no dia seguinte.”

Junmyeon deita a cabeça de lado. “Ouvi dizer que foi embora com Kim Nam-joon.”

Isso me pega desprevenido. Não achei que alguém nos tivesse visto saindo juntos, mas é claro que estava enganado. Aparentemente, os boatos circulam mais rápido que a velocidade da luz, na Yonsei.

“Ele me deu uma carona para casa”, respondo, dando de ombros.

“Ah. Não sabia que eram amigos.”

Abro um sorriso travesso. “Tem muita coisa ao meu respeito que você não sabe.”

Deus do céu. Estou flertando com ele.

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora