Capítulo 17

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JIN

“Oi, Jin-hyung.” Ken me surpreende no trabalho, à noite, sentando numa das minhas mesas com um sorriso radiante. Quando Kangjoon senta ao lado dela, tenho de me segurar para não escancarar um sorriso. Estão sentados do mesmo lado da mesa? Uau, a coisa deve estar sério mesmo, porque só casais loucamente apaixonados fazem isso.

“E aí, Jin?”, pergunta Kang, passando o braço ao redor dos ombros delgados de Ken.

“Oi.” Passei o turno lidando com clientes complicados, então estou realmente satisfeito de ver rostos amigos. “Querem beber alguma coisa, enquanto dão uma olhada no cardápio?”

“Um milk-shake de chocolate, por favor”, pede Ken.

“E dois canudinhos”, acrescenta Kang com uma piscadela, erguendo dois dedos.

Não contenho uma risada. “Caramba, vocês dois são tão fofinhos que tá me dando enjoo.”

Mas fico feliz em vê-los felizes. Para um garoto de fraternidade, Kang até que é bem decente, nunca sacaneou Ken, até onde sei. Nas vezes em que terminaram foi sempre por decisão de Ken — achava que eram jovens demais para algo tão sério —, e Kang foi infinitamente paciente com meu melhor amigo o tempo todo.

Preparo o milk-shake dos pombinhos e o levo até a mesa, com uma mesura exagerada. “Messieurs.”

“Obrigada, Jin. Então, escuta”, diz Ken, enquanto Kang estuda o cardápio. As meninas do teatro vão fazer uma maratona de filmes do Lee Joongi amanhã à noite.”

Kang solta um gemido. “Outra maratona Lee? Não sei o que vocês veem naquele cara.”

“Ele é lindo”, corrige Ken, antes de se voltar para mim. “Topa?”

“Depende da hora.”

“Haneul tem aula até mais tarde, mas vai estar de volta às nove. Mais ou menos por aí, então?”

“Merda. Vou dar aula particular às nove.”

Ken faz uma cara de decepção. “Não dá para marcar mais cedo?” Ele movimenta as sobrancelhas, como se estivesse tentando me encorajar. “Wheein vai fazer sangria…”

Tenho de admitir, não preciso de muito encorajamento. Faz tempo desde que saí com as meninas ou bebi uma gota de álcool. Posso não beber em festas (e por um bom motivo), mas não me importo de tomar umas de vez em quando.

“Vou ligar para Namjoon no meu intervalo. Ver se ele pode antecipar.”

Kang ergue os olhos do cardápio, interessado na conversa de novo. “Quer dizer que você e Kim são melhores amigos agora?”

“Que nada. É só uma relação professor/ aluno.”

“Mentira”, brinca Ken. Ele se vira para o namorado. “Já viraram melhores amigos. Trocam mensagens e tudo.”

“Tá. Somos amigos”, admito a contragosto. 

Quando Kang me lança um sorriso malicioso, faço logo uma cara feia para ele. “Só amigos. Pode ir limpando essa mente suja.”

“Ah, e eu tenho culpa? O cara é o capitão do time de hóquei, troca de ficante mais rápido do que de roupa. Você sabe que todo mundo vai achar que é o próximo alvo dele.”

“Podem pensar o que quiserem.” Dou de ombros. 

“Não tem nada entre a gente.”

Kang não parece convencido. Duvido que haja um cara aí fora que acredite que Namjoon é capaz de ter algo puramente platônico.

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora