Capítulo 23

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Na segunda feira, dia da consulta, com muito custo eu convenci Paulo de me deixar encontra lo no consultório, ele queria sair do escritório e ir me buscar em casa para não me deixar vir sozinha,  ele demitiu os seguranças e disse que não confia em ninguém para me proteger,  marquei de encontra lo lá. As 17:00 hs eu estava no consultório do psicólogo chamado Alberto Buarque, esperei por Paulo por meia hora e nada, quando eu ia dizer para a secretária que não precisava me esperar ele entrou sério.

- Porque demorou? Pergunto.

- Tive uma reunião de última hora. Diz. – Eu não sei se estou pronto para isso.

- Claro que sim! – Eu estou com você Paulo e você precisa acabar com esse medo de que algo vai acontecer a qualquer momento. Ele balança a cabeça negativamente.

- Eu estou apenas protegendo você! Diz.

- Eu sei amor e eu gosto disso, mas eu vejo que você sofre todos os dias ao sair para o escritório e passa o dia inteiro preocupado e quando chega a noite você tem pesadelos.

- Eu vou tentar conversar com o psicólogo e resolver isso. Diz por fim.

Entramos na sala do doutor, ele pede para Paulo falar um pouco sobre sua vida pessoal e profissional.

- Eu tenho uma carreira estável de sucesso, amo o que faço, trabalho com pessoas agradáveis e que pensam no futuro. Paulo diz e olha pra mim. – Na minha vida pessoal eu sou feliz, tenho uma esposa maravilhosa e um lindo filho, tenho uma irmã que amo muito e pais ótimos. Vejo seus olhos entristecerem. – Mas desde que conheci Sofia eu tenho colocado ela em risco, sempre alguma coisa acontece com ela por minha causa. Diz.

- Isso não é verdade! Digo. – você não tem culpa pelo o que aconteceu.

O dr nos interrompe:

- Paulo nesse momento o que está te incomodando? Pergunta.

- Eu não sei! – Tenho medo de sair do lado de Sofia e algo ruim acontecer com ela ou com o meu filho, e quando vou para o trabalho não consigo me concentrar e ligo para ele o tempo todo para saber se está tudo bem, e a noite eu tenho pesadelos com o seqüestro que ela sofreu. Ele parece triste.

- Devido as informações passadas por sua esposa esse seqüestro foi recente e você ainda está perturbado com isso. Diz. – Talvez esse medo venha de muito antes, você sofreu algum tipo de trauma quando criança? Pergunta o médico indo direto ao ponto.

- Eu... Eu vi a minha verdadeira mãe morta depois de ser assassinada pelo meu pai. Ele diz com lágrimas e parece tão frágil, nada comparado ao homem forte que conheci. – E esse bandido depois de anos preso ele fugiu da prisão e seqüestrou a minha esposa, agora ele está morto, mas eu não consigo me livrar do medo e da dor que senti no momento em que achei que fosse perde la.

- O que sente quando está longe de casa? O doutor interroga.

- Eu entro em pânico e muitas vezes choro sozinho com medo de não estar perto se algo acontecer e não posso protege la. Paulo responde e eu sofro pelo meu marido eu nunca imaginei que era tão ruim o que ele estava passando. – Eu amo essa mulher e não posso viver sem ela. Ele me olha e vejo a dor nele, ele volta a olhar para o chão.

- Eu devo te falar que me procurou no momento certo. – Temo que você depois de um trauma esteja com inicio de síndrome do pânico.

- Como assim? Pergunto.

- A síndrome do pânico é um tipo de transtorno de ansiedade no qual ocorrem crises inesperadas de desespero e medo intenso de que algo ruim aconteça, mesmo que não haja motivo algum para isso ou sinais de perigo iminente. O médico nos informa.

- E porque isso acontece? Paulo pergunta.

- As causas exatas da síndrome do pânico são desconhecidas, embora a Ciência acredite que um conjunto de fatores possam desencadear o desenvolvimento deste transtorno, como: genética, estresse, temperamento forte e suscetível ao estresse, mudanças na forma como o cérebro funciona e reage a determinadas situações. - fatores considerados de risco, como: situações de estresse extremo, morte ou adoecimento de uma pessoa próxima, mudanças radicais ocorridas na vida, algum tipo de abuso na infância, ter passado por alguma experiência traumática, como um acidente ou seqüestro como no seu caso. Ouço atentamente o que ele diz e vejo que Paulo também presta atenção, o dr continua: - As crises de pânico geralmente manifestam os seguintes sintomas: sensação de perigo iminente, medo de perder o controle, medo da morte ou de uma tragédia iminente. - Os ataques de pânico podem alterar o comportamento em casa, na escola ou no trabalho.

- E qual o tratamento para esse problema? Pergunto.

-  Paulo você apresenta características de um inicio de síndrome do pânico, mas de uma forma diferente desde que você não tem medo por si, mas medo por seu filho e principalmente por sua esposa. – Então, as duas principais formas de tratamento para esse transtorno é por meio de psicoterapia e medicamentos para ansiedade e depressão.

– E quando começo com o tratamento? Paulo pergunta.

- Hoje mesmo vou te receitar os medicamentos e você deverá comparecer aos nossos encontros toda segunda se pra você estiver bom.

- Sim está! Respondo por ele. – E eu posso acompanha lo? Pergunto.

- Sim! – A sua presença pode ajudar em nível maior sua recuperação. Ele responde. Pega a receita e nos entrega.

- Certo! – Então segunda estou aqui dr no mesmo horário. Paulo diz e estende a mão para o dr. Nos despedimos, entramos cada um em seu carro sem nenhuma palavra, como sempre vou na frente e Paulo atrás. Espero que esse tratamento ajude ele a se recuperar de todo esse trauma. Chego em casa e espero Paulo entrar, minha mãe está com Arthur em seu colo na sala.

- Oi mãe como está meu príncipe? Pergunto.

- Está tranqüilo hoje. Ela responde.

Paulo entra dá um beijo na testa de Arthur e vai para dentro, eu o sigo para o quarto, quando entro ele está em cima da cama com a cabeça entre as mãos. Meu peito dói por ele.

- Paulo! chamo. – Tudo vai dar certo meu amor, estou aqui com você. Digo tentando tirar desse casulo que ele criou ao seu redor.

- Eu não agüento mais amor, eu me sinto culpado pela morte da minha mãe, eu tive medo de ajuda la. Ele chora.

- Não é verdade você protegeu a sua irmã, você era só uma criança Paulo, você não podia fazer mais que isso. Digo e quero que ele acredite.

- Eu tive medo que ele fizesse o mesmo com você, agora eu não consigo esquecer a forma como você estava quando te encontrei. Ele olha pra mim com lágrimas nos olhos. – Eu não posso te perder. Ele diz e eu o beijo ternamente.

- Eu sempre vou estar aqui para você. Eu digo e me levanto.

- Eu vou na farmácia comprar seu medicamento para você dormir mais tranqüilo esta noite. Digo e ele se levanta também.

- Eu vou com você não quero que saia sozinha a noite. Diz

- Meu amor a farmácia é ali na esquina, nada vai me acontecer fica tranqüilo, toma uma banho enquanto isso e tenta relaxar.

-Eu vou com você! Ele afirma. – Não quero discussão.

- Não! – você vai ficar, você precisa me deixar fazer as coisas sozinhas Paulo. digo tentando convence lo. Mas ele se levanta e sai, eu o sigo para fora e ele vai em direção a farmácia. Espero que o resultado desse tratamento possa melhorar isto, eu não posso mais com Paulo em cima de mim com toda essa proteção.

Depois de algumas semanas de tratamento Paulo já demonstrou melhoras, ele não tem mais pesadelos, e eu já posso voltar a minha vida normal sem que ele enlouqueça, saio com Mari para almoçar e passear com Arthuzinho e ele aceita numa boa, com algumas condições claro, tenho que ligar para avisar que está tudo bem, Arthur já está com três meses e minha mãe sempre cuida dele quando preciso sair, nesse final de semana é o aniversário da Mari que é bem próximo do meu, então decidimos fazer uma festa em seu apartamento para comemorar, espero que tudo ocorra bem e que Paulo se divirta um pouco sem medo.

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