Capítulo Dois

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Os dois foram civilizados durante toda a conversa, nenhuma fala alterada nem nenhum tipo de comentário mais alto que o normal, mas quando a porta da sala se abriu eu senti um frio na barriga, tensos de mais, os dois.

— Me acompanhe por favor senhorita Mankanshoko, vou precisar de sua ajuda. –  O Capitão falou com uma calma assustadora.

Tenente Ira reuniu todos na sala de reunião e esperou que todos se sentassem.

— Tive atualizações sobre o caso que venho investigando. – Os burburinhos começaram.

— Mankanshoko, você está encarregada de procurar reações adversas dentro da equipe, depois que esta reunião terminar eu quero que fique atenta a cada conversa e ação que lhe prenda a atenção. – O Capitão falou baixo antes de se afastar.

Não achei que esse lugar seria tão movimentado, em uma semana de trabalho e eu já estou mergulhada em uma bagunça tremenda.

Vasculhei a sala com os olhos.

Falando perto do quadro estava o Tenente colando alguns papéis e rabiscando na lousa com giz, o Capitão estava em pé encarando a todos, cabo Bruno em posição de sentido no canto da sala, Max na porta atento a qualquer pessoa que chegasse na recepção, os detetives Souza, Moroe e Ashido sentados um em cada mesa, ambos com uma atenção sufocante voltada para o Tenente, mais atrás estava a sargento Dias sentada em uma cadeira, ela era a mais tranquila dentro da sala.

Oito pessoas dentro de uma sala apertada, todos tinham tarefas e serviços esperando que fossem resolvidas.

— Como todos sabem eu estou investigando Sérgio De LaFontana. O traficante que vem atazanando nossa cidade, a cocaína que ele trafica está sendo espalhada em boates e clubes, em uma batida no armazém que estávamos vigiando conseguimos apreender quarenta quilos de pasta base para a cocaína, dando um prejuízo de 5,6 milhões para o LaFontana. Como podem presumir ele não está muito feliz. Mas não chega nem perto da quantidade de dinheiro que ele faz por ano ao transportar, e espalhar as drogas. Depois dessa apreensão meu informante me contou que toda a segurança ficou mais forte e que agora eles estão vasculhando cada lugar tentando encontrar formas de descobrir como evitar que essas informações sejam vazadas. Estou aqui para informar e pedir para que tomem cuidado com as informações que circulam aqui dentro e também fora daqui. – Assim que terminou de falar o Tenente se afastou e se sentou na cadeira em uma das mesas.

Moroe se mexeu desconfortável na cadeira.

— Essa sua brincadeira está afetando todo mundo Gamagoori, se continuar assim eles vão arquivar o seu caso. – Moroe já era um homem na casa dos quarenta, a barriga de chopp dobrava por cima da calça os cabelos pretos cobertos de gel já não inspiravam medo algum.

— Você vai acabar se arriscando de mais com isso, já faz anos que você está nessa investigação. Uma apreensão ou outra não vai fazer sua carreira.– Foi Souza quem interveio desta vez apoiando as mãos na mesa ao ficar em pé, ela era jovem, o cabelo preto cacheados escorriam por seus ombros descendo até seus seios, não tinha mais que vinte se sete anos, seu desconforto em enfrentar o Tenente era maior que sua coragem.

Ira se levantou na cadeira com uma calma cruel e se apoiou na mesa.

— Não é como se alguma coisa fosse acontecer com algum de vocês, sou eu quem está investigando, o esquadrão que fez a batida era do BOPE. – Ira falou se levantando, o silêncio se instalou quando ele simplesmente saiu da sala.

O Capitão assumiu o controle.

As pessoas dentro da sala se moviam desconfortáveis, expostos, era assim que todos estavam se sentindo.

— Entendo a gravidade de tudo o que estamos passando, todos aqui temos uma família com quem nos preocuparmos, mas esse e nosso trabalho esquadrão e nos orgulhamos muito dele. Voltem a seus postos, quaisquer outras notícias vão ser notificadas. – O Capitão falou e se virou.

Os burburinhos soaram baixo.

— Me acompanhe Mankanshoku.–  Obedeci a ordem no mesmo instante.

Assim que entramos na sala ele fechou a porta e caminhou até a mesa se sentando na cadeira.

— Notou algo de suspeito na reunião que tivemos hoje senhorita? – A pergunta direta me fez sentar rápido na cadeira em sua frente.

— Não senhor, algumas pessoas ficaram desconfortáveis pelos riscos novos a que foram submetidos, mas não foi nada alarmante. – Respondi sinceramente, mas algo cutucou minha consciência. —O que está acontecendo senhor?.

— Peça para que o esquadrão fique em prontidão, um a um eu os quero em minha sala para conversamos, cancele todos os compromissos que eu possa vir a ter. Se Ira reaparecer garanta que ele entenda que já me trouxe problemas de mais por um dia.

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