Capítulo Vinte e Dois

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Ao chegar na delegacia senti um frio na espinha, aquela sensação de estar sendo seguida me perturbou durante toda a noite, meu corpo inteiro me dizia que algo estava acontecendo sem que eu soubesse.

Depois que eu fiz grande parte do meu trabalho meus dedos correram até meu celular.

Ira estava dentro de sua sala a manhã toda, Ashido tinha ficado lá com ele ajudando, Dias as vezes ia também verificar o que eles estavam fazendo.

Sem conseguir me conter digitei uma mensagem para ele.

"Eu preciso falar com você."

Não demorou muito a resposta veio.

"Estou aqui, pode falar."

"Não posso falar por celular"

"Espere alguns minutos e venha pra minha sala"

Ashido e Dias saíram da sala dele conversando baixo e foleando alguns papéis. Não demorei muito para correr lá para dentro.

Ira estava sentado em sua cadeira, usando uma camiseta preta, seu cabelo estava levemente arrepiado e a barba por fazer, não reparei ontem mas ele estava com uma aparência levemente cansada, ainda tinha os sinais os machucados em seu rosto.

— Está tudo bem? – Ele perguntou baixo se levantando

— Eu...acho que alguém me seguiu até em casa ontem. Foi só uma sensação mas tenho quase certeza que tinha alguém atrás de mim, não consegui dormir durante a noite. – Falei num sussuro.

Ira ficou alguns segundos me encarando em silêncio, processando o que eu tinha falado.

Minha cabeça começou a doer levemente, me sentei na cadeira massageando minhas têmporas. Ontem foi um dia exaustivo, todos os documentos que vieram que separar, organizar e entregar, fora o incidente e todo aquele problema com a Souza, não pude dormir o que exigiu muito de mim.

Os passos de Ira se aproximaram de mim, pude ouvir ele agachar do meu lado.

— Levo você até em casa hoje, posso ver se está tudo seguro por perto, isso te deixaria mais segura?

— Vai levantar suspeitas pra cima de nós dois, eles acham que você me detesta agora. – Murmurei

Ele pegou minha mão.

— Se acha que está sendo seguida é bom investigar, não é nenhum pouco agradável se sentir em perigo, Mako. – Foi a primeira vez que ele me chamou pelo primeiro nome, algo se animou dentro de mim.

Concordei com a cabeça.

— O Capitão me liberou mais cedo hoje. – Falei tentando lutar contra o calor confortável da mão grande de Ira sobre a minha.

— Me avise alguns minutos antes de ir, vou esperar você lá fora.

Ele estava quase ajoelhado do meu lado, os olhos cor de carvão me encaravam com firmeza, por um instante meu medo e o receio sumiram por completo e eu consegui sorrir levemente.

— Obrigada

Foi difícil me levantar da cadeira e deixar Ira, principalmente porque meu corpo pedia pela segurança que ele transmitia apenas por estar perto de mim.

Gamagoori

Culpa minha, era culpa minha ela se sentir assim, estar acuada e cansada. Acabei puxando ela pra dentro da investigação sem que ela quisesse, provavelmente Souza ficou com medo de ela ter gravado ou visto alguma coisa de mais e ainda não ter me avisado. Talvez queira apenas o telefone para ter certeza que está em segurança.

Mas se esse pensamento estiver correto, quer dizer que alguém vai tentar assaltar Mako no caminho até em casa. Deixar que isso aconteça é perigoso pra segurança dela.

É minha responsabilidade manter Mankanshoku em segurança.

Esperei até que ela me avisasse e me dirigi direto a saída da delegacia esperando.

— Vou deixar que você vá na frente alguns metros e vou seguindo você, isso vai me mostrar se tem outra pessoa além de mim atrás de você, não se preocupe eu vou estar com você o caminho todo. – Orientei e Mako concordou.

Ela respirou fundo e abriu a bolsa segurando alguma coisa lá dentro, o celular devia estar enfiado lá dentro também.

Eu não permitiria que nada de mal acontecesse com ela, mas precisava saber se tinha realmente alguém atrás dela e descobri o exato motivo.

Mako saiu primeiro, caminhando a pé, ela me informou onde era o apartamento e depois começou a andar. Deixei que ficasse uns três quarteirões a minha frente antes de começar a andar também.

Não demorou muito um homem de mais ou menos uns trinta anos, caucasiano, magro e esguio começou a caminhar atrás dela. Lá estava o perseguidor que Mako havia falado, ele caminhava de maneira calma e lenta atrás dela, se escondendo atrás dos postes e dos muros pá que ela não visse.

Mais a frente havia um pedaço do caminho onde tinha menos pessoas e quase nenhum trânsito. Se fosse tentar alguma coisa seria alí e naquele momento.

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