Capítulo Trinta e um

50 15 0
                                    

Entreguei meu celular para Ira no mesmo momento que leu ele voltou os olhos para mim.

— Quer ir até a delegacia prestar uma queixa? Eles podem tentar puxar o registro do telefone e encontrar a pessoa.

Neguei com a cabeça, as estáticas desse tipo de coisa nunca são boas.

— Porque me ameaçar? Ele diz na mensagem que conhece você. Talvez o foco não seja eu exatamente, mas você, me atingir para desestabilizar você. –  Meu cérebro tentava juntar as peças e preencher as lacunas. — Quando aquele cara tentou meu roubar ele pegou o telefone e tentou me derrubar, mas no momento em que estava com minha bolsa na mão só pegou o celular porque achou que tinha alguma prova que ligasse Souza ao informante dentro da delegacia, eles estão tentando chegar e desvendar a sua investigação, mesmo que precisem me usar para conseguir. 

— Se não conseguem me parar vão me fazer desistir da investigação – Ele murmurou seguindo minha linha de raciocínio — Provavelmente essa ligação veio de um celular descartável, já que você bloqueou o primeiro que tentou entrar em contato.

Depois de um momento em silencio ele pegou o celular do bolso e digitou um número antes de levar até o ouvido. Durante a ligação Ira pediu uma viatura de patrulha, ele cobrou alguns favores e explicou a situação. Levou alguns minutos, mas a viatura passou de vagar na frente do prédio e logo depois o celular de Ira tocou, ele ouviu o que o outro falou do outro lado da linha e logo desligou.

— Não tem nenhum carro ou pessoa parada lá fora. Eles fizerem uma varredura e não encontraram nada. – Ira me explicou olhando pela janela.

— Foi só para desestruturar. – Comprovei minha teoria. — Provavelmente não vão voltar essa noite.

— Ei, você está bem? – Ira perguntou por fim se aproximando de mim. — Estava apavorada quando ligou.

— Foi tão estranho, nunca pensei que poderia passar por isso em algum momento da minha vida.

Ira apoiou as mãos em meus ombros e bem devagar me puxou contra seu peito, abraçando-me forte.

— Vai ficar tudo bem, vamos resolver esse problema.

Afundei meu rosto em Ira deixando que seu cheiro inundasse meu nariz. Por um instante minha mente vagou afastando um pouco da preocupação, mas só de pensar que Ira ia embora e me deixaria aqui sozinha, talvez a pessoa da ligação voltasse a me perturbar pude sentir meu corpo ficar tenso.

— O que foi? – Ira perguntou parando a caricia que fazia em minhas costas e se afastando um pouco.

— Não vou conseguir ficar aqui sozinha essa noite. Só de pensar sinto medo, não posso ligar para minha irmã a essa hora da noite, muito menos para meus pais. – Passei as mãos pelo meu cabelo vendo as opções se esgotando. — Pode passar a noite aqui?

Gamagoori

A pergunta dela veio sem malicia nenhuma, os grandes olhos castanhos me encaravam num misto de esperança e medo. A teoria dela estava certa, ela só estava nessa situação por minha causa, ficar aqui faria com que ela se sentisse mais confortável e segura.

— Posso. Não se preocupe. – Assim que falei ela me abraçou outra vez e depois se afastou por completo.

Passar a noite com Mako me obrigou a entender que a situação pode vir a se tornar muito ruim para ela, seguindo a teoria dela, LaFontana era quem estava por trás disso, tentando me fazer desistir da investigação e ele viu Mako como um lugar onde ele poderia bater para me fazer desistir. Talvez Souza já tivesse dito que minha relação com ela sairia do profissional e acabaria em alguma coisa intima e pessoal, sair com ela hoje mais cedo apenas comprovou as palavras de Souza.

Durante toda a noite minha cabeça rodou tentando encontrar formas de proteger Mako sem ter que abrir mão da investigação, se ele quis usar essa tática comigo para me silenciar com toda certeza vai usar com todas as pessoas que ousarem bater de frente com ele, e então não apenas Mako vai estar em perigo, mas todos aqueles que tentarem prendê-lo.

Por ter apenas uma cama Mako que fez dormir junto com ela, não que eu tenha conseguido fechar os olhos por alguns instantes, ela também não foi muito diferente, rolou de um lado para o outro quando finalmente dormiu abriu a boca e roncou baixo, um pequeno alivio me percorreu, pelo menos ela conseguiu dormir um pouco.

Assim que o celular despertou Mako acordou.

— Bom dia. – Ela murmurou se levantando.

— Bom dia. Conseguiu dormir bem?

— Tão bem que parece que um carro me atropelou – Ela riu baixo enquando se levantava arrumando o pijama em seu corpo, evitei olhar enquanto ela caminhava até o banheiro.

Assim que comeu e conseguiu se recompor me acompanhou até a delegacia, prestar queixa deixaria o seu estado em alerta e avisaria para a delegacia que a situação estava ficando mais complicada. 

O Revés Do Seu AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora