Capítulo Trinta e Cinco

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Gamagoori

A primeira parada foi uma rua antes da casa de Mako, o caminho que ela sempre fazia no fim do expediente, Ashido desceu do carro mais do que depressa procurando alguma coisa, desci logo atrás.

No chão haviam marcas de pneu, como se um carro tivesse saído com muita pressa, enquanto analisava o chão levantei a cabeça para a calçada algo refletiu a luz e o brilho veio direto em meus olhos, ao ver mais de perto pude notar que era um molho de chaves.

- Acha que é da Mako? - Ouvi uma voz feminina perguntar atrás de mim.

No molho de chaves um pingente em forma de M me mostrou um pouco mais.

- Aí, olha aquilo ali - Ashido apontou para uma câmera que estava um pouco escondida atrás de umas árvores.

- Será que tá funcionando?

- Não custa tentar.

Ao bater no portão da casa uma voz masculina respondeu de lá de dentro.

- Quem é?

- Somos da Polícia, Detetive Ashido e Tenente Gamagoori. Preciso do acesso às gravações das suas câmeras de segurança.

Por sorte as câmeras estavam funcionando e o homem começou a puxar as filmagens

- Quero ver as filmagens a partir das quatro da tarde. - Falei

O monitor começou a exibir as imagens da rua deserta, aproximadamente quatro e meia Mako apontou na esquina, um carro preto vinha atrás dirigindo bem devagar, algo em meu cérebro disparou um alarme me mostrando que alguma coisa estava muito errada naquela situação, ela não tinha percebido o carro, não estava tensa, provavelmente prestando atenção somente nos próprios pensamentos, não demorou muito o carro preto foi jogado sobre a calçada fechando o caminho dela, Mako tentou correr e lutar mas dois homens saíram do veículo e a seguraram por trás enfiando-a por fim dentro do carro.

- Como ninguém escutou isso? Jogaram o carro na calçada e ela obviamente gritou por ajuda. - Olhei mais de perto tentando entender melhor o que tinha acontecido e tentando ver a placa do carro.

- O senhor não ouviu nada suspeito lá fora? - Ashido perguntou pegando um bloco de notas e começando a anotar as características do carro.

- Não senhora. Eu trabalhei até as cinco da tarde hoje. Cheguei muito cansado. - Ele falou desinteressado.

A realidade era que mesmo se ele estivesse em casa não teria saído para ajudar, a maioria das pessoas não responde a um chamado de ajuda de uma mulher, mesmo que ela grite o mais alto possível, alguns até vem ajudar quando acham que existe risco de incêndio, mas isso é apenas para preservar a sí próprios. Olhando para aquela expressão de puro tédio e desinteresse sufoquei a vontade gritante de bater com a cabeça dele no monitor e me concentrei no mais importante.

- Precisamos das filmagens, tem algum Pen-drive que possa me dar com elas dentro? - Perguntei

Levou alguns segundos até que ele conseguisse me entregar o que eu pedi. De volta para a delegacia, acompanhei Ashido para a sala dos detetives, limpar a imagem e procurar pelo carro seria um bom começo, por estarem de costas para as câmeras não deu para pegar o rosto dos homens que agarram a Mako, mas o carro já ajudaria bastante.

Enquanto Ashido tentava encontrar traz mais sobre o carro pude ouvir um pouco da conversa entre o capitão e o Ministro dentro da sala.

- Eu vou dizer agora para que vocês entendam de uma vez. Se não encontrarem minha filha, podem dar adeus a seus empregos e patentes. Isso é culpa sua e da sua equipe incompetente, resolva toda essa bagunça. - Os gritos do Ministro ecoaram pela delegacia inteira.

Sentada na mesa de Mako estava a irmã dela, ela se agarrava em uma blusa de frio que Mako deixava lá guardada, o rosto estava vermelho e um pouco inchado de tanto chorar, quando me viu levantou a cabeça e limpou as lágrimas rápido, por um instante vi o brilho da irmã em seus olhos.

- Se está tão preocupada com a sua irmã não devia ficar parada aí chorando. Seu pai é um homem influente, vocês dois podem usar a mídia para dar visibilidade para esse sequestro e arrancar uma resposta do sequestrador, nós temos a gravação da hora exata em que ela foi levada e com isso já podemos assusta-los, tenho certeza que ninguém seria corajoso o suficiente para manter a filha de um Ministro em cativeiro. - Ela pareceu pensar um pouco enquanto me ouvia falar.

- Tem razão. - Ela se levantou e tomou fôlego limpando o rosto outra vez antes de abrir a porta da sala com um empurrão.

- Pai, não vai resolver ficarmos parados aqui. Eles já estão fazendo tudo que podem, precisamos convocar uma coletiva e deixar vir a público o que está acontecendo, se não devolveram a Mako pelo menos vamos mostrar que nós estamos envolvidos e que vamos fazer de tudo para que ela volte. - a garota falou em um fôlego só encarando o pai.

A intensidade dela era quase a mesma que a de Mako, as duas devem ter herdado isso da mãe pois o pai se encolheu um pouco e pareceu pensar.

- Eu não queria dar audiência para esse tipo de atitude mas vendo agora você tem razão, não adianta ficarmos parados de braços cruzados, mesmo que a culpa não seja minha, a Mako é minha filha. - Ele respirou fundo massageando a testa. - Certo, vamos. É melhor do que ficar parado aqui.

Enquanto saiam pude ver o capitão respirar aliviado, sem a pressão deles aqui dentro da delegacia as coisas ficariam mais fáceis de se resolver.

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