Capítulo Quarenta

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Gamagoori

Do lado de fora eu pude ouvir e ver conforme os homens entravam e começavam a disparar.

— Vão, vão, em formação. – O líder deles falou no rádio.

— Tem três salas fechadas aqui. Me de cobertura vamos abrir uma de cada vez.

Me inquietei perto do rádio, eu queria mais do que tudo ter entrado junto com eles, queria estar lá no momento em que abrissem todas as salas, eu precisava encontrar Mako.

Os sons de tiros que se iniciaram causaram um silêncio mortal entre os agentes que estavam atrás de mim.

— Acabamos de derrubar um deles, fiquem atentos, podem ainda haver mais.

— Nada na primeira sala. Tudo limpo.

— Limpo na segunda também.

— Tem alguma coisa aqui. Terceira sala.— Um deles falou. — É a mulher. Consegui encontrar, ela está na terceira sala. Vamos retira-la daqui.

Uma mão firme me segurou no lugar quando tentei me levantar de onde estava escondido.

Mankanshoku.

Me virei de costas para a porta assim que ouvi a maçaneta girar.

— Tem alguma coisa aqui. Terceira sala. – Uma voz masculina soou atrás de mim me obrigando a virar. — É a mulher. Consegui encontrar, ela está na terceira sala. Vamos retira-la daqui.

Um policial, fardado e segurando um fuzil me encarava com cara de espanto.

— Senhorita, viemos te levar para casa, consegue andar? – Ele perguntou.

Mais que depressa coloquei minhas pernas em movimentos, lutando para ignorar a dor e a tontura que me sufocaram, meu corpo agora parecia frágil como vidro prestes a ser estilhaçado.

Um grupo de quatro homens me cercaram, guiando meus passos e me protegendo. Quando abriram a porta e toda a claridade entrou quase fechei os olhos, minhas pernas fraquejar e eu quase caí de joelhos. A onda de alívio que me percorreu foi libertadora.

O som da sirene da ambulância e passos vindo até mim, meu nome sendo dito em voz alta e as pessoas me colocando na maca de transporte, todo o medo que eu estava sentindo antes se dissipou e relaxou meu corpo fazendo com que aos poucos tudo ficasse escuro.

Gamagoori

Assim que saiu de lá de dentro Mako parecia frágil de mais, os passos lentos e cansados vinham se arrastando no meio dos homens que escoltavam seu caminho, a ambulância já estava do lado de fora pronta para o procedimento padrão em caso de cárcere. Não pude me aproximar muito pois os paramédicos me barraram.

— Avise para a família para qual hospital nós estamos indo Tenente, vamos começar os procedimentos padrões e em breve vai poder vê-la

Mako ao se sentar na maca pendeu para o lado e fechou os olhos, as marcas de olheiras sob seus olhos me assustaram tanto quando as marcas em seus punhos e calcanhares, as roupas estavam sujas e um pouco rasgadas, ela deve ter lutado com eles enquanto estava presa, no rosto tinham alguns arranhões superficiais, mas a pele estava pálida.

— Ela vai ficar bem? – Não consegui conter a pergunta estúpida que me escapou.

— Vamos fazer o possível para que sim, agora volte ao trabalho senhor.

Depois que os paramédicos saíram com a ambulância meu mundo pareceu rodar, eu devia ter entrado dentro da ambulância, devia ter obrigado eles a me levarem junto.

Uma mão se apoiou em minhas costas me dando dois tapinhas.

— Vá para o hospital, vamos precisar de um policial lá quando ela recobrar a consciência. Lembre-se de avisar os familiares. – O capitão falou me entregando as chaves de uma das viaturas, não perdi tempo antes de me enfiar em uma delas.

O caminho para o hospital estava engarrafado e cheio de trânsito, me mover pelo caminho sem ligar a sirene foi quase impossível. Quando finalmente cheguei os médicos já estavam em volta dela fazendo o atendimento.

— Vou pedir para que espere lá na recepção até ela estar devidamente pronta. – A enfermeira falou me empurrando de volta para a recepção.

Sufoquei a irritação que crescia dentro de mim. Inferno, detesto que me deem ordens sem nem ouvir o que tenho para dizer. Aceitei apenas para que pudesse informar para a família de Mako que ela já tinha sido encontrada e que agora receberia o devido tratamento.

— Ryoku? – Falei uma voz feminina atendeu minha ligação.

— Sim Tenente, teve alguma notícia? Conseguiram encontrar minha irmã?

— Já estamos no hospital fazendo os exames padrões, pelo que eu pude ver ela está bem, não me deram informações já que não sou da família, venha até o hospital para que possa saber todas as informações. – Quando terminei de falar ouvi um choro alto vindo do outro lado da linha.

— Pai, pai eles acharam a Mako –  A voz embargada de Ryoku pareceu distante enquanto ela falava.

— Onde estão? Vamos para lá agora. Pegue suas coisas

A ligação caiu logo depois, me joguei no banco da recepção enviando a localização pra Ryoku.

Fechei os olhos e passei as mãos pelos meus cabelos, o alívio que me percorreu quase fez minhas pernas ficarem moles, respirei fundo quando o cansaço finalmente me alcançou.

O Revés Do Seu AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora