Capítulo Onze

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O jornal não conseguia capturar cada detalhe, uma prova disso é que eles estavam acompanhando Moroe com a câmera por ele ser o homem mais velho em campo ignorando por completo Dias que em todo momento berrava ordens e instruções.

Por um instante tudo parou, Dias e os outros do esquadrão se abaixaram e se esconderam atrás dos carros.

— O que está acontecendo? Porque estão parados? – O câmera perguntou ao repórter que prontamente fez sinal pedindo silêncio.

— Os ânimos ficam cada vez mais exaltados por aqui como pode ver telespectador, os policiais montaram barricada para se defenderem das balas que voam pelos ares e ao que parece estão esperando ordens de seus superiores, que infelizmente não sabemos onde estão. – O repórter falou olhando para a câmera com uma expressão séria.

De repente os dois policiais saíram de trás dos carros onde estavam escondidos o pai e o filho, ambos abaixados e protegidos pelos oficiais, o repórter vibrou comemorando.

— Eles conseguiram desarmar dois dos atiradores e os estão colocando nos camburões para transporta-los em segurança.

O som de um tiro fez todos se abaixarem levando as mãos as cabeças, tinha vindo de dentro da casa dos outros três atiradores, vinha direto de onde Ira e Ashido estavam.

— Droga, não deu para resolver de forma pacífica lá dentro, diferente dos outros dois. – Max murmurou ao meu lado.

Me sentei na cadeira prestando atenção em cada detalhe, mas até mesmo o repórter pareceu travar.

Gamagoori

A Casa velha estava quase caindo aos pedaços, o portão enferrujado faria barulho demais para ser aberto, Ashido subiu no muro olhando para dentro da casa.

— Está limpo, senhor. –  Ela pulou do outro lado depois de me informar.

Segui seus passos, ao aterrissar do outro lado ela já estava escondida atrás da porta esperando instruções para poder avançar.

— Estão no andar de cima onde tem melhor vista e mira, pelo que contei são três atiradores e estão e lugares separados, assim que anunciarmos nossa entrada eles vão fugir ou lutar, se for a segunda opção certifique-se de que derrube rápido o adversário. – Instrui Ashido vendo-a concordar com a cabeça e se preparar para lutar.

Peguei a arma em meu coldre me preparando, por sorte a chuva que caia mais cedo cessou deixando apenas a lama fétida e escorregadia no quintal da casa.

A porta de trás da casa estava aberta os atiradores não pensaram que alguém invadiria sem que eles ouvissem.

Entrei com Ashido em meu encalço me dando cobertura. Três atiradores ao todo, desarmar os três e convence-los a se entregarem sem uso de força letal. Ashido foi a única que se ofereceu no mesmo momento para entrar comigo.

Senti um toque no meu ombro, ela gesticulou para a porta dos quartos. Dois quartos, ambos com as portas abertas, em um estava apenas um segurando um rifle de caça algumas garrafas de cerveja caídas ao seu lado. No outro quarto estavam dois deles, apenas um rifle nas mãos do maior deles. Dois homens, cada um devia medir um e oitenta sendo que um deles era maior que o outros uns bons centímetros, caucasianos, tatuagens espalhadas pelos braços.

Indiquei o que estava sozinho para Ashido e ela prontamente obedeceu.

Ela foi primeiro, caminhando em silêncio para dentro do quarto. Esperei que ela entrasse e avançasse para cima do outro, o restante deles sairia para ver o que estava acontecendo e eu os pegaria de uma só vez.

— Polícia, coloque as mãos onde eu possa ver. – A voz de Ashido ecoou pela casa. — A casa já está cercada não tente nenhum tipo de gracinha.

— Merda, é a polícia. – um dos dois que estavam no quarto do outro lado falou baixo.

O barulho que se seguiu foi de luta. No mesmo instante os outros dois começaram a correr para fora largando o rifle para trás.

Primeiro a sair caiu com um soco surpresa, o segundo ao perceber parou de correr e plantou os pés no chão cerrando os punhos em minha direção.

— Polícia, deita no chão e coloque as mãos na cabeça. – Ordenei apontando a arma para ele.

Ele me avaliou primeiro, calculando a chances que eu tinha de errar o tiro caso dele se aproximasse rápido de mim. Com um minuto de distração não percebi que o primeiro se levantou e avançou para cima de mim seu objetivo era me afastar da arma.

Ele pegou a arma forçando meu punho para o lado, disparei sem esperar que ele conseguisse tirar a arma de mim, a bala passou de raspão em seu ombro com a mão livre ele socou meu rosto me fazendo balançar e jogou longe a pistola.

— Foge, você não pode voltar pra cadeia de novo. – Ele gritou para o outro que começou a correr para fora não consegui conter o sorriso de escarnio.

— A casa está cercada, não tem para onde ir agora. – Esperei que ele abrisse a guarda e levantei os punhos acertando um soco direto em seu estomago ele caiu feito um saco de batatas se encolhendo.

Ashido já havia conseguido derrubar o cara e algema-lo, entreguei o segundo a saí para pelo outro.

Ele conseguiu descer rápido as escadas e já estava quase perto do muro.

— Não tem para onde ir, está tudo cercado. – Orientei quando percebi ele queria pular e fugir.

Ele continuou tentando, puxei a arma e dei um disparo de aviso próximo ao seu pé.

— O próximo vai ser na sua perna ou na sua cabeça se continuar me irritando.

Ele parou e se virou em minha direção.

— Senhor eu não fiz nada, só estava lá olhando. O Velho chegou metendo bala para todo lado, só estávamos nos defendendo.

— Defendendo? Uma garotinha de sete anos foi baleada dentro do quintal da própria casa graças a vocês. – Expliquei sentindo minha irritação subir cada vez mais.

Não foi só ela, uma senhora que voltava do pronto socorro depois de visitar a filha que foi internada também foi atingida, a bala pegou no ombro e estilhaçou o osso, ela está internada em estado grave pode morrer por hemorragia, fora ela um homem que voltava do trabalho também foi pego no tiroteio por sorte dele foi apenas de raspão na perna. Ele ainda tem a coragem de olhar para mim fingindo culpa.

— Deita no chão e coloca as mãos onde eu possa ver. – Quase rosnei enquanto falava.

Ele obedeceu no mesmo instante reclamando quando apertei a algema em seu pulso. Ashido saiu de dentro da casa trazendo os outros dois.

O Sorriso discreto que brilhava em seu rosto era a única coisa que revelava a adrenalina que queimava em todo seu corpo.

O Revés Do Seu AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora