Capítulo Trinta e Oito

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— Vai funcionar assim, todas as vezes que eu fizer uma pergunta e você não responder eu puxo o gatilho, tem cinco tentativas, mas como já sabe eu deixei uma bala dentro do tambor, uma hora ou outra ela vai sair, se me responder direito não vai se machucar. – Falei encarando-o, ele nem ao menos se mexeu o olhar de deboche ainda impregnado no rosto. — O que você sabe sobre a mulher que o seu chefe levou?

Ele continuou me encarando sem abrir a boca, apontei a arma para o joelho e olhei no fundo de seus olhos ao puxar o gatilho, o som metálico do clique fez com que ele pulasse na cadeira, o tambor da arma rodou.

— Você é maluco gambé? Não pode atirar em mim dentro de uma delegacia. Eu não sei de nada caralho. –  O grito esganiçado que saiu dele mais parecia o de um porco.

— O que você sabe sobre a mulher que seu chefe mandou que levassem? Eu sei que ele informa para as partes mais baixas ficarem atentas a tudo que está acontecendo, e que a essa altura já tem um alarme na polícia. – Apontei a arma para a coxa vendo-o se encolher. — O que você sabe da mulher que sumiu?

— Acha que eles contariam alguma coisa para um traficante e ladrão que vive sendo pego pela porra da polícia? – Ele falou mais alto dessa vez lutando contra as algemas.

— Os ladrões são sempre os mais esperto, escutam tudo na surdina e sabem bem mais do que parece. –  Murmurei começando a ficar mais irritado, Souza não daria um nome inútil, não quando sabe que a situação podia ficar muito pior para ela do que já estava.

Puxei o gatilho ouvindo o som seco e vendo o tambor rodar outra vez.

— Você só tem mais três chances, a bala vai sair em qualquer momento. Me dê alguma coisa útil e aí pode ter certeza que eu vou parar.

Apontei a arma para sua virilha desta vez, mirando entre as pernas que ele tentou fechar a todo o custo lutando contra as algemas e pulando na cadeira. Dantas olhou para mim com os olhos arregalados, todo aquele desafio e insubordinação sumiram, nas írises castanhas apenas medo e raiva brilharam, o pânico e a insegurança, o medo acima de tudo era a melhor dor que eu poderia usar.

— A única coisa que eu sei é que tudo tá uma bagunça, o chefe tá muito puto por causa do ministro e dos policiais que estão acompanhando ele na busca. Ele suspendeu a distribuição para os traficantes mais baixos, tem um barracão onde eu pegava as drogas para poder vender, disseram que não era pra ninguém aparecer lá por pelo menos uma semana. – Dantas falou com a voz baixa e olhos arregalados ainda olhando para a arma em minhas mãos.

— Onde é o barracão? – Perguntei baixando a arma e sem nenhuma modéstia ele cuspiu o endereço.

Na mesma hora Ashido abriu a porta.

— Temos que avisar o capitão e reunir a T.I.G.R.E. – Ashido falou.

Coloquei a arma novamente no coldre e sai da sala.

— Acha que a Mako está mesmo lá? – Ela perguntou quando eu fechei a porta.

— Em um barracão afastado da cidade onde ela pode gritar e tentar fugir que ninguém vai poder ouvir ou interferir? Tenho certeza que eles enfiaram ela lá. – Falei

Ashido olhou para a arma em meu coldre.

— Usou munição de verdade? – Ela perguntou baixo.

— Não, retirei quatro balas e enquanto ele não estava vendo tirei a quinta também, o tambor está completamente vazio. – Expliquei enquanto corríamos para a sala do capitão.

Assim que abri a porta o Ministro já estava sentado em frente ao capitão em uma conversa séria.

— Temos uma possível localização. – Falei atraindo a atenção dos dois.

— Encontraram minha filha?

— Talvez, descobrimos sobre um barracão que o LaFontana costuma usar como distribuidor, ele mandou que ninguém se aproximasse do lugar, tenho quase certeza que ela está sendo mantida lá.

— Entre em contato com a T.I.G.R.E, avise sobre a situação e diga que temos que cercar todo o local. – O capitão falou.

T.I.G.R.E ou Tático Integrado do Grupos de repreensão especial era o grupo dentro da polícia civil que lidava com casos de sequestro ou cárcere. Eles iriam entrar dentro do barracão para resgatar Mako.

— Algumas pessoas me devem favores, vou cobra-los para que isso seja feito o mais cedo possível. – O pai de Mako se levantou e puxou o celular do bolso antes de sair.

Era questão de tempo até Mako voltar em segurança para casa novamente, não permiti que a pequena gota de alivio em mim me relaxasse mesmo que de forma mínima, ela ainda não estava segura.

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