Capítulo Quinze

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Durante todo o tempo que esperei meu horário terminar tudo dentro da minha cabeça começou a dizer o quanto seria errado me envolver com Ira, todo o problema que ele enfrenta no dia a dia está começando a me afetar de uma forma que não é boa, ficar preocupada com ele durante as missões se torno tão frequente que até mesmo Max já percebeu, os problemas que preciso lidar aqui dentro do ambiente de trabalho já são suficientemente complicados, ainda consigo ouvir a voz de dias insinuando que eu corri para dentro da sala dele, imagine se o capitão descobrir que eu saí com ele e acabei me envolvendo de maneira romântica com Ira aqui dentro da delegacia mesmo. Peguei meu celular e desbloqueei indo direto até o número dele.

Na lista de contatos o nome "Gamagoori, Ira" me chamou atenção e quase me fez rir, nome e sobrenome não sei como não especificou "Tenente Ira Gamagoori, decima terceira divisão. "

Meu coração pareceu se aquecer levemente.

Bati a cabeça com toda a força na mesa tentando fazer as ideias se organizarem lá dentro.

— Tá tudo bem Mankanshoku? – Essa pergunta anda ficando frequente de mais aqui dentro desse lugar.

Quando levantei a cabeça dei de cara com o capitão me encarando de forma estranha.

— Sim senhor, eu só estava procurando uma coisa que caiu. – Sorri amarelo enquanto falava.

— Pode ir mais cedo pra casa hoje, não vou precisar mais de ajuda por hoje. Obrigado. – Ele falou me dispensando.

Mais que depressa peguei minhas coisas e me despedi saindo rápido da delegacia.

A distância da delegacia até em casa nunca foi tão longa, mas hoje parecia levar uma eternidade para chegar.

Ao chegar pude ver o carro de minha irmã estacionado na frente do prédio. Moro sozinha desde muito nova, as vezes Ryuko vem me visitar ou me busca no trabalho, isso só quando ela quer fugir de nossos pais e ficar desaparecida por algum tempo.

— O que está fazendo aqui Matoi? – Perguntei batendo as mãos no vidro do carro com intuito de assusta-la, Ryuko pulou lá dentro pude ver seu celular voar de sua mão.

— Briguei com papai hoje mais cedo posso passar a noite aqui?

— Outra vez? Não está se tornando frequente de mais? – Perguntei abrindo a porta do carro para que ela pudesse sair e me acompanhar para dentro.

— Você sabe como ele é, Mako. – Ela suspirou passando as mãos pelos cabelos pretos — Quer tudo do jeito dele sempre. Depois que você foi embora é como se ele tivesse despejado todas as expectativas em cima de mim.

— Vem, vamos entrar. Hoje é sexta e eu não tenho que trabalhar amanhã podemos ficar acordadas até tarde comendo porcaria – Ryuko pegou uma mochila que tinha com ela e prontamente me seguiu.

O silencio do elevador fez ela se inquietar.

— Como vai o trabalho na delegacia? Está indo do jeito que você quer?–  Quando Ryuko perguntou arrancou uma risada que eu nem sabia que estava presa.

— Gosto do caos daquele lugar, parece que no meio da bagunça eles encontraram um jeito de se organizarem. – Murmurei para mim mesma.

— E aquele policial lindo que estava encarando você no dia que fui te buscar? – A caçula abriu um sorriso sugestivo — Ele estava afim de te algemar?

A vergonha me atravessou, ainda conseguia sentir as mãos quentes percorrendo meu quadril.

— Roubei um beijo dele hoje no calor do momento. – Falei de uma vez e desci do elevador quase correndo sem dar tempo para que ela absorvesse a informação.

Já na porta do apartamento pude ouvir a gargalhada alta de Ryuko vindo de dentro do elevador, ela riu tanto que quase deixou a porta fechar enquanto estava lá dentro.

— Então vai ser você quem vai algemar ele? – A pergunta veio carregada de insinuações.

— Não era pra você ser mais respeitosa com a sua irmã mais velha? – Chiei entrando e mantendo a porta aberta para que ela entrasse logo em seguida.

Ryuko entrou atrás de mim e fechou a porta me fitando de cima a baixo.

— Ele retribuiu seu beijo roubado? ... não, espera...Claro que retribuiu se não você não estaria me contando. – Ela falava e respondia as próprias perguntas —Você gostou?

Fiquei quieta ignorando a pergunta curiosa demais.

— Você gostou, Mako. –  Ela soltou um gritinho estridente quando respondeu a própria pergunta.

— Você anda muito solitária, pergunta e responde a si mesma. – Balancei o rosto em repreensão sentindo meu rosto cada vez mais quente de vergonha.

— Você vai me contar absolutamente tudo, irmãzinha. – Ela falou pulando no sofá completamente empolgada. 

O Revés Do Seu AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora