SUBMUNDO
Afrodite caminhou até a frente do sofá, abaixando-se a altura dos olhos de Lys. Seus dedos trêmulos tocaram a face da garota e ele sorriu admirando seus olhos da cor do oceano. Ela percebeu que o homem estava lutando para não beijá-la. A respiração ofegante e a expressão de dor não passaram despercebidas por trás do sorriso do deus do amor.
- Você está bem? - ele perguntou com lágrimas pelos olhos bonitos.
- Sou eu quem deveria perguntar isso a você.
- Você mudou, Lys... - ele sorriu triste.
- Mudei? - ela perguntou estranhando a afirmação.
Hades pigarreou chamando a atenção dos dois.
- Preciso conversar com Perséfone... Vou deixá-los. Lys, qualquer problema apenas chame um de nós e apareceremos logo em seguida.
Ela assentiu e Hades logo desapareceu do meio da sala.
- Como eu mudei, Afrodite? - ela retomou o assunto.
- Nunca odiei tanto ser o deus do amor... - ele pausou engolindo um nó na garganta – quanto na hora que entrei aqui e senti que tinha se entregado a Poseidon.
- Me desculpe por isso... Por fazê-lo sofrer. - a garota disse abaixando os olhos.
Ela não conseguia explicar o porquê, mas era como se uma parte de si estivesse terrivelmente machucada por feri-lo. Ela amava Poseidon e sabia disso, mas em uma outra parte de si mesma vivia uma outra ela que precisava ver Afrodite bem. Queria consolá-lo e beijá-lo e garantir que suas lágrimas não escorressem mais. A menina estava confusa, atordoada com os sentimentos que a invadiam quando estava perto dele. Não conseguia saber se esse efeito era causado por estar diante do deus do amor e talvez a mercê de seus poderes... Ela saberia se tivesse mais tempo com seu guia, que ser mestiça significava conviver com duas personalidades dentro de si e talvez se tivesse tido esse tempo, saberia se controlar melhor. Mas nada acontecia como queriam, apenas como o destino traçava.
Afrodite tomou as mãos dela entre as suas e beijo-as e no mesmo instante a garota sentiu centelhas lhe percorrer o corpo.
- Seu amor por ele é forte, Lys, e agora foi consumado. Eu imagino que cedo ou tarde ele perceba que não está morta. Ele vai sentir. O que pretende fazer? Ficar o resto da vida se escondendo? Não é fácil se esconder de um deus.
Lys abaixou a cabeça e suas lágrimas começaram a pingar sobre os dedos de Afrodite que acariciavam suas mãos. Ele se levantou e puxou-a para um abraço escondendo o rosto da jovem mestiça em seu peito.
- É tão inútil ser o deus do amor quando não posso fazer sua dor sumir e você simplesmente se apaixonar somente por mim... - disse acariciando os cabelos dela – Se eu pudesse, Lys, eu voltaria no tempo e a tiraria daquele castelo no mesmo instante em que nos encontramos. Você não o amaria, e nós não sofreríamos, e meu coração não estaria tão desesperado por não poder fazê-la feliz.
Ele pegou Lys nos braços e levou escadaria acima. Abriu a porta do quarto onde ela ficaria em sua estadia e colocou-a sobre a cama. Ela não protestou, estava exausta. Os lábios de Afrodite desceram em direção aos da mestiça, mas pararam a poucos centímetros e se encaminharam para a testa dela. Ali ele pousou um beijo terno, acompanhado por um gemido de dor, causado pelo tamanho esforço em manter o controle sobre seus instintos.
- Descanse minha, pequena sereia... Por hora, é tudo o que você pode fazer.
Ele saiu do quarto, deixando-a sozinha.
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Poseidon (Autora: Sra.Jeon)
Fantasy[...] Quando há oitocentos anos o reino entrou em colapso por causa do golpe malsucedido de Heiya e Apôgeon, rei do clã de sereianos do qual Lys descendia, Hades preferiu fazer com que Poseidon acreditasse na morte dela. Seria mais fácil, mas o que...