Capítulo 31 - Fuga do Marinna

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Thanatos voou em direção ao turbilhão de energia roxa que se formava ao redor de Hades. Teve que fazer um esforço enorme para conseguir alcançar seu mestre, e quanto mais próximo chegava, mais seu corpo vibrava de forma dolorosa, como se todas as células de energia que compunham sua alma começassem a se desfazer. O rapaz fechou os olhos, lutando contra a dor, invocando a imagem da doce e bravia Pandora que não conseguia negar mais seu amor por ele, do mesmo modo que ele começava a aceitar que não fugiria dos sentimentos que ela despertava em nele.

Uma de suas mãos tocou o ombro de Hades e imediatamente a sua asa correspondente desintegrou-se de fazendo-o berrar de dor. Afrodite pôs a mão na frente do rosto, tentando enxergar contra o tufão de energia. O caos se instalava, tal como no princípio de tudo. Hades começava a se tornar novamente a besta temida que era antes de Perséfone ensinar-lhe o amor.

Thanatos, mesmo contra a onda de dor que o arrebatava, agarrou-o com a outra mão, perdendo em seguida sua outra asa. Outro grito, mais lágrimas, mas ele não desistiria. Então agarraou-se firmemente contra as costas de seu mestre, abraçando-o para que pudesse chegar próximo ao ouvido do assustador Senhor da Morte. Hades rosnou feroz, sentindo braços desconhecidos envolvê-lo.

- Senhor... Precisa... - um gemido de dor saiu pela boca do rapaz, mas ele continuou - Precisa se acalmar. Destruirá tudo. Perderá sua filha... Sua esposa...

O rapaz sentiu que a energia arrefeceu minimamente, mas já era uma esperança, estava dando certo.

- Precisa pensar nelas. - Thanatos tentou de novo - Sei que não se importa se tudo desaparecer, e que agora só quer destruir tudo o que ousou lhe desafiar, mas sua esposa ainda vive. Sua filha está lá em cima esperando pelos pais.

- Per...sé...fone - disse Hades com voz gutural. Ele apertou os punhos ao lado do corpo lutando contra a própria força. - Pando..ra...

- Isso mesmo, Senhor. Lembre-se da sua família!

Um clarão de energia, como a explosão de uma bomba cegou Afrodite momentaneamente. O zumbido no ouvido fez seus tímpanos sangrarem e ele se abaixou com as mãos aos lados da cabeça, tonto.

Silêncio, um longo silêncio se seguiu.

Quando as coisas começaram a se distinguir no meio da claridade, que aos poucos foi diminuindo, o deus do amor notou uma figura de preto vindo em sua direção. Ele apertou mais os olhos e notou que era Hades, em sua forma humana e que ele carregava em seu ombro Thanatos desacordado e com as asas apenas nas estruturas ósseas, completamente chamuscadas.

Yoon tinha desaparecido de suas vistas, juntamente com seu general.

Hades puxou Afrodite pela gola e jogou-o sem esforço algum sobre o outro ombro.

- O que vai fazer? - Afrodite perguntou ainda tonto.

- A única coisa que posso no momento.

Um imenso portal sugou-os para cima e se fechou de forma violenta. Os três surgiram no campo de Deméter e Hades largou-os no chão de forma abrupta, jogando- se ao solo, em seguida, esgotado.

Pandora chegou da porta ao detectar a energia de seu pai que estava muito fraca. Ao vê-los a menina correu em sua direção, desesperada. Ela caiu ajoelhada entre as pernas do pai, chorando compulsivamente. O deus dos mortos sentou-se e puxou a menina para seu abraço, beijando-a na tempora.

- Pai! O que você fez? O que você fez, papai?

- Eu vou resolver, prometo, minha morceguinha. Eu juro, vamos voltar para casa.

Por cima do ombro do seu pai ela viu Thanatos, caído ao lado de onde Afrodite estava sentado, massageando o próprio pescoço. O deus do amor seguiu os olhos da afilhada em direção ao rapaz. Pandora soltou um soluço alto e empurrou seu pai para longe.

Poseidon (Autora: Sra.Jeon)Onde histórias criam vida. Descubra agora