Lys olhou incrédula para a situação de sua amiga, presa como um animal, quase sem forças. Assim que os guardas abriram as portas do quarto, ela correu até Perséfone, que de tão drenada parecia que ia desmaiar a qualquer momento. Ela se sentou na cama, colocando a bandeja com pão, frutas e uma jarra de água, ao lado, na mesa de cabeceira. Aflita, acariciou o rosto da mulher, fazendo-a focar torpemente. Os olhos azuis de Perséfone estavam quase se apagando.
- Perséfone! Perséfone! Fique acordada! - ordenou Lys com firmeza.
Perséfone sorriu fraca.
- Não deveria estar aqui, Lys. - respondeu num sussurro quase inaudível.
Lys pegou um pouco de água e levou aos lábios da amiga. Ela sorveu o líquido com avidez, quase engasgando.
- Meu irmão passou de todos os limites! - apertou a mão na própria calça.
As duas ouviram palmas vindas da porta, Perséfone foi a primeira a erguer os olhos. Lys se virou dando de cara com alguém que ela não conhecia de fato, mas, pela aparência, sabia exatamente de quem se tratava.
- Eu precisava tanto ver essa cena... - Heiya sorriu. O encantamento de Yoon sobre seus lábios tinha se disolvido e agora ela estava recuperada e com sua voz de volta. - A Grande Imperatriz do Submundo, enjaulada! - ela riu de forma zombeteira e rodopiou como se se divertisse. Uma criança em um parque.
Lys se levantou indo em direção a mulher, mas sentiu uma forte vertigem e se abaixou vomitando.
- Ah, querida sobrinha... - ela virou a cabeça de lado e entrou no quarto. Afagou a cabeça de Lys, que mesmo tonta estapeou sua mão. - Seu irmão não me deixava vê-la, eu senti tanto sua falta... Sabe por que Yoon a mandou ser rápida? Essas grades sugam energia dos deuses. - ela ergueu os olhos para Perséfone, sorrindo. - Aposto que nem mesmo Hera, que queria tanto tripudiar sobre você, se demorou... Eu, por outro lado, estou tão feliz por não ser uma deusa no momento. - ela gargalhou se erguendo e dando outro giro.
- Você é o ser mais detestável do universo. - Lys ela pôs a mão na barriga tentando conter outra náusea. - Eu não sou nada sua... Ser asqueroso!
Heiya se acocorou perto dela e apoiou o cotovelo no joelho, olhando por baixo da cortina de cabelos loiros da deusa.
- Tem certeza? Somos tão parecidas, lindinha... Eu poderia perfeitamente ser sua mãe... - ela sorriu de um jeito cruel.
- Mentira! Lys , não dê ouvidos a essa cobra. Ela quer confundir você. Por.. favor... Lys... saia... daqui. - Perséfone puxou o ar, cansada demais - As barras sugam você mais rápido por causa do seu bebê. São dois deuses em um invólucro. Eu vou ficar bem, mas saia daqui!
- Onde está meu pai? O que fez com meu irmão? Devolva o meu verdadeiro irmão!
Heiya olhou as unhas e caminhando até a beira da cama de Perséfone, sentou-se ali. Tornou então a focar em Lys, que permanecia agachada, com as duas mãos no chão, buscando se firmar.
- Quanto ao seu pai, bom, isso é com seu irmão. Nem eu sei onde ele o mantém. - ela soprou a unha como se tirasse alguma poeira - Já em relação ao Yoongi.... Lamento decepcioná-la, docinho, mas aquele é seu verdadeiro irmão. Só aflorei o que há de... hum... melhor nele? - ela riu.
Lys ia responder, mas vomitou novamente. Heiya se levantou e segurou seus cabelos.
- Oh, meu benzinho... Você não me parece bem. Quer que a mamãe lhe prepare um chá? - gargalhou e empurrou Lys, fazendo-a cair de cara no próprio vômito. - Isso é por se atrever a pegar o meu lugar ao lado de Poseidon. Como ousa ascender ao Olimpo, aquele é o meu trono!
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Poseidon (Autora: Sra.Jeon)
Fantasy[...] Quando há oitocentos anos o reino entrou em colapso por causa do golpe malsucedido de Heiya e Apôgeon, rei do clã de sereianos do qual Lys descendia, Hades preferiu fazer com que Poseidon acreditasse na morte dela. Seria mais fácil, mas o que...