Capítulo 24 - Uma Humana no Olimpo

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Olimpo

Irina reparava no amplo quarto a sua volta. Parecia uma espécie de palácio. Podia perceber pela densidade das cobertas e a maciez dos travesseiros que era tudo caríssimo, na verdade, as texturas eram quase surreais. Ela escorregou para fora da cama kingsize e seus pés foram agraciados com um felpudo tapete de pelos. O homem mandara que ela não saísse do quarto, mas não dissera nada sobre andar por ele. Ela buscou o interruptor na parede, mas não encontrava nada. Mas claro, pensou, ricos não se levantam para acender as luzes. Então, Irina bateu palmas e as luzes fulgurantes se acenderam.

Ela piscou algumas vezes para se acostumar com a claridade. Nunca tinha visto nada parecido com aquele cômodo, até por que, salário de repórter científica não garante muito além de uma passagem de segunda classe para um país ou outro de vez em quando. Riu-se de si mesma.

A mulher deslizou os dedos pela madeira lustrosa branquíssima da cabeceira da cama, tentando entender como um cara como ele e Chernobyl se conectavam. Talvez ele fosse algum figurão dono de empreendimentos exóticos querendo construir um hotel na zona próxima, e estivesse explorando os lugares proibidos. Ou, então, um turista ricaço que pagara uma grana por um passeio privado pela zona morta. Ela suspirou sonhadora. Tudo o que sabia com certeza, é que ele era lindo demais.

Enquanto isso, Zeus voltava com pães e frutas em uma bandeja para servir a moça, quando se deparou com Poseidon e Lys caminhando lado a lado, de mãos dadas e conversando serenamente. Freou-se logo ao sentir uma presença a mais e se aproximou do casal, intrigado.

Lys logo reverenciou-o, baixando a cabeça.

 - Senhor... Desculpe a destruição. – ela disse olhando para trás de si, onde as colunas estavam rachadas.

O deus dos deuses ergueu os olhos finalmente notando. Tinha passado por ali tão distraído pensando em alimentar Irina, que nem tinha se dado conta. Ele sorriu e estalou os dedos fazendo com que tudo voltasse a ordem.

 - Sorte sua que estou de ótimo humor! – Zeus sorriu mostrando as covinhas.

 - E isso se deve a quê, meu irmão? - questionou o deus dos mares, de sobrancelha erguida.

 - Primeiro vocês... – indicou as mãos dos dois. – Senti a ligação de Lys e Afrodite se desfazendo. Ele finalmente a devolveu a você?

Lys olhou curiosa para Zeus, mas preferiu manter o silêncio. Não queria estragar novamente a paz que lhe invadia após o arrefecer da fúria.

 - Ela não é...

 - Sim, eu sei, ela não é um objeto. – sorriu novamente o deus dos deuses – Me orgulho de você, Poseidon, amadureceu.

O mais baixo corou levemente e Lys achou aquilo fofo demais, e teve que lutar consigo mesma para conter uma risadinha.

 - O bebê, como está? Posso? – perguntou aproximando-se e Lys assentiu permitindo-lhe tocar o seu ventre. – Já sabem o que é o grãozinho? Posso dizer se quiserem.

Lys negou com a cabeça.

 - Obrigada, Senhor, mas prefiro esperar que ele ou ela se revele.

 - Como desejar. Seu bebê está muito saudável e você, tem sorte, Poseidon, o bebê o ama tanto quanto ao pai de sangue.

Poseidon sorriu orgulhoso.

A conversa fluía naturalmente quando um grito de mulher os interrompeu. Eles se entreolharam espantados.

 - Vem da minha ala. – Zeus se alarmou e disse desaparecendo.

Irina havia aberto as cortinas e lá fora notara que, após um certo limite de terra, havia nuvens e por entre elas, cavalos alados subiam e desciam. Um ou outro pastava nas bordas externas da janela. E por perto, pomares lotados de frutas douradas que nunca vira na vida. Primeiro pensou estar sonhando, mas após se beliscar e sentir a devida dor, descartou a hipótese.

Poseidon (Autora: Sra.Jeon)Onde histórias criam vida. Descubra agora