Fazia pouco mais de 45 minutos desde que Thanatos deixara Perséfone onde ela pediu. Ele deveria ter subido imediatamente para o Olimpo e reportado a situação, mas resolveu esperar o tempo que sua Senhora havia requisitado. Não tinha muito o que fazer, então, decidiu dar uma checada se as ordens dadas aos espectros estavam sendo cumpridas corretamente. Ele caminhava pelos corredores escuros, saindo por uma reentrância e outra, quando Cerberus veio choramingando em sua direção. Ele parou e encarou o animal, estendeu a mão e acariciou-lhe o focinho do meio.
- O que foi, rapaz? Andou comendo o que não devia de novo?
O animal resmungou e com delicadeza mordiscou-lhe a camisa de seda negra, puxando-o.
- Quer me mostrar algo?
Ele seguiu o enorme cão, que lhe empurrava vez ou outra com um dos focinhos, até que encontrou Pandora caída em um dos corredores. Ele correu até a mulher, agora com sua aparência de vinte anos. Ela estava estática, as orbes negras totalmente vidradas, como se visse algo, encarasse alguma cena.
Thanatos puxou-a para seu colo e sacudindo-a de leve tentou trazê-la de volta.
- Pandora... Fala comigo! Consegue me ouvir? Pandora!
Mas ela não respondia, logo seus olhos se fecharam e ela apagou por completo.
- Mas que merda!
Ele ergueu a mulher nos braços e desapareceu dali, aparecendo no quarto do padrinho da menina. Afrodite estava recostado a cama, lendo alguma coisa e assustou-se com a chegada repentina do homem, que nunca entrava sem bater ou ser convidado.
- O que houve?! - levantou-se depressa. - Coloque-a aqui. - Afrodite deu espaço para que Thanatos a colocasse sobre a cama.
- Eu a encontrei caída num dos corredores da ala Sul. Foi Cerberus que me levou até ela. A princesa estava em transe, mas não dizia nada e nem esboçava reação alguma à minha presença. Depois apagou por completo.
- Onde está a mãe dela?
- Na enseada de Agistri. Ela me pediu para levá-la para tomar um pouco de sol e que voltasse em duas horas para apanhá-la.
- Você levou Perséfone para fora do castelo, sozinha? - Afrodite subiu o tom.
Thanatos confirmou com a cabeça.
- Se aconteceu algo com a Senhora do Submundo, sugiro que comece a praticar desde já o desapego por sua pele, porque Hades vai fritar você!
Thanatos ia responder, mas antes que ele tivesse a chance Pandora se moveu resmungando e sentou na cama.
- Morceguinha, o que houve?
- Alteza, se sente bem?
A garota se levantou e correu pelos corredores, como se buscasse algo, aflita.
- Não, não... Mamãe você não pode ter feito isso!
Os homens se entreolharam e correram seguindo-a. Ela entrou como um furacão no quarto dos pais e jogou o travesseiro de seu pai longe. A orbe dourada estava pousada ali, sobre os lençóis e ela a encarou, trêmula, desejando que fosse mentira. Criando coragem pegou o objeto em sua mão e sentindo a energia de Yoon nele, gritou seu pai a plenos pulmões. Sua voz ecoou pelo Palácio, balançando as estruturas. As almas que por ali vagavam, bem como os espectros e criaturas a serviço de Hades, curvaram-se de dor nos tímpanos. Cerberus uivou alto, fazendo coro no angustiante chamado.
Os olhos do deus do Submundo tornaram-se negros como a noite sem estrelas ao ouvir o chamado de sua filha. Poseidon e Zeus se entreolharam, e arrepios tomaram o corpo de ambos, que também haviam ouvido o grito de desespero da garota. Hades desapareceu dali, tão rápido que só se viu um borrão negro sumindo chão a dentro.
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Poseidon (Autora: Sra.Jeon)
Fantasía[...] Quando há oitocentos anos o reino entrou em colapso por causa do golpe malsucedido de Heiya e Apôgeon, rei do clã de sereianos do qual Lys descendia, Hades preferiu fazer com que Poseidon acreditasse na morte dela. Seria mais fácil, mas o que...