⁕Capítulo 20⁕

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⚠️Este capítulo contém: Menções de sangue, palavrões, menções de abandono, menção de morte, menções de uso de bebidas alcóolicas, menção de drogas ilícitas e conteúdo sexual⚠️

⚠️Escritas em itálico indicam flashbacks⚠️

Traição

Seria essa a melhor palavra para descrever o que Peter estava sentindo no momento em que leu a carta de sua amada. Suas lágrimas não eram de tristeza, mas sim, ódio. Raiva por acreditar nas mentiras que um dia Lyra jurou serem verídicas. Suas falas hipnotizantes ao ponto de que qualquer um podia cair em suas palavras adocicadas e olhos perdidos em meio a uma batalha interna. Peter riu para si mesmo, pensando como poderia ter sido tão idiota ao pensar que a filha do Deus da mentira não iria acabar seguindo os passos do pai mais tarde. O homem de cabelos moreno, voltou até a cozinha onde estavam esperando dois pratos acompanhados de seus devidos talheres. Com um movimento bruto, passou sua mão pela mesa, jogando os pratos para o chão até que se quebrassem causando um susto na gata da Deusa que descansava perto a cozinha. Num soco, a mesa de vidro que quebra ao meio, fazendo com que a mão de Peter se ensanguentasse por conta dos pedaços de vidro que perfuraram sua pele.

Sua respiração era pesada, e seu coração batia de acordo com o peso que sentia cada vez mais dos flashbacks dos momentos em que viveu com Lyra. O herói jamais havia sentido tanta raiva quanto estava sentindo naquele momento. Sua mente passou a cogitar que talvez tudo que tivesse passado era apenas um truque, e tudo a sua volta fosse uma projeção feita pelo governo manipulador como se estivesse numa matriz. O garoto sabia que jamais deveria esperar menos vindo de uma Laufeyson, a linhagem de Deuses frios e trapaceiros. Tão ingenuo quanto uma criança de três anos, ele pensava ser. As marcas, que pensava ser de amor, apenas mostravam quanto um ser poderia sugar tanto a energia e forças boas de alguém para seu próprio benefício e prazer. Masoquismo não era uma ideia, sendo que Parker já estava convencido de que jamais poderia realmente pensar que Lyra fosse um ser do bem, mesmo que suas palavras direcionadas a ele mostrasse o contrário. Desumano, a melhor palavra para descrever um ser como aquele. Sua última ação foi tirar sua aliança, e a jogar pela janela aberta da sala.

Todos os tratos, votos de confiança e beijos não passavam de uma manipulação. Aliás, como poderia Lyra mudar em menos de seis meses por um homem qualquer? Um ser desalmado, maldoso por natureza e manipulador jamais poderia ser amado por alguém em toda sua vida. No dia em que a Deusa afirmou que jamais havia sido amada, foi uma surpresa, mas agora Peter podia entender perfeitamente. As pessoas não mudam, nem mesmo se transformam completamente. Aqueles que confiam no potencial de alguém, estão enganando a si mesmos, pois não se muda algo com o qual já nascemos. A maldade alheia, e desejo por vingança era o que a impulsionavam para conseguir a atenção e piedade de Parker.

Enquanto Peter se julgava por acreditar que um dia realmente poderia ser amado pela Deusa, Lyra chorava em seu antigo quarto em Asguard. Os soluços altos ecoavam pelo quarto, fazendo com que até a última sala do corredor do palácio pudesse ouvir o sofrimento da Deusa. A morena segurava com força os lençóis, os apertando toda a vez que sentia seu coração doer. Seus olhos passaram a se tornarem roxos novamente, enquanto suas mãos se esquentavam ao querer morrer pelo o que estava fazendo seu parceiro passar. Após olhar para a sacada, e ver as estrelas brilhando, olhou para suas mãos. Suas veias mudaram de cor, enquanto era consumida pela dor e solidão profundo, já sabendo o que Peter estava pensando dela. Talvez fosse um ódio de sua família, sua irmã e do próprio contrato a qual estava envolvida que fez com que perdesse todas as forças que a impediam de quebrar tudo ao seu redor. Um grito alto e doído saiu de sua garganta, deixando com que o verde de seus olhos se transformassem completamente num tom roxo-escuro brilhante que fez com que as prateleiras de livros e seu armário tremessem com a intensidade da onda do som. Suas mãos se tornaram para cima como um ato de redenção a culpa, deixando com que todos os objetos que haviam no quarto, levitassem e se quebrassem contra a parede. Logo, se pôs de pé, andando pelos entulhos do resto de seu quarto antigo com paredes douradas e rosadas, encarando o caos que havia causado.

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