A cozinha de Hogwarts fica de baixo do salão principal, é um aposento espaçoso, onde há quatro longas mesas exatamente iguais as mesas que ficam no salão principal, os elfos depositam às travessas de comida ali, e estas aparecem nas mesas de cima. Snape nunca entrou no lugar.
mas no seu segundo ano, quando estava na ala hospitalar da escola, depois de ter quebrado várias costelas, e o braço em um duelo particularmente desastroso com Sirius Black, tonto de dor, e esperando ansiosamente para tomar as poções de cura, viu madame Bovary chamar um elfo, e pedir para que este trouxesse comidas das cozinhas para os seus pacientes.
a bruxa, resmungando sobre quantos alunos se acidentavam na escola, veio até ele carregando um frasco com um líquido transparente na mão. quando tomou a poção, e a dor havia parado de deixa-lo tonto. perguntou sobre o elfo. Bovary deu de ombros.
- os elfos não se sentem maus trabalhando desse jeito!? - por ter crescido com um pai trouxa, ele não entendia o mundo bruxo naquela época. Madame Bovary o olhou descrente, e em seguida respondeu:
- você sabe que isso faz parte da natureza dos elfos domésticos, não é? eles gostam de nos servir. ficam horrorizados a qualquer menção de liberdade. sempre foi assim. agora vá se deitar! você precisa de repouso! - com um floreio displicente da varinha da curandeira, às velas que estavam acessas perto de sua cama se apagaram, e sem vontade alguma de desobedecer, Snape caiu em um sono tranquilo.
parando para pensar agora nessa lembrança, o garoto sente uma espécie de gratidão misturada com afeto. Madame Bovary é sem sombra de duvida a funcionária de hogwarts que Snape mais ama, e confia. foi ela que cuidou dele quando este mais estava precisando, não só os ferimentos físicos que vivia recebendo, mas os emocionais também. sempre que se sentia triste, dava uma escapada para ir até à ala hospitalar, onde desabafa com a mesma enquanto ambos tomam uma xícara de chocolate quente.
Lucius e Narcisa conversam animados. os três passam por uma porta, e desceram um lance de escadas de pedra, mas em vez destas terminarem em uma sombria passagem subterrânea, como a que leva às masmorras, os garotos se vêem em um corredor de pedra, largo, muito bem iluminado com archotes, e decorado com alegres pinturas, na maioria, de comida.
O garoto Malfoy cutuca Snape e aponta para o quadro logo atrás de Narcisa. é uma pintura de uma enorme fruteira de prata.
- Luci, como vamos entrar!? - Exclama Cissa.
- é bem simples.
o garoto agarra Cissa e Snape pelo braço, e os coloca diante do quadro, estica o dedo indicador, e faz cócegas na enorme pera verde. a fruta começa a se contorcer e rir e, de repente, transforma-se em uma grande maçaneta verde. Lucius abre a porta e empurra os dois para dentro.
Snape sabia mais ou menos como é a cozinha. mas agora vendo-a de perto, se surpreende. o aposento é amplo e tem um teto alto, repleto de tachos e panelas de latão empilhados ao redor das paredes de pedras. há também um grande fogão de tijolos.
- bem, vamos comer?
vários elfos correm até eles nesse momento, carregando bandejas de comidas, bolos e sucos. Snape acaba rindo, feliz por estar com Malfoy e Black. tanto que por umas horas se permite relaxar e esquecer que mais uma vez, os marotos estão aprontando algo.
...- qual vai ser sua próxima aula? - Lucius pergunta, espiando por cima do ombro de Sev para ver o horário que este carrega nas mãos.
- trato das criaturas mágicas, é com a Grifinoria! puts, te desejo sorte. vai precisar.
- àqueles idiotas não vão ter coragem de aprontar bem de baixo do nariz da professora. a única parte ruim é que vou ser obrigado a ficar perto de Lilian, você sabe que faz um tempo que eu consegui superar toda àquela situação, mas é sempre tenso ter que ficar perto dela e das amigas dela, megeras... agem como se fossem santas. - Lucius se despede dele, e sobe a escada do saguão, junto de vários alunos que estão rumando para às aulas.
fungando, o mais baixo sai de dentro do castelo rumo à orla da floresta. onde sua aula de trato das criaturas mágicas vai acontecer.
quando chega perto, vê que já têm alguns alunos da Grifinoria aglomerados. entretido com seus pensamentos, ele se assusta quando é empurrado para o lado. James Potter, seguido por Black e Lupin soltam risadinhas quando viram suas cabeças para trás, na direção do garoto.
uma pontada de inveja surge dentro do mais baixo quando olha para os três. eles são em pouquíssimas palavras, belíssimos e fortes. claro, pode odia-los o quanto quiser, mas não é cego. enquanto Snape é baixo, pálido, e com feições um tanto estranhas. James Potter é alto, e cada traço do seu rosto bonito. Sirius é da mesma forma, assim como Lupin, que apesar de ter o rosto cheio de cicatrizes, é extremamente bonito. o que ele não daria para ser lindo como eles. o que ele não daria para ter um rosto normal.
há muito tempo aceitou que jamais será considerado bonito, e jamais se sentiu bonito também, por isso, encontrou refúgio nos livros, e no conhecimento. suspirando, o garoto desce em direção à aglomeração, mas se esconde em um canto que fica perto, mas longe o suficiente dos olhares maldosos daqueles três. mais cedo, disse à professora que não queria que ela o incluísse na aula de hoje. como está adiantado nessa matéria, a mulher concordou com seu pedido.
O moreno sente sua felicidade murchar quando sente um braço rodear seus ombros e outro braço rodear sua cintura. olhando para os lados, ele vê Black e Potter, que ostentam sorrisos de canto. os olhos brilham em triunfo como se dissessem "te achamos, ranhoso e você não pode escapar".
- finalmente os seus namoradinhos te largaram! - Black murmura, estreitando os olhos brilhantes, continua:
- sabe, de todas às pessoas na escola que eu poderia pensar que iriam gostar, bem... de você! minha adorável prima, e o projeto de doninha eram às últimas pessoas que vieram na minha cabeça. não acha, Jay? o ranhoso está crescendo. - tremendo de ódio, o mais baixo trinca os dentes, e olha para frente, isso vai passar, não faça isso, não azare eles, não se meta em outra briga, você já perdeu muitos pontos por causa disso, sonserina não pode perder mais pontos. ele pensa. apesar de estar quieto, consegue escutar cada palavra maldosa que àqueles dois estão falando, e é como ser esfaqueado lentamente.
- você não estava na ala hospitalar ontem à noite. como foi que se curou? - um riso desdenhoso de James, um toque que Snape não permitiu. o ódio toma cada parte minúscula do garoto.
- foda-se você, Potter. e foda-se você Black. - enuncia cada palavra, sem olhar em seus rostos. Snape treme, bate o pé, flexiona os músculos da mão. tudo para tentar conter sua fúria crescente. James, à direita, e Sirius, à esquerda, soltam risadas escandalosas.
não adianta armar uma confusão ali, não adianta lutar, não mais.
a imagem do vira-universo lhe vem à cabeça. a ideia de fugir daquela realidade, literalmente, aos poucos não estava parecendo tão absurda.
- você tem uma boca suja demais, sabia? sua mãe não te ensinou boas maneiras? - os dois estão sérios. atormenta-lo é o passatempo favorito de Potter e Black. sentindo- se absurdamente cheio de ódio e absurdamente frágil naquele momento... ele morde o lábio inferior com força, tentando, com todas às forças não mata-los. de repente, lhe ocorreu que ele não tem um lugar ali. sua vida é horrível fora de Hogwarts e lá fora, no mundo dos bruxos, uma guerra estava prestes a iniciar. fugir, para um lugar novo, e desconhecido, é melhor do que qualquer futuro que o espera nessa realidade.
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Um ômega no universo errado ( SENDO REVISADA!)
Romance| NOTA DA AUTORA: essa história está sendo revisada, e reescrita. os capítulos que eu ainda não revisei contém alguns erros de gramática e de narração. se você não gosta desses shipps, peço que não leia essa história, vamos evitar confusões desneces...