antes
eu olho à minha volta, me sentindo meio nervoso.
— desculpa. — eu falo.
Lucius dá de ombros.
— você não tem culpa. eu conheço ela o suficiente para saber que quando Narcisa bota algo na cabeça, ninguém é capaz de faze-la mudar de ideia. — ele dá meia-volta e fica de frente para a porta do nosso salão comunal como se estivesse prestes a ir atrás dela. mas não vai. em vez disso, congela numa posição de quem parece estar de saída. espero mais um tempo, mas nada acontece.
— Você não vai atrás dela, né?
— tenho medo de levar um chute nas minhas jóias se fizer isso. — Lucius diz.
— não acho que ela vá chutar você aí, o mais provável é que ela soque uma das suas costelas. — dou uma olhada nos trabalhos da escola em cima da mesa e depois de volta para Lucius. em parte, o fato de Ciça ter saído do nosso salão comunal a essa hora foi sim culpa minha. eu fui forçado pelas circunstâncias a entrar em um duelo com James Potter, e o resultado, bem, foi o mesmo de sempre. minha amiga me encontrou na ala hospitalar, furiosa e muito preocupada, não tive tempo de esconder meus hematomas para que ela não visse.
Narcisa ficou decidida a vingar minha honra, e nem mesmo os enormes trabalhos escolares que tínhamos de fazer foram capazes de apaziguar sua fúria.
— ela me protege muito. às vezes não sei se mereço tanto amor. — comento. está mais frio hoje à noite do que o normal, eu não encontrei meu casaco em lugar nenhum, então vesti minha única camisa xadrez antes de sair do dormitório para encontrar Narcisa. arregaço as mangas e cruzo os braços; penso nos prós e contras de parar a vingança pela minha honra. por fim, decido que a segurança da amiga é mais importante.
— vem, vamos buscar a nossa ferinha. — Lucius gargalha ao ouvir isso, e passa o braço sobre o meu ombro, enquanto eu coloco o meu na sua cintura. sorrio.
— eu amo àquela mulher, mas que às vezes ela me assusta, e muito.
— vocês foram feitos um para o outro. — respondo, e interiormente sinto um pouco de inveja do amor deles, não uma inveja ruim, daquela que consome a pessoa ao ponto de deixa-la "verde" mas o tipo de inveja que me faz questionar se um dia vou ser amado dessa forma, se alguém será capaz de me amar dessa forma. não acho que exista esse alguém.
...
depois
Caminho em silêncio pelas ruas iluminadas por postes, o sol se pôs há alguns minutos. os únicos sons são os dos meus passos e de alguns bruxos que aparatam de vez em quando. eu olho para a frente, me sentindo distante. não sei para onde estou indo nem se isso importa. foi surpreendentemente fácil despistar os marotos; passei quase o dia todo perambulando pelas lojas de hogsmeade.
a temperatura cai um pouco e vejo o vapor que sai da minha respiração. mas, por algum motivo, não sinto frio. mantenho os braços cruzados e me concentro no som do cascalho esmagado debaixo dos meus pés.
paro em frente a um estabelecimento, olho para cima e vejo uma placa. mesmo no escuro, as letras brancas em negrito refletem as palavras.
cabeça de Javali
esse bar sempre teve uma má fama no meu universo, e até mesmo eu, que sempre gostei de me meter em locais suspeitos, preferia evitar esse. estreito os olhos quando a ventania trás até mim quatro cheiros distintos, consigo sentir suas presenças às minhas costas. reviro os olhos, agora sei como Narcisa se sentia quando eu e Lucius íamos atrás dela quando esta queria um pouco de paz. se bem que a paz dela consistia em causar o caos para os seus "inimigos."
— vocês são chatos. — falo, e escuto um suspiro de alívio vindo de um deles. não estou com paciência suficiente para ter uma conversa sobre minhas atitudes de mais cedo, então me viro e começo a andar, sendo seguido por eles.
— hum, Severus, querido. para onde exatamente você está indo? — James quebra o silêncio, através do seu cheiro consigo perceber que ele está se sentindo ansioso, Sirius e Remus também estão; eu paro, acabo me lembrando daquele sentimento quase primitivo que senti na primeira vez que encontrei eles, vê-los tristes me fez ficar desesperado, só conseguia pensar em acabar com a tristeza deles e nada mais, agora, estou sentindo a mesma coisa, mas não está tão intenso como naquela vez, por que algo me diz que se eu não fizer algo isso só vai piorar? droga de corpo de ômega!
irritado, me viro na direção deles. seus olhos se arregalam levemente quando olham para mim, Liam se afasta para longe; com os punhos cerrados, eu ando na direção deles, não dou tempo para que eles tenham alguma reação, puxo James pela gola de sua camisa e deposito um beijo casto nele, faço o mesmo com Remus e Sirius. encaro eles, li em um livro que alfas se sentem mais calmos quando estão perto dos seus ômegas, não sei o motivo de ter beijado eles, acho que estava com um pouquinho de saudades, coro quando percebo esse fato.
— ew, por um momento eu jurei que você ia socar esses... — olho feio para Liam que imediatamente se cala. ele levanta suas mãos em um sinal de rendição.
— vamos, vamos voltar para o castelo. — Remus beija minha testa, depois a ponta do meu nariz, James por sua vez faz um leve cafuné em mim, Sirius coloca um punhado dos meus cabelos para o lado, deixando minha nuca a mostra, um arrepio sobe pela minha espinha quando seus lábios encostam ali, deixando um beijo.
— agora podemos ir. — eles dizem ao mesmo tempo, os sorrisos brilhantes em seus rostos, e os cheiros que exalam satisfação me deixam aliviado, odeio ver eles tristes e ansiosos, talvez seja pelo fato de eu ser o ômega deles e nós termos uma conexão bizarra de almas gêmeas, o que implica que para eu ser feliz, preciso que eles estejam felizes também.
— sinceramente, se eu ganhasse um Galeão cada vez que vocês me deixam de vela, eu estaria rico. — Liam está com os braços cruzados e uma expressão irritada.
— ciúmes? piranha ruiva. — Sirius diz, o brilho ladino em seus olhos me faz crer que ele sabe que está cutucando a onça com vara curta e sabe muito bem disso. bato em seu peito. ele me olha sentido.
— tenha modos.
— escutou, não é Sirius? — uma expressão desdenhosa toma conta do rosto de Liam. — tenha modos, seu cachorro!
solto uma gargalhada quando Sirius sai correndo na direção do amigo. Remus e James saem atrás deles. balanço minha cabeça.
— terminem logo com isso, estou ficando com fome. — grito para eles. e reviro os olhos quando os dois levantam suas mãos fazendo gestos de afirmação para mim.
— esses idiotas... — sussurro para mim mesmo; eu amo até mesmo as idiotices deles, chega a ser ridículo como três pessoas podem ser tornar o centro do seu mundo em tão pouco tempo. agora entendo o que Narcisa dizia sobre o amor, você não escolhe com quem ou quando ele ocorre, e pensar que eu me apaixonei pelas pessoas mais aleatórias possíveis, se eu for completamente honesto, os marotos seriam às últimas pessoas pelas quais eu escolheria me apaixonar, mas foi impossível não me apaixonar por essas versões deles. essas versões bondosas, não arrogantes, e extraordinariamente imperfeitamente perfeitas.
| nota: sim, temos um Severus apaixonado nesse capítulo, não me julguem. atualmente ando lendo muitos romances, e essas leituras estão se refletindo nas coisas que eu escrevo. amo vocês. bebam água, e por favor, se cuidem. <3
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um ômega no universo errado ( SENDO REVISADA!)
Любовные романы| NOTA DA AUTORA: essa história está sendo revisada, e reescrita. os capítulos que eu ainda não revisei contém alguns erros de gramática e de narração. se você não gosta desses shipps, peço que não leia essa história, vamos evitar confusões desneces...