Capítulo 25

247 29 0
                                    

Nisha já estava presa nas masmorras e a antiga rainha morrera anos antes, por isso não havia mais nada a ser feito sobre aquelas descobertas. Estávamos ainda mais desconfiados sobre as pessoas que nos cercavam, porque agora havia a certeza de que os morroians tinham espiões entre os itzans.

Naqueles dias Athal e Taoma, as gêmeas de Kardama, desapareceram. A princípio fiquei agitada sobre mandar uma patrulha em busca das princesas, mas o rei de Senka não achou uma boa ideia alardar a população e estava desconfiado de que elas iriam para o território dos magos domadores. No lugar disso, mandou apenas dois soldados para encontrar as duas e contar o que estavam fazendo.

Os primeiros dias daquele novo governo foram os mais tranquilos. Naquela rotina agitada era até mesmo fácil esquecer de qualquer profecia ou que tínhamos a capacidade de nos fundirmos. Tínhamos muitos planos para Senka e até discutimos por alguns, mas no final de cada noite esquecíamos qualquer desacordo com facilidade.

Naquela manhã fui acordada por um estrondo semelhante a um trovão, mas ainda mais aterrorizante. Meu coração estava acelerado e eu sentei na cama rapidamente. Olhei para o lado e vi que o rei sombrio também estava acordado agora.

Levantei da cama e peguei um vestido para cobrir meu corpo enquanto caminhava até a janela para ver o que acontecia no céu. Kardama continuou deitado observando.

Meu coração já estava voltando ao ritmo normal quando parei em frente à janela. Aquele estrondo não era no céu, mas sim em Aruna. Muito distante, no castelo. Arregalei meus olhos enquanto começava a sentir meu corpo agitado.

— Helene — Kardama tentou me chamar quando percebeu que eu estava paralisada, mas não respondi.

Meus pensamentos estavam confusos e acelerados. Meus pais estavam no castelo. Era onde eles moravam. O que foi aquele estrondo tão alto que pôde ser ouvido de Senka? Minha casa estava sendo atacada, meu povo estava em perigo.

Dei alguns passos para me aproximar da janela sem acreditar no que estava vendo, porque queria ir até lá ajudar, mas sabia que não chegaria a tempo. Mais do que isso, eu não poderia ajudar em um ataque tão grande, com um céu tão repleto de dragões. Estendi a mão e toquei o vidro, meu território estava em perigo e eu não estava lá para enfrentar os morroians junto. O que foi aquele estrondo?

Todos os pensamentos massacravam uns aos outros ao mesmo tempo. Eu estava confusa, ansiosa, angustiada. Kardama estava falando algo, mas não consegui ouvir.

Então minha visão voltou a focar em Aruna e eu percebi: o castelo de luz não brilhava mais.

— O escudo mágico explodiu — sussurrei quando concluí o que havia sido o estrondo.

Então meu desespero aumentou. Sem o escudo mágico do castelo, meus pais estavam expostos.

— O escudo mágico explodiu — falei mais alto em desespero. — Meus pais estão expostos. Eu preciso voltar para Aruna.

— Não chegaremos a tempo — Kardama respondeu atrás de mim.

— Eu preciso tentar! Meus pais podem morrer e eu não vou ficar aqui no castelo em Senka vendo meu povo ser atacado pelos morroians.

— Helene, não podemos fazer nada... O exército itzan não está preparado para lutar contra dragões — ele explicou com a voz embargada.

Nenhum exército estava preparado para enfrentar dragões sozinho.

— Mas nós dois... — Inclinei meu corpo em sua direção com os olhos marejados e um tom de voz esperançoso.

— Não treinamos o suficiente, Helene... Nós desmaiamos quando enfrentamos um único dragão. Se arriscarmos nossas vidas lá e morrermos, todos morrerão também quando o dragão ancião vier.

O Príncipe Sombrio [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora