Capítulo 7

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A semana que se seguiu foi conforme o planejado.

Continuei servindo as refeições e qualquer coisa que pedissem fingindo não entender nada do que elas falavam. Farley e a outra garota, conversam pouco enquanto eu arrumo a mesa e eu só consigo ouvir poucas coisas, tudo inútil. Lúcio fica na porta, tentando ouvir alguma coisa, mas elas não conversam muito sobre o que fazem aqui.

- A preocupação delas é o que nós fazemos com os prateados. - Conto ao doutor Henrique enquanto estamos em uma pista de descarga.- Foi o que deu para perceber pelos olhares delas.

Soldados andam pra lá e pra cá, carregando caixas, mapas e arquivos. Um avião enorme espera tudo isso, Doutor Henrique está verificando tudo. Há muito tempo eu percebi que ele é muito mais do que um doutor, destruir a mente dos prateados é o seu trabalho principal, mas ele faz muito mais que isso. Ele é o segundo no comando.

- Previsível, não acha? - Ele pergunta preenchendo alguma coisa na prancheta. - Claro que elas teriam receio com isso, os primeiros aliados da presidente Verônica foram assim. Eles se acostumam ao nosso estilo de vida, é só uma questão de tempo e é até satisfatório.

As coisas vão passando por nós, as pessoas também. Prateados com o parasita vão primeiro, levando prateados que só estão drogados para não resistir. Eles vão receber suas funções e vão ser mandados para onde precisarem ir.

- A Farley parece ser mais relaxada, a outra que parece meio tensa. - Acrescento, mas "meio" tensa é muito pouco para descrever como aquela garota está.

Não sei se traduzi certo, mas Farley já a chamou de "garota elétrica" uma vez. Não sei se é uma gíria que eu acabei traduzindo no sentido literal, mas foi o que eu entendi. Ela fica me encarando como se quisesse saber todos os meus segredos, não diz uma palavra enquanto eu estou lá e o Lúcio já reclamou no refeitório que não consegue ouvir ela falando. Xingou tanto que a garota bateria nele se o ouvisse uma única vez.

- Uma é simplesmente mais confiante do que a outra, então? - Doutor Henrique pergunta entregando a prancheta para algum soldado que sai correndo com ela.

- É o que parece, ou o que querem que pensem. - Suponho, dando de ombros. - Talvez ela seja mais desconfiada do que a outra.

Doutor Henrique olha para mim, com aquele olhar que me pergunta "e o que você acha sobre isso?", querendo saber a minha opinião.

- Ou elas estão encenando tudo e estão planejando algo perigoso para nós ou estão agindo com cautela porque não confiam na presidente. - Respondo, observando o outro avião que está deixando coisas aqui. - De um jeito ou de outro, isso é problemático.

Ele sorri.

- Vamos mostrar a elas nossas boas intenções, que queremos a mesma coisa. - Doutor Henrique diz, olhando para algo saindo de um dos aviões. - A liberdade dos vermelhos.

Parece um caixão, mais largo e mais complexo, mas parece um caixão. É preto compactado e com trancas que parecem ser feitas de aço, reforçado como um cofre. Doutor Henrique bate o punho algumas vezes naquela tumba para avaliar, depois gesticula para que levem para dentro.

- Posso ver a curiosidade nos seus olhos, Marina. - Ele diz com a voz e o sorriso gentil de sempre. - Não é um caixão, ele vai ficar na vertical. O que eu vou pôr aqui dentro será colocado de pé.

Volto para a casa em que a Guarda Escarlate ficou hospedada, por enquanto seguindo o mesmo caminho em que levam aquela caixa, não faço ideia de para que isso seja. Mas não penso muito nisso quando percebo que a amiga da Farley está lá. Ela fica andando pela propriedade, xeretando tudo com o olhar. Lúcio quem disse, mas não tinha autorização para impedir. Os soldados que carregam a caixa param quando ela se aproxima para olhar.

A Alvorada Rubra |Fanfic de A Rainha Vermelha| EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora