Capítulo 11

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O resto da semana foi agitado, eu servi todas as refeições da presidente. Ela gosta de fazer perguntas, de onde eu vim, como vim parar aqui e como eu conheci o doutor Henrique. De vez em quando, eles comem juntos e ele mesmo responde as perguntas por mim. Em outras refeições, somos só nós duas. Ela nem procura pretextos para me chamar para perto, simplesmente me chama com perguntas sobre a minha vida e eu não sei se seria seguro mentir para a presidente.

Ainda mais com seu acompanhante permanente.

O fogaréu passa a maior parte do tempo com ela, isso quando não está “recebendo os ajustes” que o doutor Henrique disse que ele ainda precisa. 

Pelo o que deu para entender, ele não será usado para nada tão cedo. Só serve como brinquedo agora, e aposto que no frio vai ser usado como aquecedor, e não quero estar no lugar de quem terá que ver para o que ele será usado depois. Ele fica sempre a três passos de distância da presidente e em posição de descansar quando ela está parada, tenho que me virar para não esbarrar no prateado.

E fora desse interrogatório, tenho que lidar com Gisa amargurada sem soltar mais nenhuma informação extra sobre o país dela. Tudo ficou muito quieto desde que o capitão Marcos morreu, ele estava no quarto e tinha acabado de entrar na banheira quando o pequeno lustre acima dela estourou e caiu na água. 

O encontraram nu e com os olhos arregalados, caído com o lustre em seu colo.

A presidente mandou verificarem toda a fiação da mansão, Bárbara disse que até ouviu Gisa comentar sobre haver falhas na segurança dos prateados infectados por causa disso, mas Farley disse que eles nunca atacaram ninguém sem ser por ordens, então vão ficar quietos. Doutor Henrique e a presidente Verônica tomaram providências depois dessa conversa, fizeram mais exibições com outros prateados. Apenas para mostrar como eles são perfeitamente controlados e seguros. Um showzinho.

Elas ficaram mais tranquilas depois disso. E a presidente me disse que aquelas "pobres garotas" ainda têm o medo enraizado nelas, mas que em breve a "mão vermelha" as conduzirá. Todas essas conversas ao meu redor me fazem esquecer que não recebo cartas do meu pai há semanas, talvez esteja atolado demais com o trabalho. Foi o que ele disse na última vez que me enviou uma carta.

Agora, eu estou na minha cama com Magrelo no meu colo. Ele recebe banho e tosa todo o mês, ou sempre que pareça precisar. Agora está com cheiro de terra molhada e com uma coleira verde clara, meu cachorro nunca teve coleira. Geovana está tirando um cochilo na cama ao lado quando Bárbara entra sem bater. 

- Gisa e a garota que mente o nome brigaram feio no carro hoje. - Ela começa fechando a porta atrás dela. 

Geovana acorda um pouco zonza, o cabelo parece que explodiu e os olhos semicerrados, ainda perdida entre o sono e a realidade. 

- Qual foi o assunto? - Pergunto quando Magrelo desce da minha cama e salta para a do lado, dando lambidas no rosto da minha colega de quarto.

- Madeline, ou Farley, sei lá, foda-se, - Bárbara abana as mãos em desinteresse. - Ela comentou sobre as duas voltarem para Monteforte. 

- Monteforte? Que lugar é esse? - Geovana perguntou colocando meu cachorro no colo. 

- Se diz "Montfort". - Corrijo.

- E o que o pessoal de lá vai fazer se eu errar o nome deles? Me processar? Exigir minha assinatura? - Bárbara zomba. - Enfim, Madeline diz que elas já podem voltar por já saberem o bastante sobre a Mão Vermelha e que deviam informar ao resto dos oficiais no norte, mas a Gisa disse que não.

- Por quê? - Pergunto. 

- Ela disse que talvez tenha mais coisas que as duas deveriam ver aqui, mas a Farley discordou, aí a Gisa tava quase pra dar um grito e recebeu um olhar assustador da loirinha, então cruzou os braços e ficou em silêncio. Minutos depois, o motor do carro morreu e a Gisa disse que não iria esperar um mecânico. Lúcio e ela estão vindo a pé. - Bárbara termina a história. 

A Alvorada Rubra |Fanfic de A Rainha Vermelha| EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora