Mentira e Mágoa

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Lorraine estava em sua poltrona na sala, ela conversava com Roberta enquanto Catleia e Judy faziam bordados que tinham aprendido mais cedo. A campainha toca e Lorraine vai atender, ela abre a porta.

- Boa noite senhora, vim buscar a minha mulher e minha filha- O senhor Pilson falou tranquilo. Ela olha para trás, Catleia agora estava abraçada com a mãe assustada, ela volta a olhar para o homem que continuava na porta.

- Onde o Ed está? Onde meu marido está?

- Ele ficou lá, com o mecânico tentando ajeitar o carro dele, agora eu preciso ir, vamos logo.

- Filha, vamos com seu pai, ele está bem- Roberta fala acariciando os cabelos de Catleia, mesmo contra sua vontade ela vai, e ao passar por Lorraine, a garota olha para ela com os olhos marejados. A mulher puxa Catleia para perto de si.

- Ela não vai, ela vai ficar aqui comigo até resolvermos o problema que há na sua casa.

- Eu já disse que não há nenhum problema, e ela vai comigo por que é minha filha.

- Sinto muito senhor Pilson, mas eu não vou permitir que você a leve daqui.
Ele é o tipo de homem que não aceita ser contrariado, muito menos desafiado, ele segura no braço de Catleia e empurra Lorraine quase causando uma queda na mulher,  fazendo as duas se soltarem, ele sai da casa levando as duas, as colocam no carro e vão embora. Lorraine fecha a porta e senta na poltrona.

- Mamãe ele lhe machucou?

- Não filha, eu estou bem, mas não conte para o seu pai o que aconteceu, é capaz dele sair daqui na madrugada e bater lá.

- Esse homem é um louco, Catleia não merece está morando com ele, é um monstro.

- Porque está dizendo isso filha?

- Mamãe, ele empurrou a senhora e você quase caiu, se ele fez isso com você então imagina o que ele faz com elas?

- Tem razão, precisamos descobrir o que há naquela casa o quanto antes, ou descobrir se  o ponto inicial dos problemas é apenas ele.

- Vocês vão descobrir sim mamãe, não sei quando mas espero que logo, Catleia está sofrendo, o pai dela desse jeito e a mãe dela com o psicológico ruim.
Lorraine então lembrou das vezes que viu Roberta perto de Ed, mas agora ela tinha certeza que a mulher não estava bem. A mulher, Judy e Amélia já estavam na mesa de jantar quando ouviram o barulho do carro sendo estacionado na garagem, em seguida Ed entra na casa e aparece na cozinha.

- Está tudo bem? Conseguiu resolver o problema do carro?

- Sim, está tudo bem, resolvi o problema do carro também, na casa tudo parece está tranquilo- ele diz tirando seu casaco- Vou tomar banho, mas podem jantar.
Ele sobe para o quarto, as mulheres esperam por ele para jantar juntos. Minutos depois ele volta para a cozinha e se junta com elas, fazem a oração antes de começar a comer e começam a refeição, todos em silêncio. Judy queria muito falar o que tinha acontecido, mas por obediência ficou calada, o homem então quebrou o silêncio.

- Então, ele só veio buscar elas e foi embora? Ele realmente estava bem?

- Sim querido, ele só buscou elas.
Ele acreditou nela, terminaram a refeição e se retiraram. Lorraine e Judy foram para o quarto da garota, enquanto Ed estava no pequeno escritório que ele tinha montado.

- Mamãe, minhas férias estão acabando, como vocês vão fazer para resolver esse problema da família da Catleia a tempo?

- Não sei filha, sinceramente não sei, seu pai não deixa eu entrar no porão daquela casa, eu sinto que há algo lá dentro, mas não sei o que é, enfim, eu prometo a você que nós vamos resolver isso antes de ir embora. As duas ficam lendo livros.

Por volta das 22:00 Ed fecha o livro que estava lendo e desliga as luzes do pequeno quarto que fez de escritório, caminhou até a sala e desligou as luzes, subiu a escada e percebeu que o quarto da filha ainda estava com a luz acessa, ele aproximou-se devagar e olhou para dentro do quarto, Lorraine estava dormindo na cama de Judy enquanto a garota, ainda acordada, acariciava os cabelos da mãe, a garota estava conversando com ela, mesmo que a mulher já tivesse dormido.

- Ah mamãe, se eu pudesse proteger a senhora  eu faria isso, não gosto de vê-la sofrendo por não conseguir resolver um caso, prometo a você que não deixarei o senhor Pilson tocar em você novamente, eu te amo mamãe durma bem- Judy dá um beijo na cabeça da mãe e deita-se ao seu lado, Ed escuta e acha estranho, ele entra no quarto.

- Oi papai, mamãe acabou dormindo aqui.

- Vou ter que acorda-la- ele se aproxima dela- Querida? Venha para o nosso quarto. Ela acorda e levanta, o casal beija a cabeça de Judy e vão para o quarto. Os dois deitam na cama.

- Querida, realmente não aconteceu nada quando o Senhor Pilson veio aqui?

- Não querido, por que?

- Nada, só achei estranho ele não ter sido agressivo como ele geralmente é na casa dele.

- Não aconteceu nada, agora vamos dormir. Ela  repousa no peito dele, Ed desliga o abajur mas fica pensando o por que Lorraine estava escondendo algo tão sério dele. 

Dia seguinte
Ed acorda cedo, o tempo estava frio, ele pega um casaco e desce as escadas devagar, vai até a cozinha e prepara um chá. Ele pega sua xícara e fica olhando pela janela da cozinha o jardim lá fora.

- Papai, bom dia. Judy senta na cadeira enrolada no edredom.

- Filha? O que faz acordada tão cedo?

- Acordei cedo e não conseguir mais dormir.

- Quer um chá?

- Sim por favor. O homem coloca o líquido na xícara e entrega a ela sentando em sua frente, começou a encarar a garota. Ela tomou dois goles do chá e se pronunciou

- O que há de errado papai? Eu conheço esse olhar, de quem ler os pensamentos.

- Eu posso ler seu pensamento minha filha, sei que aconteceu alguma coisa ontem, e preciso que você me fale a verdade.

- Que verdade?

- O senhor Pilson veio ontem aqui, ele levou a mulher dele e a filha mas ele fez algo a mais?

- Não papai, eu estava aqui com a mamãe, ele só levou elas embora. Ele se manteve calmo, levantou e colocou sua xícara na pia, olhou novamente para o jardim e virou-se encarando ela e novo cruzando os braços.

- Judy, vou perguntar só mais uma vez, o que aconteceu ontem aqui?
Ele falou com uma voz alta e autoritária, o que fez ela estremecer na cadeira e segurar firme a xícara.

- Está bem papai, o senhor Pilson chamou a Catleia e a mãe dela para irem embora, mas a mamãe puxou Catleia pelo braço dizendo que ela não iria com ele e ele ficou alterado e empurrou a mamãe e quase derrubou ela, puxou a catleia e foi embora.
Ed sentiu a raiva subir para a sua cabeça, ele se vira e bate a mão no balcão que era de madeira fazendo os talheres que estavam encima se estrelheçar. Ele caminhou até a sala, pegou a chave do carro e saiu de casa, ligou o carro e saiu. Segundos depois Lorraine aparece na cozinha vestida com seu camisola longo de seda, e com um casaco nos ombros.

- O que aconteceu aqui? Acordei com um barulho. Ela senta na cadeira ainda coçando os olhos.

- Mamãe, acho que fiz besteira, mas não foi porque eu quiz, eu não pude mentir para o papai, tive que contar a verdade que o senhor Pilson empurrou você.

- E onde seu pai está?

- Ele pegou o carro e saiu.
Lorraine passa as mãos pelos  cabelos preocupada pois sabia que Ed as vezes não pensava antes de agir.

Não Solta A Minha MãoOnde histórias criam vida. Descubra agora