Não Solta A Minha Mão

O mal está em volta...

Judy sentiu as lágrimas invadiram-lhe o rosto, jamais pensou que seu pai pudesse fazer isso com sua mãe, logo ele que fazia questão de demonstrar todo o amor que sentía pela esposa. Ela saiu do quarto fechando a porta devagar sem fazer barulho, voltou para o seu quarto e sentou na cama chorando. Catleia saiu do banheiro e viu o estado da amiga, logo se aproximou dela e sentou-se na cama.

- Judy? O que houve?

- Eu não acredito mais no amor, eu nunca vou confiar em alguém.

- Mas porque diz isso?

- Meu pai está traindo a mamãe e aqui nessa casa.

- Aqui? Mas com quem?

- Com quem mais seria, Catleia? Com sua mãe.
A garota ficou pasma, jamais pensou algo assim de sua mãe, segurou nas mãos da amiga.

- Judy, talvez você tenha se precipitado, como você sabe a mamãe está tomando alguns remédios e isso deixa ela um pouco....

- Drogada?

- Não- ela exclamou em alto tom- Minha mãe não é uma drogada, ela apenas faz uso de remédios para conseguir dormir, você não sabe o que a gente passa em casa. Ela abaixa a cabeça segurando as lágrimas.

- Desculpa - ela segura a mão de Catleia.

- Eu não quero perder sua amizade, Judy, você é muito importante pra mim.

- Não vamos deixar de ser amigas, nós não temos culpa dos atos deles.

- Vou pedir a dona Amélia para fazer os biscoitos que você gosta. Catleia sai do quarto.
Mais tarde por volta das 16:30, Ed acorda ainda sentindo-se cansado, abriu os olhos e ainda sem se mover sentiu um corpo quente abraçado ao seu, lembrou que Lorraine estava no hospital, olhou para o seu lado e viu que Roberta dormia, ele sentou-se na cama rápido acordando ela.

- O que houve?
Roberta pergunta ainda despertando do sono.

- Eu que pergunto, o que você fazia aqui deitada comigo?
Ela olhou para a cama e passou a mão pelo rosto.

- Eu não sei, estava com sono e não lembro de nada. Ed ficou pensativo, não queria imaginar que tivesse acontecido algo entre eles, mas ele saberia se tivesse acontecido.

- Vou ver como está as meninas- Roberta saiu do quarto, o homem olhou a hora e passou a mão pelo rosto, foi para o banheiro tomar banho. Quando Roberta chega na cozinha, encontra Judy e Catleia comendo biscoitos e Amélia contando algo engraçado para elas. A mulher sentou e pegou um biscoito, Catleia olhou para a mãe e abaixou a cabeça, Judy evitou olhar para a mulher.

- Aconteceu alguma coisa?
As garotas ficaram caladas.

- Não senhora- Amélia respondeu, Judy levantou e foi para o quarto.

- O que houve com sua amiga, minha filha?

- Não sei mamãe, deve está preocupada com a mãe dela que saiu ontem e ainda não voltou.

- Lorraine está no hospital, sofreu um acidente na nossa casa.

- Meu Deus, mas ela está bem?

- Não tenho informações sobre o estado dela.
Judy estava em seu quarto, quando escutou um barulho de algo caindo no quarto de seu pai, ela saiu do quarto e foi até o quarto dele. Ela bateu na porta

- Está aberta. Judy abriu a porta, seu pai estava sentado na cama ajeitando algo que tinha derrubado, ele colocou encima do criado mudo e virou-se para a filha ainda sentado.

- Filha, queria mesmo falar com você, cheguei mais cedo tão cansado que só queria dormir, senta aqui- ele bateu na cama mas ela sentou na cadeira perto da penteadeira, ele estranhou.

- Está bom aqui pai, onde está a mamãe?

- No hospital...

- O que?- ela levantou- O que aconteceu com ela?

- Calma Judy, ela sofreu um acidente..

- O que? Não pode ser, minha mãe...
Ela começa a chorar, Ed sentou ela na cama e sentou em seu lado.

- Calma minha filha...

- Como isso aconteceu, pai?

- Ela estava na casa dos Pilsons, mais precisamente no porão, não sei como aconteceu mas ela caiu da escada e agora está em coma.
Judy chorava, Ed a abraçou acariciando os cabelos da filha

- Ela vai ficar bem meu amor, não fique assim. A menina levantou-se e se afastou do homem, tomada pela raiva e sem medir suas palavras ela feriu seu pai

- Enquanto a mamãe está em uma cama de hospital você está na cama com outra mulher, mamãe não merece isso.
Ed levantou e segurou ela pelo braço assim que ela virou para sair.

- Como ousa falar dessa maneira comigo? Onde está a educação lhe ensinei?

- Eu só disse a verdade, agora mesmo que não acredito mais no amor, você jurou tanto seu amor pela mamãe e traiu ela.
Ele sentou ela na cama e segurou os dois braços dela

- Judy presta atenção no que vou falar, eu amo sua mãe mais que a minha vida, sua mãe e você é tudo o que eu tenho, eu jamais trairia sua mãe...

- E o que explica você está deitado com a senhora Roberta?
Aos poucos ele foi abaixando a cabeça, sem argumentos ele foi soltando Judy aos poucos, como ele explicaria para ela o que nem ele mesmo entende o que aconteceu. Judy saiu correndo do quarto enquanto Ed continuou de joelhos no chão. A garota chegou no quarto e Catleia já estava lá.

- Onde estava?

- No quarto do papai- ela diz enxugando as lágrimas.

- Então já sabe o que aconteceu com sua mãe né?- Judy confirma com a cabeça- mamãe acabou de me contar, mas olha sua mãe vai ficar bem, tenha fé.

- Eu tenho fé, mas também tenho medo de que ela...

- Não Judy, não pense isso, sua mãe vai ficar bem. As duas se abraçam

- Briguei com meu pai, eu acabei dizendo que vi ele com sua mãe na cama.

- E o que ele disse?

- Nada, eu estava certa, meu pai está traindo minha mãe, e justamente com sua mãe. Catleia de uma certa forma ficou se sentindo culpada, mesmo que não tenha nada haver com as atitudes da mãe. Catleia sai do quarto indo para a sala, Judy vai até a cozinha beber água, ela não percebe a presença de Roberta, enquanto bebia água ela olhava o jardim pela janela.

- Tadinha das plantinhas, estão sem cuidados, vão acabar morrendo...

- Mas é ordem de seu pai que não saímos de casa nem mesmo para ir no jardim.
Judy se vira rápidamente fitando a mulher sentindo muita raiva.

- Menina, o que há com você?

- Eu não sou uma menina, já sou uma adolescente e sei muito bem o que se passa entre você e meu pai...
Catleia entra na cozinha e Roberta se põe a falar

- Judy, não tire conclusões precipitadas, seu pai estava muito cansado e eu....- ela mordeu o lábio pensando no que falaria

- Estava cansada também? Ora por favor, você não trabalha, está aqui a favor Já faz dias, você está se aproveitando da situação de minha mãe para ficar com meu pai, mas isso não vai ficar assim, eu não vou permitir que vocês dois traem ela enquanto ela está no hospital lutando pela vida.
Catleia se mete na frente de Judy

- Não fale assim com minha mãe- ela exclamou alterada. Judy não disse mais nada, apenas subiu para o quarto, Roberta abraçou a filha. Pouco tempo depois Ed aparece na cozinha, ele não tinha escutado nada da discussão.

- Irei até o hospital, não abram a porta para ninguém. Roberta apenas confirmou com a cabeça e o homem saiu.

- Filha, vou tomar um banho- Roberta sai da cozinha, Catleia foi para a sala e sentou no sofá observando o tempo pela janela quando de longe ela viu o carro se seu pai se aproximar da casa.