Capítulo 065

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À sua frente, o prédio. Manoela conferiu o papel com o endereço anotado. Na outra mão o vale desconto no valor de cem dólares.

"Merda!"

Brinde esse que seria repassado para a cliente e seria descontado no salário da cozinheira. Por isso a chateação.

Estacionado próximo à calçada, um carro preto que foi ofuscado pela beleza e elegância de uma mulher que chegava no sentido contrário. Caminhava rápido, como se sua vida dependesse disso.

"Puta que o pariu! Vir aqui falar com aquele desgraçado." — mas fora uma ordem direta, dada por Roberto, o presidente da empresa. Alguém de quem ela tinha um conceito já definido: — "Bicha!"

Ela parou diante da portaria do prédio, próxima de Manoela, mas a ignorando por completo, e conferiu o endereço.

"Lugar lixo, para um funcionário lixo. É aqui mesmo."

E entraram quase juntas. Naquele instante, dois homens desciam rapidamente pelas escadarias. Elas repararam, mas sem dar muita importância.

No quarto andar do edifício, no apartamento da senhora Ana Paula, Déboras descia cautelosamente para o seu andar. Ela ajudara a idosa com algumas coisas, mas após ouvir um murmúrio e correria, resolveu voltar para casa. Aquele tipo de coisa: as sensações de insegurança e incertezas, que ela vivenciara com frequência no país de onde viera. Foi por isso também que fugiram.

"Que estará acontecendo?"

A garota já estava no terceiro andar, quando sentiu um pesar no coração. Caminhou acelerado, mas em silêncio, pelo corredor e pegou o último lance de escadas. Agora estava em seu andar. Sabia que havia demorado na residência da senhora Ana Paula, mas ela foi tão agradável, que não resistiu em sentar um pouco e tomar um suco. Mas tinha certeza que, naquele horário, irmão e cunhada já estavam em casa.

"E faz tempo."

Lentamente se aproximou da porta aberta do apartamento, ainda ouvindo passos pelas escadas. A luz amarelada iluminava o corredor, e a garota sentiu um baque quando, do lado de fora, visualizou os corpos caídos sobre poças de sangue. Em choque, ela continuou caminhando até o apartamento ao lado e, mecanicamente, batia à porta. Um apartamento depois onde a batidas aconteciam, Melissa ouviu parte da confusão. Ela pegou sua arma, uma magnum calibre 44, e a prendeu na parte de trás de seu minúsculo shortinho. Com cautela, abriu a porta e viu a garota esmurrando a porta. Queria chama-la, mas havia a preocupação em saber exatamente o que acontecia. Na sequência viu outras duas mulheres chegando àquele andar. Ambas perceberam que acontecera algo grave por ali, e viram a moça, com a cabeça recostada à porta, batendo de forma descoordenada. Às três se achegaram à garota, quando o som de sirenes tomou o lugar. Novo barulho de tropel e socorristas chegaram. Eram um enfermeiro e uma médica, passando direto para a residência. Em minutos a médica voltou, pois percebera o pequeno grupo nas proximidades. Ao se aproximar, viu a garota chorando copiosamente, e quando iria perguntar algo, a porta do apartamento se abriu, e o rapaz viu as cinco mulheres paradas na sua entrada.

BOIN - Amor das ProfundezasOnde histórias criam vida. Descubra agora