Foi tudo muito rápido e, a impressão que ele teve foi a de que mal fechara os olhos e bateram em sua porta. E eram batidas insistentes, que não paravam, por isso não teve como ignorar. Se levantou e, muito a contra gosto, chamou-a:
— Acorda! — A sacudia sem conseguir despertá-la. — Acorda!
Ficou de pé, procurou o short e o vestiu, e voltou a ela.
— Ei! Acorda!
Inúteis tentativas. Enquanto, na porta, as batidas continuavam. Então botou a mão na cabeça, tentando se lembrar de algo e quando se lembrou, pronunciou:
— Boin! — de imediato ela abriu um olho, mas não tinha certeza quanto ao que ouviu, ou ao que acontecia, ou a qualquer outra coisa. Por isso permaneceu imóvel. — Boin! Levanta!
A incerteza fora vencida.
— Você está... me... chamando?
Foi com alguma dificuldade que ela se virou para o outro lado.
— Estou! Anda, criatura!
Ela achou cômico a forma como ele falou aquilo, mas não riu.
— Como você sabe o meu nome? E o que que tá acontecendo?
— Vi o seu nome nas suas costas. À propósito, o meu nome é Pedro. E tem alguma coisa acontecendo do lado de fora.
— Pedro. Pedro. Pedro. Sempre têm coisas acontecendo. No mundo inteiro, Pedro.
— Você não entendeu. — ele vestia a bermuda. — É algo que certamente virá até nós. Ouvi uns barulhos estranhos.
— E isso é ruim?
Para responder, ele considerou o lado demoníaco, o que seria suficiente.
— Para mim pode ser péssimo.
O rapaz foi até a sala e, pela fresta da cortina, viu as luzes vermelhas e azuis, refletindo no forro do teto.
No quarto, Boin se sentou na cama sentindo um pouco de curiosidade.
— Talvez eu possa fazer algo.
Voltando ao quarto ele ouviu a proposta, mas já tinha outra ideia:
— Talvez seja melhor não fazermos nada.
Pedro foi até ela, ainda com um desejo velado e, olhando no fundo de seus olhos, a acariciou. A forma como ele agiu a incomodou um pouco, e ela hesitou em falar e agir, devolvendo um olhar analítico ao rapaz.
— Pedro...
E mais batidas na porta.
— Depois você fala. Agora me ouça: se importaria de ficar dentro do armário no quarto trancado? É só até eu verificar o que querem.
— Eu posso... eu posso...
E por causa desse desnorteio, ela se lançou contra a parede para atravessá-la. Foi quando afundou a cara, marcando a alvenaria. Pedro correu até ela.
— O que foi? Está tudo bem?
Perguntou enquanto limpava-lhe o rosto, cabelos e chifres. Novamente ela hesitou com o cuidado dele.
— Não sei ao certo.
Com cuidado ele a acompanhou, saindo do quarto, passando o corredor, destrancando a porta do outro quarto e abrindo o armário. Durante o trajeto viu novamente o quanto ela era pequena.
— Fica aqui dentro. Eu já volto.
E trancou a porta, indo para a entrada do apartamento. Quando destrancou e puxou a porta da sala, um grupo de mulheres olhou para ele e entrou. Ele nem teve tempo de perguntar nada. Mas reconheceu a vizinha do apartamento ao lado e estranhou ela estar vestindo blusinha e shortinho. Também reconheceu Mirtis que, ao menos por aquele momento, não lhe afrontava. As demais garotas nunca as tinha visto. E claro, reconheceu Déboras, a moradora do apartamento à direita. Esta chorava.
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BOIN - Amor das Profundezas
RomanceMissões, missões, missões. Boin se entediava, tanto com o tempo gasto, como com o seu papel nelas. Por isso que nelas, buscava se distrair de todas as formas, mas nem sempre conseguia. É quando conhece Pedro. Não! Espera... Ela não conhece Pedro, el...