Capítulo 066

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Foi tudo muito rápido e, a impressão que ele teve foi a de que mal fechara os olhos e bateram em sua porta. E eram batidas insistentes, que não paravam, por isso não teve como ignorar. Se levantou e, muito a contra gosto, chamou-a:

— Acorda! — A sacudia sem conseguir despertá-la. — Acorda!

Ficou de pé, procurou o short e o vestiu, e voltou a ela.

— Ei! Acorda!

Inúteis tentativas. Enquanto, na porta, as batidas continuavam. Então botou a mão na cabeça, tentando se lembrar de algo e quando se lembrou, pronunciou:

— Boin! — de imediato ela abriu um olho, mas não tinha certeza quanto ao que ouviu, ou ao que acontecia, ou a qualquer outra coisa. Por isso permaneceu imóvel. — Boin! Levanta!

A incerteza fora vencida.

— Você está... me... chamando?

Foi com alguma dificuldade que ela se virou para o outro lado.

— Estou! Anda, criatura!

Ela achou cômico a forma como ele falou aquilo, mas não riu.

— Como você sabe o meu nome? E o que que tá acontecendo?

— Vi o seu nome nas suas costas. À propósito, o meu nome é Pedro. E tem alguma coisa acontecendo do lado de fora.

— Pedro. Pedro. Pedro. Sempre têm coisas acontecendo. No mundo inteiro, Pedro.

— Você não entendeu. — ele vestia a bermuda. — É algo que certamente virá até nós. Ouvi uns barulhos estranhos.

— E isso é ruim?

Para responder, ele considerou o lado demoníaco, o que seria suficiente.

— Para mim pode ser péssimo.

O rapaz foi até a sala e, pela fresta da cortina, viu as luzes vermelhas e azuis, refletindo no forro do teto.

No quarto, Boin se sentou na cama sentindo um pouco de curiosidade.

— Talvez eu possa fazer algo.

Voltando ao quarto ele ouviu a proposta, mas já tinha outra ideia:

— Talvez seja melhor não fazermos nada.

Pedro foi até ela, ainda com um desejo velado e, olhando no fundo de seus olhos, a acariciou. A forma como ele agiu a incomodou um pouco, e ela hesitou em falar e agir, devolvendo um olhar analítico ao rapaz.

— Pedro...

E mais batidas na porta.

— Depois você fala. Agora me ouça: se importaria de ficar dentro do armário no quarto trancado? É só até eu verificar o que querem.

— Eu posso... eu posso...

E por causa desse desnorteio, ela se lançou contra a parede para atravessá-la. Foi quando afundou a cara, marcando a alvenaria. Pedro correu até ela.

— O que foi? Está tudo bem?

Perguntou enquanto limpava-lhe o rosto, cabelos e chifres. Novamente ela hesitou com o cuidado dele.

— Não sei ao certo.

Com cuidado ele a acompanhou, saindo do quarto, passando o corredor, destrancando a porta do outro quarto e abrindo o armário. Durante o trajeto viu novamente o quanto ela era pequena.

— Fica aqui dentro. Eu já volto.

E trancou a porta, indo para a entrada do apartamento. Quando destrancou e puxou a porta da sala, um grupo de mulheres olhou para ele e entrou. Ele nem teve tempo de perguntar nada. Mas reconheceu a vizinha do apartamento ao lado e estranhou ela estar vestindo blusinha e shortinho. Também reconheceu Mirtis que, ao menos por aquele momento, não lhe afrontava. As demais garotas nunca as tinha visto. E claro, reconheceu Déboras, a moradora do apartamento à direita. Esta chorava.

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⏰ Última atualização: May 03, 2023 ⏰

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BOIN - Amor das ProfundezasOnde histórias criam vida. Descubra agora