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Foi com certa dose de bem estar, e preocupação, que ela se teletransportou ao Abismo. Estranhamente tinha vontade de sorrir, mas não o fez. Apareceu instantaneamente na ponta da projeção sobre o buraco, de onde seus olhos negros refletiam a claridade longínqua, como se fossem dois grãos de areia. Algo lá embaixo a encantava. Se sentou cruzando as pernas e agora repassava o acontecido.

"Que loucura"

Porque ela pensava assim? Porque sim. Ela reconhecera aquele lugar. Sabia bem onde estivera, e não foi apenas uma ou duas vezes. Ali era quase o seu berço. Mas não queria lembrar dessa época. Não por agora. Queria mesmo era tentar entender o que se passava.

"Como aquele humano conseguia acessar aqueles lugares que eram reservados apenas a quem era de lá, ou aos mortos? Teria ele alguma vinculação? Porque eu não senti qualquer outra entidade por perto?"

Eram dúvidas muito pontuais e que seriam de difícil resolução. Não havia para quem perguntar. O ideal seria um gestor do setor responsável. Mas ela não conseguiria se teletransportar para o Paraíso e, caso conseguisse, seria erradicada antes que abrisse a boca. Logo ela sentiu uma leve coceira no ombro, mas nem olhou. Ela sabia que era a estrela. O que ela não sabia porque não viu, era que agora havia um pouco mais de energia.

Continuou imersa em seus pensamentos, que se traduziam em uma dúvida:

"O que faço agora?"

BOIN - Amor das ProfundezasOnde histórias criam vida. Descubra agora