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A ambulância seguia para a central após uma manutenção no retrovisor. Sentada ao lado de Moma, Samara tinha alguns pensamentos preocupantes quanto ao seu futuro:

"Se eu for denunciada, acabou a minha carreira."

Não diferentemente, o motorista também raciocinava:

"Se alguém morrer nas mãos dessa noiada, é certo que vai respingar em mim. Aí acabou trabalho, acabou casamento. E estava tudo indo tão tranquilo." — Lamentou.

Ele manobrou a viatura e estacionou na baia. Mecanicamente avisou:

— Vou checar o estoque de materiais de socorro.

Samara pegou um cesto e uma lista na traseira da ambulância:

— Vou repor o estoque de medicamentos.

A frase foi como uma pancada no cérebro de Moma:

"Vai repor o estoque da ambulância ou o seu?" — Quase falou, mas nada respondeu.

Chegando ao depósito, juntou outro folha à listagem da viatura, e entregou ao responsável. Ele conferiu e não se deu conta do golpe. Pegou o cesto e a listagem e, caminhando entre as prateleiras, a encheu.

— Obrigada!

— Por nada.

Ainda próxima do depósito, entrou no banheiro e ali retirou os seus medicamentos, deixando apenas os da ambulância. Abriu o frasco de um forte estimulante e pegou um comprimido:

— Dose dupla hoje para aguentar o chato do Moma. — Achou estranho dizer aquilo a si mesma.

Pegou dois comprimidos, colocou na boca e ingeriu com água da torneira.

— A madrugada vai ser foda.

BOIN - Amor das ProfundezasOnde histórias criam vida. Descubra agora