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Com a melhora financeira da família, Déboras resolveu procurar algo para ganhar dinheiro. Ela não se sentia bem apenas cuidando das coisas no apartamento. Na manhã seguinte saiu em busca de algum trabalho, mas esbarrou em um detalhe: ser menor de idade. Ela constatou a dificuldade ao passar a manhã caminhando à procura, e nada encontrar. Agora, estava sentada em um banco de praça, repondo as energias. Em poucos minutos sentou outra moça ao seu lado. Ela era branca e de olhos claros, com um piercing na narina esquerda. Trajava jeans rasgado, blusa branca mostrando o umbigo e tênis baixo. Era bem bonita.

— Que dia quente, heim?!

— Nem fala.

— Desse jeito é capaz que chova.

— Será? — A morena olhou para o céu.

— Meu nome é Alessandra, e o seu?

— Déboras.

— Uau! Você é francesa? Que nome lindo.

— Não! Definitivamente não sou francesa.

Ambas riram.

— E o que tá fazendo? — Alessandra tirou o chiclete da boca e jogou na lixeira ao lado do banco.

— Tava procurando algum serviço.

— Mas é super difícil serviço pra gente na nossa idade.

Então chegou outra garota. Essa negra e com longos cabelos cacheados. A blusinha amarela deixava expostos braços firmes e pouco definidos. O short jeans curto, com barras dobradas, deixava suas coxas grossas e torneadas, livres para qualquer um ver.

— Alessandra, vim pegar minha parte. — Ela parou ao lado de ambas, falando sem qualquer cerimônia.

A garota pegou um pequeno maço do bolso e contou:

— Toma. 30 Dólares. E obrigado, Shirley.

— Valeu! — ela pegou o dinheiro e conferiu. — Foi difícil?

— Não. Até gostei. Ele foi muito gentil comigo. Estranhei foi ele não ter pedido o meu telefone.

— Ah, isso é fácil, Alê. Ele tem preferência por garotas negras. Como ele tava precisando muito e eu não podia ir, te indiquei. Ele perguntou como você era e passei suas características. Ele pensou um pouco e aceitou.

— Se ele curte negras e me aceitou, então tava numa necessidade só.

— Sim. Tem quase dois anos que conheço ele e acho que essa foi a terceira ou quarta vez que ele ficou com uma garota branca. É por causa da época de provas no colégio.

— Hummm... isso explica tudo. Se tiver outros, pode me indicar, tudo bem?

— Tá! Eu vou nessa que já estou atrasada.

— Mais um?

— Sim. Tive prova no primeiro horário, e marquei para logo depois. Tenho 10 minutos para estar na via leste. Tchau.

E saiu deixando ambas.

Alessandra pegou o celular e conferia algumas mensagens, sob o olhar atento de Déboras.

— O que vocês fazem para conseguir dinheiro?

— Quer mesmo saber? — A loira sorriu já imaginando a reação.

BOIN - Amor das ProfundezasOnde histórias criam vida. Descubra agora