Heart To Heart | Hwang Hyunjin [HIATUS]

vinte e três | hana

Parecia que uma trilha sonora melancólica soava enquanto meus passos ecoavam pelos corredores quase que vazios daquele hospital. Meu coração batia tão forte em meu peito que era possível alguém o ouvir somente por chegar perto de mim, eu estava nervosa e tinha medo de não conseguir lidar com o que estava prestes a acontecer nos próximos minutos.

Aquela era a Ala infantil, um local que eu conhecia muito bem já que sempre ficava doente na minha infância. Apesar das memórias, hoje eu visitaria alguém que não vejo há um bom tempo e precisava de forças para não chorar de repente.

— Hannah — disse Eric ao me ver, ele estava em uma ligação e parou imediatamente quando eu me aproximei. — não pensei que iria vir tão cedo.

— Eu precisava vir o quanto antes — respondi cruzando os braços. — onde ela está? Como ela está?

— Está no quarto, mas eu acredito que ainda está dormindo por causa dos remédios.

— Eu posso vê-la?

— Claro, me acompanhe. — Eric me respondeu e começamos a andar pelos corredores daquele hospital.

O quarto onde Erin estava não ficava tão longe, foi possível chegar até ele em menos de três minutos. Nesse curto período de tempo eu senti o meu coração parar de bater diversas vezes por conta da ansiedade de reencontrar aquela garotinha, mas também pelo medo de ver com os meus próprios olhos o estado em que ela se encontrava.

Quando eu entrei naquele quarto ao lado de Eric, eu me deparei com a pequena Erin Son que dormia tranquilamente em cima daquela cama grande demais para o seu corpinho frágil. Ela deveria estar com onze anos, mas por conta da doença, seu corpo não parecia ter se desenvolvido para que ela parecesse uma criança com tal idade.

Eu quis chorar, mas me contive, pois eu deveria estar feliz de ter a oportunidade de ver aquela garotinha novamente.

— Hannah, eu preciso fazer uma ligação. Me avise se ela acordar. — disse Eric saindo da sala tão rápido quanto entrou. Também estava sendo difícil para ele ver a irmã naquele estado.

Eu me sentei em uma poltrona ao lado da cama e olhei bem para o rostinho de Erin. Eu lembrava que ela era sorridente e alegre, apesar dos remédios e consultas chatas. Lembrei até de quando eu a acompanhava para as consultas com Eric e quase éramos expulsos porque a fazíamos gargalhar durante as sessões de quimioterapia e isso atrapalhava muita gente que também estava fazendo o tratamento.

Eu tenho incontáveis lembranças com Erin, todas elas tinham Eric no meio, eram felizes e pareciam um sonho totalmente fora da nossa realidade. Essas lembranças são a parte mais feliz da minha adolescência.

Segurei a mão pequena de Erin com cuidado para não acordá-la, mas falhei porque a garotinha imediatamente fez uma careta e abriu os olhinhos aos poucos.

— Calma, não se esforce — disse quando Erin tentou se sentar na cama.

Seus olhinhos confusos pararam em mim quando tentei impedi-la de se esforçar daquele jeito.

Já fazem quase quatro anos que eu não vejo Erin, eu tinha medo que ela esquecesse de mim e provavelmente o olhar confuso dela comprovava isso.

— Hannah?

Meus ombros caíram em alívio e eu suspirei.

— Little sunshine... — sorri com os olhos marejados.

— Hannah, é você mesmo? — a mãozinha pequena tocou o meu rosto.

— Sou eu sim, Erin — deixei que as lágrimas caíssem e não consegui me conter. Abracei Erin com tanto cuidado, tanta delicadeza, como se ela fosse uma bonequinha de vidro.